terça-feira, 26 de abril de 2016

Inaceitável

Há dias em que os três pontos são de importância menor. Esses dias são os dias em que perdemos um dos nossos. No sábado perdemos o Diogo, um conquistador. Para além das homenagens e das ovações - antes do início do jogo e ao minuto 31, o número da camisola que envergou na equipa B do Vitória - o triunfo era para ele. Não pelos três pontos, nem pela tabela classificativa mas especialmente para ele, para honrar o nome de um jovem cheio de sonhos e aspirações que, acredito, queria muito vestir de Rei ao peito. Infelizmente a concretização desses triunfos não foi possível, nem no D. Afonso Henriques nem no Seixal apesar dos quatro golos marcados por ambas as equipas - e dedicados, com muita emoção, ao Diogo.

Ao longo da história, as muralhas do nosso estádio têm estado bem protegidas para receber o Estoril. O histórico de confrontos não mente: dos 30 jogos disputados, 22 acabaram com o Vitória a manter os três pontos em Guimarães, enquanto que nos restantes oito contamos com quatro derrotas e, com o empate a uma bola no Domingo, quatro empates. Uma supremacia que não se viu em nenhum momento durante os noventa minutos de jogo, apesar de ter sido o Vitória a estar em vantagem.

O futebol apresentado por ambas as partes deixou muito a desejar. Mais um jogo muito pouco conseguido e, mais uma vez, uma equipa apática e anestesiada sem saber muito bem o que fazer à bola, sem conseguir construir uma jogada em condições e a falhar passes de forma preocupante. Sofremos o golo do empate num lance atrapalhado e que devia - e me parece que podia - ter sido evitado.

Começo a questionar-me, com alguma preocupação, se esta série se vai manter até ao final da época e se vamos chegar aos vergonhosos (não gosto da palavra e nunca me vou envergonhar de ser do Vitória mas parece-me adequada) 14 jogos sem vencer porque a verdade é que os jogos que temos pela frente não são nada fáceis. Este foi o 11º e infelizmente as bancadas já se estão a ressentir. Os números oficiais, retirados do site da liga, dão conta de que estiveram presentes 10061 espectadores. Para o panorama nacional não é um mau número sendo que só um dos jogos reuniu mais adeptos do que o nosso: o de Alvalade. Ainda assim parece-me um número modesto para um domingo à tarde de sol e calor, o ideal para ver futebol. Nas condições normais, e em condições normais o Vitória teria objectivos pelos quais lutar ou, a três jogos do término da época, já os tinha alcançado (e por objectivos não me refiro à manutenção, que foi a única coisa que alcançamos). Dói-me ver este afastamento entre os adeptos e a equipa, que infelizmente não é de hoje mas que tem acontecido ao longo das últimas épocas. Há muitas formas de protestar e a forma que as claques encontraram para o fazer pareceu-me boa: pacífica e com impacto. Não é pelos protestos que os adeptos deixam de ser menos vitorianos ou deixam de se preocupar com o clube, como já li. Os protestos, seja sob que forma for, são uma demonstração de interesse e não o contrário. Ninguém discute porque não se importa. O mesmo se aplica nesta situação. Diz o ditado que quem não se sente não é filho de boa gente. Portanto pode ser que sirva para abrir os olhos a quem tem andado com eles fechados.

A equipa B, que defrontou o Benfica B no Seixal, está bem encaminhada para se manter na segunda liga. Um empate difícil a três bolas e conseguido ao minuto 90 + 5. Os golos foram apontados pelo Raphinha, Areias e Hélder Ferreira. Na tabela classificativa, o Vitória B encontra-se na 15ª posição com 53 pontos. No entanto, as três jornadas que ainda faltam disputar não vão ser fáceis: recebemos o Sp. Covilhã que está na 14ª posição com um ponto a mais do que nós e o Porto, que está bem posicionado para ser campeão intervalados com a deslocação ao Sporting, o 8º classificado. São jogos difíceis mas dos quais é possível obter resultados positivos. Principalmente com o nosso apoio.

Por fim, e servindo-me da tarja colocada pelos White Angels, também pergunto: a que horas joga o Vitória? A que horas é que todos os que estão do Vitória se apercebem da grandeza, mística, bairrismo, amor e paixão deste clube? Continuamos no mesmo caminho, derrota após derrota. Qualquer pessoa que diga que são ciclos que temos de aceitar não conhece o Vitória, muito menos a sua história ou as suas gentes. Não aceito nem me conformo. No dia em que fizer isso entrego o meu cartão de sócia e isso não vai acontecer, nem hoje nem amanhã. Estamos mergulhados numa situação inaceitável. Infelizmente não sei a que horas joga o Vitória mas está na hora de o termos de volta. O nosso Vitória, não o deles.

