O calendário marca oito de março de dois mil e dezasseis. Não sei se já sabem, mas é o dia internacional da mulher. Agora que já sabem deixem-me recuar uns anos na história e contar-vos uma pequena história.
O dia 8 de Março de 1857 foi um dia incomum em Nova Iorque. Um grupo de trabalhadoras de uma empresa têxtil decidiu protestar e fazer uma greve geral. Não exigiam muito: a redução das 16 horas diárias de trabalho para 10 horas, o salário igual ao dos homens (estavam a ganhar 1/3 do que os homens ganhavam, a fazer o mesmo trabalho) e queriam condições dignas no ambiente de trabalho. Era só isso que este grupo de mulheres exigia, nada mais do que o justo. No entanto, não era isso que lhes queriam dar. Não foi isso que lhes deram. Ao invés de as ouvir e respeitar, trancaram-nas dentro da fábrica e incendiaram a fábrica. Este acto cobarde teve como resultado a morte de 130 (!) mulheres. Cento e trinta mulheres morreram queimadas porque levantaram as suas vozes para protestar contra o abuso que sofriam.
É esta a origem deste dia. Celebrar 130 mulheres trabalhadoras que foram mortas como se fossem pedaços de cartão que estava a estorvar, como se não fossem pessoas, como se não fossem ninguém. O meu apreço e respeito por estas mulheres, pela coragem que tiveram e que infelizmente lhes roubou tão desumanamente a vida, é incalculável.
Passaram 159 anos desde esse dia mas ainda hoje as mulheres são vistas como seres inferiores. Costumo dizer que ser mulher ainda é muito difícil. E é. Ser mulher dá trabalho. Tantos anos depois e continuamos a viver num mundo machista e misógino. Tenho repulsa e nojo de quem despreza as mulheres por serem mulheres, de quem ataca as mulheres por serem mulheres, de quem subjuga as mulheres, de quem as considera inferiores.
Neste dia não são flores que quero porque nasci mulher. Neste dia quero respeito porque sou mulher. Quero respeito para mim e quero respeito para todas as mulheres, independentemente de quem são, da cor da pele, de onde são, do que fazem, do que dizem, do que vestem, da profissão que têm. Quero respeito para todas as mulheres. Aliás, eu já não quero nem peço respeito. Exijo-o! Não exijo respeito "porque podia ser a tua mãe ou irmã". Exijo respeito porque sou uma pessoa. Porque as mulheres são pessoas. Simplesmente por isso.
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