sábado, 14 de novembro de 2015

Nous sommes avec vous

Acordei com um sentimento de revolta a pensar que talvez tudo tivesse sido um pesadelo e nada disto tivesse acontecido. Infelizmente aconteceu. A França está de luto e nós também, pelas vidas inocentes que ontem foram roubadas em nome do poder a todos os custos e sem meias medidas. O ataque de ontem é repugnante, é triste e desolador. Tudo a acontecer aqui tão perto. Em dias destes o pior do ser humano tem destaque. Não consigo ainda conceber esta ideia de Paris em silêncio e com as luzes apagadas. Não consigo entender que alguém tenha coragem de matar outro ser humano.
Hoje acordei com o coração apertado porque podia ser eu ou alguém que eu conhecesse. Em nome de quê? Com que objectivo? No fim, chegamos todos ao mesmo sítio. No fim a morte espera-nos a todos mas ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém. A todos os familiares das vítimas da noite de ontem as minhas sinceras condolências. La mort n'est rien

La mort n'est rien
Je suis simplement passé dans la pièce à côté.
Je suis moi. Tu es toi.
Ce que nous étions l'un pour l'autre, nous le sommes toujours.
Danne-moi le nom que tu m'a toujours donné.
Parle-moi comme tu l'as toujours fait.
N'emploie pas de ton différent.

Ne prends pas un air solennel ou triste-
Continue à rire de ces petites choses qui nous amusaint tant...
Vis. Souris. Pense à moi. Prie pour moi.
Que mon nom soit toujours prononcé à la maison comme
il l'a toujours été.
Sans emphase d'aucune sorte et sans trace d'ombre.

La vie signifie ce qu'elle a toujours signifié.
Elle reste ce qu'elle a toujours été. Le fil n'est pas coupé.
Pourquoi serais-je hors de ta pensée,
Simplement parce que je suis hors de ta vue?
Je t'attends. Je ne suis pas loin.
Juste de l'autre côté du chemin.
Tu vois, tout est bien.

La mort n'est rien - Henry Scott Holland

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sétima Arte | Django Unchained