A nossa casa

Quem me conhece minimamente ou quem me acompanha através do blogue sabe que sou apaixonada pelo espaço e pela área da astronomia, apesar de o fazer de uma forma muito simplista porque não tenho conhecimentos aprofundados sobre o tema. Tudo o que aprendo é através da leitura, documentários e coisas do género, nada formal.
Acho que o momento em que nos apercebemos da dimensão do espaço acabamos por conseguir pôr tudo em perspectiva. A maioria dos problemas que julgamos ter nem sequer são problemas. Olhar para o espaço é uma lição de humildade. Provavelmente a maior lição de humildade possível.
Tudo isto para dizer que estou viciada numa aplicação que descobri recentemente e que transmite em directo da International Space Station e é difícil tirar os olhos do ecrã porque a vista nunca cansa. Não há fronteiras, nem religiões, nem ideologias, nem raças a separar-nos. Vivemos todos na mesma "casa". Todos os conflitos, guerras e discussões são injustificáveis. O dinheiro e o poder são obsoletos. O que conta no fim é a compaixão, os laços que criámos e o amor, qualquer forma de amor.
As fotos que se seguem foram tiradas na aplicação, que é provavelmente a minha nova aplicação favorita de sempre. Também é possível ver a NASA TV e tem o mapa da trajectória da ISS a acompanhar. Ainda melhor: é grátis. Não sei porque é que não descobri isto antes mas agora julgo que é um privilégio e estou completamente encantada!




sexta-feira, 22 de abril de 2016

Querida Terra,

Foto: NASA - "Earthrise" (1968)
há um rio perto da casa onde cresci. Um rio que agora corre doente e envenenado. Envenenado pela ganância dos homens e das mulheres que não querem saber dele, nem de ti. Só se preocupam com o dinheiro e com os lucros, sejam a que preço for. Como se o fim justificasse os meios. Este rio não foi sempre assim. Ele era saudável, muito antes de eu nascer. Os meus primos e os meus tios contam-me que iam para lá quando eram pequenos e que era um sítio agradável e bonito. Um pulmão saudável e forte da natureza. Infelizmente quando o conheci já estava doente e a doença já está em estado avançado. Há uns meses chegou a estar branco. Os rios não devem ser brancos, pois não? 
Como este rio de que te falo, há muitos pulmões que murcham e sufocam às mãos dos mais gananciosos ou dos ignorantes. Acham que vais estar aqui para sempre, tranquila e calma mesmo depois das quantidades absurdas de lixo e porcarias com que te atiram sem misericórdia. Tens sido paciente, apesar de todos os avisos... Uns mais fortes do que outros, mas vais avisando as pessoas de que não vais ser sempre calma. Sabes ser avassaladora e dominante. Sabes que nós precisamos muito mais de ti do que tu algum dia precisarás de nós - por isso, de vez em quando, sabes que tens de pôr as mãos na cintura e berrar da forma que sabes para ver se finalmente as pessoas acordam.
Se a minha espécie acabar um dia - seja daqui a 500 ou 50000 anos - tu vais continuar por cá. Provavelmente recuperarás de todo o mal que te fizeram porque para além de seres avassaladora e dominante, também és resiliente e nessa altura já ninguém te vai fazer mal.
Se calhar ainda poucos perceberam que és apenas um "pálido ponto azul" num universo imenso, como dizia Carl Sagan. No entanto és a nossa única casa e és, deixa-me que te diga, de tirar a respiração a qualquer pessoa capaz de reconhecer beleza. Ainda que haja tantos padrões de beleza como há seres humanos, tu és linda. És mais bonita ainda quando ninguém te toca, quando és fruto da tua criação, quando és tu.
Partilhas tudo connosco e nós, uma cambada de ingratos, ainda não sabemos agradecer por partilhares tudo o que tu és, nem por tudo o que nos dás. Precisamos de ti, para sempre. Obrigada pela paciência. Vou tentar cuidar melhor de ti, prometo!

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Prince

Acho que a melhor forma de homenagear lendas - e o legado que nos deixam - é com arte. A The New Yorker surpreendeu. Prince nunca se preocupou em ser consensual, mas há um consenso de que era um dos grandes. É um dos grandes. As lendas são eternas, não são?

Posso ver este filme 1000 vezes sem me cansar

* Se ainda não viram Gone Girl sugiro que não continuem a ler porque há spoilers no resto do post. Vão ver este excelente filme e depois voltem para relembrar um dos melhores monólogos do cinema dos últimos anos e que merecia um Óscar numa categoria própria! *


"I'm so much happier now that I'm dead. Technically missing. Soon to be presumed dead. Gone. And my lazy lying shitting oblivious husband will go to prison for my murder. Nick Dunne took my pride and my dignity and my hope and my money. He took and took from me until I no longer existed. That's murder. Let the punishment fit the crime. To fake a convincing murder you have to have discipline. You befriend a local idiot. Harvest the details of her hundrum life and cram her with stories about your husband's violent temper. Secretly create some money troubles: credit cards, perhaps online gambling. With the help of the unwitting, bump up your life insurance. Purchase getaway car. Craiglist. Generic. Cheap. Pay cash. You need to package yourself so that people will truly mourn your loss. And America loves pregnant women. As if it's so hard to spread your legs. You know what's hard? Faking a pregnancy. First, drain your toilet. Invite pregnant idiot into your home and ply her with lemonade. Steal pregnant idiot's urine. Voilà! A pregnancy is now part of your medical record. Happy Anniversary! Wait for your clueless husband to start his day. Off he goes... and the clock is ticking. Meticulously stage your crime scene with just enough mistakes to raise the specter of doubt. You need to bleed. A lot. A lot, a lot. The head wound kind of bleed. A crime scene kind of bleed. You need to clean; poorly, like he would. Clean and bleed, bleed and clean. And leave a little something behind: a fire in July? And because you're you, you don't stop there. You need a diary. Minimum three hundred entries on the Nick and Amy story. Start with the fairy tale early days: those are true, and they're crucial. You want Nick and Amy to be likable. After that, you invent. The spending, the abuse, the fear, the threat of violence. And Nick thought he was a writer... burn it, just the right amount. Make sure the cops will find it. Finally, honor tradition with a very special treasure hunt. And if I get everything right, the world will hate Nick for killing his beautiful, pregnant wife. And after all the outrage, when I'm ready, I'll go out on the water with a handful of pills and a pocket full of stones. And when they find my body, they'll know: Nick Dunne dumped his beloved like garbage, and she floated past all the other abused unwanted inconvenient women. Then Nick will die too. Nick and Amy will be gone, but then we never really existed. Nick loved a girl I was pretending to be. "Cool girl". Men always use that, don't they? As their defining compliment: "She's a cool girl". Cool girl is hot. Cool girl is game. Cool girl is fun. Cool girl never gets angry at her man. She only smiles in a chagrined, loving manner. And then presents her mouth for fucking. She likes what he likes, so evidently he's a vinyl hipster who loves fetish Manga. If he likes girls gone wild, she's a mall babe who talks for football and endures buffalo wings at Hooters. When I met Nick Dunne I knew he wanted "cool girl". And for him, I'll admit: I was willing to try. I wax-strippe my pussy raw. I drank canned beer watching Adam Sandler movies. I ate cold pizza and remained a size two. I blew him, semi-regularly. I lived in the moment. I was fucking game. I can't say I didn't enjoy some of it. Nick teased out in me things I didn't know existed. A lightness, a humor, an ease. But I made him smarter. Sharper. I inspired him to rise to my level. I forged the man of my dreams. We were happy pretending to be other people. We were the happiest couple we knew. And that's the point of being together if you're not the happiest? But Nick got lazy. He became someone I did not agree to marry. He actually expected me to love him unconditionally. Then he dragged me, penniless, to the navel of this great country and found himself a newer, younger, bouncier cool girl. You think I'd let him destroy me and end up happier than ever? No fucking way. He doesn't get to win. My cute, charming, salt-of-the-earth Missouri guy. He needed to learn. Grown-ups work for things. Grown-ups pay. Grown-ups suffer consequences."

Amy Dunne

quarta-feira, 20 de abril de 2016

A minha estante | O Monge e o Executivo: Uma História Sobre a Essência da Liderança


Entre ontem e hoje acabei um livro - Putin e o Despertar da Rússia - e li outro do início ao fim - O Monge e o Executivo: Uma História Sobre a Essência da Liderança. Comprei-o por engano mas quando reparei no lapso já era demasiado tarde e como o tópico de liderança me interessa acabei por lhe dar uma oportunidade. É um livro pequeno e com uma linguagem simples e, portanto, acessível a toda a gente e que se lê num ápice. O facto de eu o ter lido num dia não significa que é o melhor livro de sempre, porque não é. Mesmo depois de terminar sinto-me dividida.