Há filmes. Depois há o Django. É óbvio que esta distinção merece ser feita. Senão vejamos: o filme é de Tarantino e no elenco temos os monstros Leonardo DiCaprio, Jammie Foxx, Christopher Waltz, Sammuel L Jackson e Kerry Washington. Podia nem acrescentar mais nada e acho que vocês já tinham percebido que é, com toda a certeza, um filme memorável. Quem ainda não viu pode até assustar-se com os 165 minutos de duração, parece muito tempo para um filme. E provavelmente seria, se não fosse de Tarantino.
Não vou dizer que é um filme que vai agradar unicamente aos admiradores e fãs de Tarantino, não. Seria injusto limitar assim uma obra-de-arte. Acredito que, mesmo para aqueles que não apreciam este tipo de filmes, seja um grande filme. No entanto, para os que apreciam o estilo tão singular de Tarantino (é impossível não identificar um dos seus filmes), este filme é bem capaz de os deixar em êxtase. Como me deixou a mim.
Não sei se sou a única a pensar assim, mas eu penso que Hollywood tem medo de tocar no tema da escravatura. Quando o faz é de forma muito sensível e sempre com a ideia de abolição e de liberdade presente. Não quero dizer que esteja mal, e eu entendo porque é um tema realmente sensível, mas isto leva-me a pensar que só Quentin Tarantino podia pegar num tema tão delicado e que facilmente é interpretado de 20 formas diferentes (nem sempre positivas) e fazer uma obra-de-arte que mistura acção, comédia e suspense como Django. Sim, há muitos momentos cómicos durante estas 2 horas e 45 minutos.
Já todos sabemos também que se há alguém que consegue transformar os actores na melhor versão de si próprios é, claramente, Tarantino. Voltou a fazê-lo. As interpretações são soberbas e é daquelas situações em que é impossível destacar alguém porque se o fizesse era uma injustiça para os restantes. Leonardo DiCaprio, no papel de Calvin Candie - proprietário da Candieland, uma plantação de algodão no racista Mississipi-, dá aquilo a que já nos habituou em todo os filmes que participa, uma interpretação inesquecível, onde vai de um desprezível menino bonito com demasiadas tendências racistas a ser um dos vilões mais épicos de Hollywood dos últimos anos; há uma cena memorável em que ele parte um copo e fica a sangrar, o que muita gente não sabe é que ele cortou mesmo a mão e sangrou de verdade, só que não quis parar e continuou a ser brilhante (what's not to love about this guy?). Jammie Foxx, o nosso Django, também não podia estar melhor na pele de um tímido escravo que depois de um fortuito encontro com Dr. Schultz, se torna no mais rápido pistoleiro do sul, mas sendo sempre um eterno apaixonado que faz tudo para recuperar a sua mulher, de quem o separaram - consegue ser cómico quando deseja, charmoso sempre que quer e detestável quando precisa. Não consigo esquecer os momentos em que tem de interpretar um esclavagista, o que para ele só é tolerável porque tem de recuperar Broomhilda. Christopher Waltz tem, para mim, no Dr. King Schultz, a interpretação da sua vida - um alemão, dentista sem exercer e caçador de prémios, que abomina a escravatura e que sente uma grande compaixão pela história de Django e Broomhilda, ao ponto de arriscar a sua vida para os ajudar a ficar juntos. É extremamente divertido e é impossível não gostar dele. Samuel L Jackson é o detestável Stephen, o fiel servo de Candie já de idade avançada e que é demoníaco - não conseguimos desenvolver nenhum carinho por este homem, bem pelo contrário. Tem uma interpretação perfeita, não tenho absolutamente nada a apontar! Kerry Washington cumpre muito bem o seu papel de Broomhilda, uma escrava que tem as suas marcas por todo o corpo e é dramática sempre que tem de o ser, sem exageros. 
Para além dos desempenhos brilhantes deste elenco de luxo, e para completar a obra-de-arte, há um argumento fabuloso com diálogos brutais e duros, mas também cómicos - acho que é por este dom que Tarentino consegue oferecer-nos o melhor dos seus actores. A banda sonora também merece um grande destaque, é como se fosse uma personagem porque é impossível imaginar o filme sem ela, mas tem um grave problema: é que acaba. A sério, mesmo que não queiram ver o filme (mas vejam!) ouçam com atenção a banda sonora porque é sublime.
Sem dúvida nenhuma, Django é um dos melhores filmes dos últimos anos e que nos consegue entreter com a maior das facilidades durante 2 horas e 45 minutos. Com a marca indelével de Tarantino, as interpretações perfeitas de um elenco maravilhoso, uma banda sonora de chorar porque acaba e um argumento de fazer inveja, temos horas garantidas de puro deleite e de uma experiência cinematográfica única. São estes filmes que me fazem ser fascinada por cinema e entender que quando um filme começa o meu mundo passa a ser esse e não o mundo real. Cinema é o que cada um quiser fazer dele, para mim é uma forma de escapar do mundo real e viver outras vidas. Django é cinema puro para ver, rever e voltar a ver e ficar cada vez mais maravilhado!

P.S.: Não, os óculos de sol ainda não existiam na altura, mas vá, vamos perdoar o nosso Tarantino porque o Jammie Foxx fica com um ar badass naqueles óculos pelos quais eu fiquei apaixonada.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Isto da coligação à esquerda ser legítima é uma anedota não é?