As mensagens que contém são, em suma, interessantes e úteis. Hunter consegue, apesar de as ideias não serem revolucionárias nem ideias originais (o próprio admite-o numa introdução à edição de 2012), abordar assuntos pertinentes e que são intemporais.

Para o fazer, conta-nos uma história. A história de John Daily, um homem de negócios de sucesso a quem a vida parece correr de feição. Até que se apercebe que pode não ser assim e que pode estar a falhar estrondosamente em todos os papéis de líder na sua vida - como executivo, com movimentos sindicalistas e emergir no seio de trabalhadores descontentes; como marido, a mulher admite que já não se sente feliz; como pai, com o filho rebelde e uma filha parca em palavras e até como treinador voluntário, os pais de dois miúdos pedem inclusive para transferir os filhos para outras equipas porque não se estavam a divertir. A vida que corria tão bem parecia estar a desmoronar-se. A solução que encontrou, depois de visitar um pastor, foi partir para um retiro de uma semana num mosteiro "com monges, cinco serviços religiosos por dia, cânticos, liturgias, comunhão, alojamento comunitário". 

O livro divide-se então em sete capítulos, um capítulo por cada dia que John passa no retiro. O dia resume-se a cerimónias religiosas e a aulas com Len Hoffman, um antigo executivo e lenda na área que depois da morte da mulher abandonou tudo e tornou-se num monge. Os capítulos são, essencialmente, essas aulas entre o monge Simeão (o nome atribuído a Hoffman pelos outros monges) e seis alunos, que são dos mais diversos caminhos da vida.

É aí a altura em que começo a "torcer o nariz". Apesar das ideias transmitidas, tudo parece demasiado forçado. Os diálogos parecem forçados e as perguntas feitas pelos alunos parecem ter sido escritas pelo professor porque este tinha todas as respostas na ponta da língua. Os alunos entendem tudo ao mesmo tempo e a única voz contrária é a de Greg, um soldado que não está ali por vontade própria e que é o único que parece não estar de acordo e mesmo assim as perguntas parecem saídas de um guião. Hunter ainda me faz torcer mais o nariz quando introduz o tema religião - que seria inevitável numa história que tem como local uma igreja e quando uma das personagens com mais peso é um monge. Apesar de não ser forçado nesse aspecto, não tenta "vender" nenhuma religião aos alunos e por consequência não nos tenta "vender" nenhuma religião a nós, as ideias que apresenta através das personagens, dos alunos, são coincidentes com alguns paradigmas da igreja com que eu não me identifico como a questão do aborto, mencionado de forma muito breve e leve numa intervenção por uma das alunas durante a aula. Nesse ponto, o meu desagrado prende-se com a diferença de ideias e não com uma "falha" do autor. São apenas pontos de vista diferentes.

Resta-me dizer que vale a pena pelas ideias apresentadas, que me parecem pertinentes e úteis mas peca pela forma forçada como são apresentadas. Pessoalmente preferia um livro mais teórico, sem nenhum enredo em que as ideias fossem apresentadas de forma directa e mais simples, sem ser necessário recorrer a uma história fictícia que tem como maior defeito parecer irreal, pouco convincente e intransponível para a vida real, quando se espera que todas as mensagens sobre liderança que nos apresenta o sejam.

terça-feira, 19 de abril de 2016

O segundo verbo que mais conjugamos é sofrer


Começo a achar que já não tenho mais como falar desta época. Os problemas continuam, assim como os maus resultados da equipa A e o mau futebol. Só me tranquiliza, ainda que ligeiramente porque a situação é demasiado má para estar tranquila, saber que a manutenção está garantida, caso contrário começava a preocupar-me seriamente sobre a nossa permanência no escalão máximo do futebol português. A quatro jornadas do fim do campeonato estamos para baixo do meio da tabela classificativa e eu nem sequer considero, e calculo que nenhum vitoriano o faça, o meio da tabela aceitável. Os quatro adversários que temos pela frente são o Estoril em casa, o Benfica na Luz, o Moreirense em casa e terminámos em Arouca, de onde saímos felizes o ano passado, num confortável e agradável primeiro lugar. A situação está tão drasticamente diferente que eu diria que são anos a separar esses dois jogos e não apenas um ano e uns meses. Portanto, e para não me tornar repetitiva, vou tentar resumir o que me parece pertinente dizer em cinco notas e começo pelos números, porque tudo o resto é relativo (ou então não...):

- Phileas Fogg e Passepartout deram "A Volta ao Mundo em 80 Dias" (que não durou 80 dias, mas deixemos isso para outro dia) pela mão de Júlio Verne, o nosso Vitória completa hoje 81 dias sem vencer. A última vitória foi a 29 de Janeiro no D. Afonso Henriques. O resultado fixou-se em 3-1, com os nossos golos a serem apontados por Otávio, Henrique Dourado e Licá. Desde aí, dos 10 jogos disputados, metade resultou em empates e a outra metade em derrotas. De 30 pontos possíveis, conseguimos uns míseros 5. A situação ainda me parece pior depois de escrever isto, mas a verdade é que estamos mergulhados na pior série da época, totalizando 10 jogos sem vencer e, como resultado (desta série, mas de outros maus resultados "evitáveis" anteriores) estamos como que encarcerados no 11º lugar e até ao final da época as alterações na tabela classificativa podem significar uma subida ou uma descida de posição mas nada de extraordinário e certamente nada capaz de salvar a época.

- Tenho tendência para me focar nas coisas que eu sou capaz de controlar. Todos os outros eventos têm, claro, a minha atenção - principalmente porque podem interferir com aquilo que eu controlo - mas não são o meu foco porque estão fora do meu controlo. Isto é o que eu aplico na minha vida. É uma espécie de princípio que uso para economizar tempo e concentrar-me no que é importante e não perder tempo a "chorar sobre leite derramado" porque o tempo é limitado. O que eu quero dizer é que as arbitragens estão fora do nosso controlo (nem todos podem dizer isto, o que constituí um grande problema no nosso futebol, mas nós dizemos porque nunca fomos os filhos do sistema, sempre fomos os "enteados"). É verdade que ao longo da época fomos prejudicados em alguns jogos, e um desses jogos foi o de Domingo. A expulsão de Dalbert parece-me susceptível de ser discutida e portanto o cartão mostrado também o é, no entanto o penalti é pura e simplesmente ridículo e tenho a certeza que o seria em qualquer estádio do mundo. No entanto, e a minha opinião vale o que vale, nem esta má arbitragem nem nenhuma outra justificam a má época, os maus resultados e muito menos o mau futebol. Os problemas vão para além disso e não é por causa de erros, neste caso externos e fora do controlo da equipa, que o jogo acaba. Se o jogo acaba quando há um obstáculo então o jogo está perdido desde o início! Uma das qualidades máximas do Vitória (e que está intimamente ligada com a história de Guimarães e de Portugal) é a resiliência. A resiliência é o que nos faz levantar quando estamos no chão, o que nos faz resistir às adversidades e a qualidade que nos permite não desistir. Nós somos assim, a nossa história é essa. Lamento que haja ainda muito boa gente que não a conheça e que pensa que as coisas acabam quando nos atiram um tijolo à cabeça. Não acabam. Podemos até cair mas voltamos a pôr-nos de pé, ainda mais fortes, e conquistamos. Não atiramos a toalha ao chão. Quando o fazemos, perdemos. O jogo não dura 12 minutos!

- Quando disse, no ponto anterior, que não gosto de perder tempo a"chorar sobre leite derramado", dizia-o no sentido de que os erros externos não são, por norma, justificação para as derrotas. No entanto estes erros não podem passar impunes como se nada acontecesse. Não são uma justificação mas se podem ser corrigidos, é preciso fazer com que sejam! Numa equipa ou num grupo, esse papel é, geralmente, do representante máximo, do líder. No nosso caso, a direcção em geral e o presidente em particular deviam ser as vozes do clube e dos adeptos. Deviam ser os primeiros a dar a cara para falar de injustiças, para impor respeito e denunciar estes erros. Infelizmente esta voz está calada. Não é de agora que temos uma direcção indolente, indiferente e apática. De vez em quando há umas declarações ou comunicados mas não passam de fogo de vista. Infelizmente, e digo-o com desânimo, não há uma voz forte no Vitória capaz de tomar o partido do... Vitória. Não me parece que haja alguém na estrutura oficial do Vitória capaz de o proteger das ameaças exteriores - como as arbitragens nocivas e faccionarias, mas também da comunicação social que não conhece o significado da palavra imparcial.

- Há uma parte integrante e inseparável do Vitória que o protege e nutre para que ele cresça ainda mais. Estou a falar dos adeptos claro. Só lamento que nem todos os que fazem parte do Vitória estejam na mesma página que nós, adeptos. Se estivessem seríamos muito mais fortes! Na Madeira marcaram presença cerca de cem adeptos que mereceram, inclusive, o aplauso dos adeptos adversários. Também mereceram o meu! Neste ponto não posso deixar de felicitar os White Angels pelos 17 anos de vida. Apesar de não fazer parte de nenhuma claque, lembro-me dos White Angels desde que vou ver o Vitória. Estão lá, nos bons e nos maus momentos, e isso é o que conta. Parabéns!