Eu já disse aqui que com facilidade me dão 15-0 numa conversa sobre política. É totalmente verdade. Ainda assim eu vou continuar a falar de política, daquilo que vejo e gosto (não acontece assim muitas vezes) e daquilo que vejo e não gosto. Eu também não sei cantar, mas continuo a cantar. Percebem a ideia? Exacto. Vamos continuar.
Da última vez que eu verifiquei, a coligação PSD-CDS teve mais votos do que os outros partidos. Ou seja, ganhou. Espantem-se agora: quem ganha é quem tem mais votos! Eu sei que isto é uma grande novidade e peço que não fiquem demasiado indignados, eu vou explicar mais à frente como é que este fenómeno se processa para aqueles que não conseguem entender... como o António Costa.
Antes de continuar deixem-me informar-vos que não este post não tem como intenção defender a coligação nem o Passos Coelho nem o Paulo Portas e atacar o PS e o António Costa (e os seus novos melhores amigos), eu já disse e volto a dizer: eu não voto em partidos, eu voto em pessoas (e não gosto do Paulo Portas). Isso até pode ser a coisa mais ignorante desta vida, e eu até posso vir a defender um partido no futuro mas agora não é com isso que me identifico. Este post tem como objectivo partilhar as minhas ideias. Tem tendência a ser relativamente sarcástico, mas isso agora não interessa nada.
Voltando à parte de ganhar quem tem mais votos. Desde pequena que me ensinaram assim. É uma fórmula muito simples e que não tem nada que enganar. Neste caso, uma vez que foram mais portugueses votar na coligação do que nos outros partidos, a coligação ganhou. Não é física quântica pois não? Os meus primos de 5 anos sabem que é assim que funciona. Se se quiserem reger pela filosofia de António Costa, então eu vou reclamar contra a Liga Portuguesa de Futebol... é que se o Vitória fizesse uma coligação com o Moreirense tínhamos sido campeões mas com uma distância brutal do Benfica, ficava o campeonato em Guimarães e ninguém se chateava. Só que eu sei (e toda a gente sabe) que quem ganha... é quem tem mais votos!
Aparentemente António Costa quer fazer com que eu acredite que a minha vida foi uma mentira. Que quem ganha é quem tem menos votos. Aliás, estou a enganar-vos agora. Ele sabe que ganha quem tem mais votos, mas uma vez que ele teve menos votos, acha que se se juntar a outros partidos que também tiveram menos votos é ele o vencedor (e os outros partidos). Corrijam-me se eu estou errada, mas na folha de voto tinha um quadradinho para o PS, outro para o BE e outro para a CDU. Não me lembro de ver lá um quadradinho para a opção PS/BE/CDU, e olhem que eu vejo bem. Uma vez que essa opção não existia, os portugueses não podiam votar nela. Então, nem António Costa nem Catarina Martins nem Jerónimo de Sousa, nem ninguém em boa verdade, têm legitimidade para dizer que os portugueses votaram mais neles do que na coligação porque não é verdade, nem que eles façam 5 mortais seguidos.
Esta coligação à esquerda acha-se legítima por dois motivos. Primeiro, porque em 2011, aquando da formação do governo, formou-se a coligação PSD/CDS. Segundo, os votos são para o número de deputados e não para o primeiro-ministro.
Tenho de recuar no tempo para 2011. Nessa altura foi a coligação PSD/CDS que formou governo. Há é uma "pequena" diferença entre 2011 e 2015: em 2011 o partido mais votado tinha sido o PSD (o partido vencedor). Não dá para comparar uma coisa com a outra porque os termos são totalmente diferentes.
É verdade que nas eleições não votamos para eleger um primeiro-ministro, votamos para eleger o número de deputados. Têm razão, as eleições são para eleger deputados. Os deputados eleitos são os seguintes: a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS) ficou com 107 dos 203 assentos disponíveis, o PS conquistou 86, o BE tem 19, a CDU 17 e o PAN elegeu 1 deputado. Feitas as contas, esta nova coligação tem 122 (86+19+17) deputados eleitos, mas não são legítimos, porque não foi o que o os portugueses elegeram porque votar numa coligação PS/BE/CDU é totalmente diferente de votar no PS ou no BE ou na CDU. Se é verdade que votamos para eleger os deputados, também é verdade que, sendo o sistema político de Portugal semipresidencialista, é o Presidente da República que indigita o Primeiro-Ministro. Mais uma vez me vejo obrigada a lembrar-vos que o nosso Presidente da República, de seu nome Aníbal Cavaco Silva, indigitou... Pedro Passos Coelho! No Luxemburgo o Primeiro-Ministro não é do partido que venceu as eleições, mas o Luxemburgo é um país que tem como sistema político o parlamentarismo, ou seja, o Primeiro-Ministro é eleito pelo parlamento e não é indigitado pelo Presidente da República.
Esta crise política está só a confirmar uma coisa que eu já sabia (e que se calhar não é a coisa mais ignorante desta vida): não votem em partidos! Por uma razão muito simples... Os partidos não respeitam os seus ideais políticos, mudam de ideias como lhes é mais favorável e tudo com um único objectivo: a obtenção de poder a todo o custo. Basta uma rápida pesquisa na internet para ver os golpes que os representantes destes três partidos desferiam uns nos outros e que agora se tornaram melhores amigos e querem que os portugueses comprem a ideia de que Portugal está cheio de fadas e unicórnios. À pouco mais de um mês, no final de Setembro, Catarina Martins (BE) disse que “O que era bom era que o PS dissesse qualquer coisa de esquerda”. Jerónimo de Sousa também se manifestou sobre a sua visão do PS, relativamente às eleições legislativas que ocorreram este ano, dizendo que "deste PS que nem é carne nem é peixe, que mais parece um caranguejo moído em termos de definição de uma política alternativa". Para António Costa, em Setembro,  " quem ouvir o PCP ou o BE percebe que os dois partidos só têm um objetivo: combater o PS. São meros partidos de protesto, querem estar nas manifestações mas não no Governo a resolver os problemas das pessoas" quando o jornalista o questionou se um acordo à esquerda era possível. Não sei que revolução aconteceu entre Setembro e Outubro/Novembro para que estes três partidos se tornassem em melhores amigos inseparáveis quando antes não paravam de se criticar e atacar uns aos outros. Aliás, nada aconteceu. A verdade é que eles não querem defender as suas ideias, não querem o melhor para os portugueses. Tudo o que querem é o poder, a todo o custo (eu não sei, mas eu quase apostava que o António Costa vendia um rim e um pulmão se o deixassem ser Primeiro-Ministro!).
 Por tudo isto que já disse, sempre que dizem que a coligação à esquerda é legítima eu tenho vómitos e morre um unicórnio. Nem aqui, nem em lado nenhum, esta coligação oportunista é legítima. Esta coligação está a fazer apenas uma coisa: denegrir ainda mais a classe política portuguesa e, consequentemente, o nome de Portugal. Enquanto este impasse político continua e parece não se resolver porque uma data de iluminados acha que os portugueses são burros e não sabem que quem ganha é quem tem mais votos, a bolsa está em queda desde ontem e os bancos já estão reticentes com o que se poderá passar. Para terem uma ideia: a bolsa de Lisboa ontem fechou com uma queda de 4% e o banco alemão Commerzbank enviou um relatório aos seus clientes (que são 11 milhões de clientes privados e 1 milhão de clientes corporativos espalhados pelo mundo) intitulado "Portugal. A próxima Grécia?".
Acho que já não preciso de acrescentar nada ao que disse. É inadmissível uma situação como esta passar-se num país "civilizado". Isto não é, nem pode ser de forma nenhuma, uma expressão de democracia. A coligação à esquerda não respeitou o voto dos portugueses. Lembrem-se de que na folha de voto não aparecia lá "Esquerda" nem "Direita".