- A foto que acompanha o post é do jogo da equipa B no passado domingo, contra o Braga B, e deixa transmitir muito daquilo que é o Vitória: muita garra e uma relação próxima entre os adeptos e a equipa, nos bons e maus momentos. A equipa começou mal e sofreu dois golos, mas foi resiliente e acabou por vencer 3-2. Isso aconteceu por uma razão muito simples: os nossos jogadores perceberam que as adversidades estão no nosso caminho para serem ultrapassadas e por isso ultrapassaram-nas num momento em que muitos deitavam a toalha ao chão e desistiam. Areias marcou um hat-trick e há notícias que dão conta de que é "a última esperança de Sérgio Conceição". Julgo que não seria justo chamá-lo num momento de tanta pressão, na recta final, quando já há pouco a ser feito. O único objectivo agora deve ser a manutenção da equipa B e, para tal, o Areias é mais necessário na equipa B do que na A!

Já o disse e repito: que seja uma época para servir de lição para que no futuro não se cometam erros semelhantes. O Vitória é mais do que isto e nós merecemos mais do que isto. A época está acabada mas a dignidade e a honra ainda estão em jogo. Faltam quatro. Quatro batalhas. Como sempre vou marcar presença nos jogos que faltam porque sou adepta do Vitória e não de vitórias e apesar de estar triste com a situação, o meu amor é mais forte. A verdade é que, como li há já algum tempo, sofrer é o segundo verbo que mais conjugamos. O primeiro é amar!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

JFT96

Um dos maiores desastres que já assolaram o futebol foi, sem dúvida, o de Hillsborough. O nome deriva do Estádio de Hillsborough, onde a 15 de Abril de 1989 foi disputado um jogo referente às meias-finais da Taça de Inglaterra entre o Liverpool e o Nottingham Forest. Infelizmente este jogo não ficou marcado pelo resultado ou pelo que aconteceu dentro das quatro linhas.
Há exactamente 26 anos, 96 adeptos do Liverpool não regressaram a casa. Perderam a vida a apoiar o seu clube do coração. Noventa e seis pessoas que deviam ter regressado a casa não o fizeram porque as medidas de segurança, impostas por outras pessoas (que regressaram a casa), não eram adequadas. Até hoje não houve justiça, até hoje não há explicação, até hoje não consigo entender porque é que isto aconteceu. Desloco-me a vários estádios durante a época e vou sempre com a certeza de que vou regressar a casa algumas horas depois. Nunca me passa pela cabeça isso não acontecer. Quando vou ao futebol quero sempre regressar a casa. Devia ser sempre assim! Hoje lembramos os noventa e seis que não o fizeram e em dias assim não há cores, nem rivalidades nem ligas diferentes. Fazemos todos parte do mesmo. O que nos une é mais forte do que aquilo que nos separa.

terça-feira, 12 de abril de 2016

A nossa herança


O meu amor e paixão pelo Vitória não depende de uma posição na tabela classificativa ou de uma vitória. Os vitorianos são assim. Nós somos assim. Se não fossemos, não havia nenhum interesse em tentar fazer o Vitória ainda maior. A esta altura e na 11ª posição do campeonato, mergulhados numa série de maus resultados, se não fosse a paixão pelo nosso símbolo e a vontade de o tornar ainda maior que todos partilhamos não haveriam discussões nas redes sociais nem existia tempo ou vontade para escrever crónicas em blogues porque já ninguém queria saber. Nós continuamos a querer saber. É isso que nos caracteriza agora e é isso que sempre nos caracterizou. O amor incondicional e uma dedicação ímpar.

Não sei até que ponto é que, quem veste de Rei ao peito, e quem toma decisões em seu nome, entende isto, pelo menos da forma como todos nós, que gastámos dinheiro e tempo em viagens e bilhetes e tudo o mais, entendemos. Se todos entendessem o amor e a dedicação dos vitorianos, eu acredito que haveria mais vontade para fazer melhor - e com vontade tudo se faz.

O amor pelo Vitória é uma herança. Aprendi a gostar do Vitória através de pessoas que me são queridas e que eu admiro e depois apaixonei-me no estádio, a minha segunda casa. Acredito que seja assim com grande parte das pessoas - a não ser os tais que gostam de um certo clube pelas vitórias ou títulos, mas esses nem estão na equação. Os bilhetes que podem ver na fotografia que acompanha este post estão comigo mas não são meus. Alguns deles são mais velhos do que eu. Há bilhetes de jogos para a Taça UEFA, bilhetes para a Taça de Portugal, para o campeonato, bilhetes em que nos chamavam "Guimarães" e bilhetes em que já nem se consegue ver nada do que lá estava escrito. Estou certa de que todos contam histórias, mas estou ainda mais certa de que são parte história. Essa história é a herança que todos aqueles envolvidos no Vitória e que envergam a branquinha recebem.

Na semana passada perdi um dos meus tios mais queridos. O meu tio era um senhor cheio de vida e sempre bem-disposto a quem o cancro roubou a vida muito cedo. Lembro-me de, quando eu era mais pequenina, ele ir sempre ver o Vitória. Lembro-me dos domingos em que ir ver o Vitória era um verdadeiro deleite, o estádio repleto de pessoas que não se conheciam mas que se juntavam pelo Vitória, a satisfação de ver o Vitória jogar bom futebol e a emoção de ter objectivos pelos quais lutar. E o meu tio estava lá, escolhia estar lá quando podia estar em muitos outros sítios durante aquelas horas. Escolhia estar lá como nós escolhemos estar sempre lá, onde quer que seja, sem desistir e sem parar de apoiar por mais negativo que seja o cenário. Antes do funeral do meu tio, ouvi uma das suas filhas dizer que "ele leva o símbolo do Vitória com ele, gostava tanto do Vitória". Eu sabia que sim, sabia do amor que tinha pelo Vitória, e apesar do momento de despedida ser tão triste, encontrei conforto no facto de saber que vamos estar sempre ligados, mesmo que nunca mais possamos falar ou ver. Estamos ligados através de um elo comum, de uma paixão comum. O meu tio foi parte da história do Vitória, como eu sou e tu também. Como são aqueles que o construíram, como somos nós que agora o mantemos.

Essa é a magia do Vitória, e do futebol em geral. Mais do que as épocas em terceiro ou segundo lugar na tabela classificativa, mais do que as taças ganhas, mais do que qualquer palmarés, essa é a herança que qualquer vitoriano e qualquer pessoa que represente o Vitória tem de honrar e da qual não se pode esquecer nunca! A melhor forma de honrar uma herança tão pesada e tão carregada de história e histórias é fazer do Vitória ainda maior, fazer o Vitória alcançar tudo o que os vitorianos almejam (e merecem) há muitos anos - tudo aquilo que, mesmo os vitorianos que já não estão connosco sempre quiseram ver mas que infelizmente não viram e que, mesmo assim, estavam lá sempre. Incondicionalmente!

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Falcon 9


Há pouca gente capaz de mudar verdadeiramente o mundo. São génios, um punhado de pessoas que olham para o mundo de uma perspectiva diferente, incapazes de se conformarem, de se deixarem formatar. Elon Musk é um deles. PayPal, Tesla Motors, SpaceX. Três empresas com sucesso e que mudaram e estão a mudar o mundo como o conhecemos e todas elas têm Elon Musk em comum.
Hoje Elon Musk os génios da SpaceX conseguiram aterrar um foguetão numa plataforma marítima com sucesso. Já tinham conseguido aterrar um foguetão em terra e agora fizeram-no em mar, e eu acredito que seja o início de uma mudança drástica nas viagens espaciais. É assim que se escreve (e se muda a) história!
Há pelo menos duas lições que são importantes retirar do acontecimento que testemunhámos há umas horas. A primeira é que, por muito que pareça que já tudo foi inventado e feito e é impossível mudar o mundo, Elon Musk continua a provar-nos que há sempre coisas novas e incríveis para serem feitas. A segunda é que não há uma fórmula para o sucesso, mas há um "caminho". Esse caminho é o de persistir e nunca desistir. Parece um cliché e uma frase feita mas é a única forma de alcançar o sucesso. Não foi a primeira tentativa da SpaceX fazer o foguetão aterrar numa plataforma marítima, foi a quinta tentativa (e já muitos viam a SpaceX como uma piada e diziam com a maior certeza do mundo que nunca iriam conseguir fazer o que acabaram de fazer). Sabiam que podiam voltar a falhar hoje, voltar a falhar em frente a todo o mundo, e provavelmente iam tentar de novo. Felizmente tiveram sucesso mas o sucesso conquista-se, não se compra nem é um dom com que meia dúzia de iluminados nascem.
Hoje fez-se história, história de verdade e que, acredito eu, vai mudar drasticamente o mundo em que vivemos. Obrigada SpaceX! Obrigada Elon Musk!