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Eu não quero ser chata mas...

Ainda à pouco tempo falei aqui do lixo em que a comunicação portuguesa se está a tornar, disse-o porque todos os dias vejo um desrespeito enorme pela maioria dos clubes portugueses e uma veneração quase divina pelos do costume. Uma comunicação que já cansa, que é ridícula e que em nada acrescenta ao nosso país. Disse-o porque não me conformo e não sou de me conformar. Ontem sabia que hoje me ia revoltar outra vez. Demasiado fácil, demasiado previsível.
Se estão a par das novidades sabem que ontem foi um dia histórico para o ténis português: João Sousa conquistou o torneio ATP250 de Valência e alcançou a sua melhor posição de sempre no ranking mundial sendo que é também a melhor posição de sempre de um português, Gastão Elias venceu o Challenger de Lima e Frederico Silva foi campeão no Future do Egipto.
Sabem qual é o destaque dos jornais desportivos? Exactamente, os do costume. João Sousa tem um pequeno destaque em todas as capas mas a capa vai mesmo para o Sporting e o Porto. Os três jornais desportivos portugueses dão um destaque mínimo ao feito de três portugueses que honraram tão bem o nosso nome por todo o mundo.
Eu sei que há assuntos mais importantes para discutir mas há coisas que me fazem alguma espécie, ou então sou só eu que implico com tudo e todos. Como quiserem. A verdade é que o que eu disse é inegável, o destaque que dão a estes atletas é mínimo e dão uma atenção máxima sempre aos mesmos. Portugal não é pequeno, mas há coisas que me fazem duvidar disso!

domingo, 1 de novembro de 2015

Obrigada João!!

Infelizmente não pude acompanhar o jogo de João Sousa em directo, mas fiquei muito feliz quando soube que estava na final do Torneio ATP de Valência porque acredito sempre que consiga vencer todas as finais que disputa porque sei que tem qualidades suficientes para isso. De 7 finais disputadas, já venceu duas delas em Kuala Lumpur e agora em Valência. É, indiscutivelmente, o melhor português de sempre e alcança a melhor posição da sua carreira, posicionando-se na 33ª posição do ranking mundial.
São pessoas e atletas como o João que representam Portugal lá fora de forma sublime e com a maior classe possível. É nestes momentos que tenho muito orgulho de ser portuguesa e vimaranense. É muito bom saber quem nos representa!
MUITOS PARABÉNS CONQUISTADOR!