terça-feira, 5 de abril de 2016

O que vejo na televisão

Vejo poucas vezes televisão, e muito poucas vezes escolho os quatro canais generalistas, maioritariamente pela falta de qualidade dos programas e porque, pessoalmente, julgo não me acrescentarem nada em nenhum nível nem se enquadram nos meus gostos. Portanto prefiro gastar o meu tempo de outra forma. No entanto vou acompanhando algumas coisas, principalmente filmes, documentários, séries e de vez em quando algum programa. Gosto de ver o Shark Tank, a versão transmitida na SIC Radical. Sei que já foi produzida e transmitida uma versão portuguesa, na SIC, mas nunca vi nenhum episódio. Vai ser transmitida uma segunda temporada, e agora estou ansiosa para ver! Um género de programas que me interessa muito e que eu adoro ver são os concursos de perguntas de cultura geral, como o Quem quer ser milionário? que era transmitido na RTP1. Há mais ou menos uma semana descobri que o substituto, que é transmitido logo após o telejornal, é o The Big Picture. O conceito é interessante e ainda permite que, através da aplicação, possamos participar desde o conforto da nossa casa e ganhar parte do valor do concorrente.
Raramente me sento a ver televisão, mas estes dois programas são os que me têm roubado mais a atenção. O próximo que vou tentar acompanhar, e que estou muito curiosa para saber como é, o que trata e como trata o assunto, é A História de Deus no National Geographic, produzido e apresentado pelo grande Morgan Freeman. Já viram?

Vinte e dois anos

Obrigada pela música que nos deixaste, Kurt.

A hora de redefinir prioridades

Foto: O Lado V
Falar do jogo contra o Boavista era, em boa verdade, estar a repetir-me. O Vitória continua a cometer erros, a assinar exibições pouco agradáveis e a afastar-se dos lugares europeus. Conseguimos um ponto, e sempre me disseram que um é melhor do que nenhum, mas que pouco ajuda ao único "objectivo" que nos resta, quando andamos há muitas jornadas a contar pontos. Não gosto, nem nunca gostei, de jogar para cumprir calendário. É jogar a um ritmo morno, assim-assim. É jogar num estado vegetativo. De vez em quando há alguns sinais que indicam para uma melhoria, mas estamos muito longe da recuperação e de estarmos em forma. Este estado vegetativo foi praticamente auto-induzido diga-se. Acho que já todos concluímos qual a raiz do problema: a época muito mal preparada (e como um problema nunca vem só, surgiram mais uns quantos para agravar a situação).

Portanto é pertinente, sem querer "atirar a toalha ao chão", começar a pensar na próxima época e nos objectivos reais a serem propostos para a equipa. Objectivos esses que têm de honrar a nossa história, e a nossa história é de lutar sempre por mais e pelo melhor, não para ficar pelo meio termo. Os objectivos do Vitória no campeonato devem ser sempre, no mínimo, o 4º lugar da tabela classificativa. Quanto mais para cima, melhor. Para além do campeonato, o objectivo tem de ser também o de chegar o mais longe possível (e por isto entenda-se ganhar) todas as restantes competições em que se envolver. Não estou a pedir de mais, o nosso nome e o nosso cognome não engana.

O que não pode acontecer é ter ambições e aspirações sem que haja uma maior aposta na vertente desportiva do que a que houve nesta e nas últimas épocas. Não estou a dizer que quero uma equipa de milhões e coisas assim. Não me importo de ver jogar uma equipa "de tostões" desde que tenha qualidade e nos faça alcançar os nossos objectivos. O que quero ver é uma equipa capaz de levar o Vitória ao lugar onde pertence. Se essa equipa é de 5, 10, 30 ou 50 milhões diz-me pouco. Johan Cruyff disse que nunca viu um saco de dinheiro marcar um golo, e eu também não. Portanto acredito que se possa fazer muito com pouco - aliás, já vi o Vitória fazer muito com pouco. Fazer muito "com pouco" passa, por exemplo, pela aposta no jogador vitoriano, formado aqui e deixar de fora as apostas nos jogadores do clube x e/ou y. O nosso historial não mente: o jogador vitoriano tem qualidade. Fazer muito "com pouco" também passa por manter o que de melhor temos desta época - e eu acredito que temos um plantel com boas individualidades, apesar do baixo rendimento do colectivo - e não vender a preço de saldo (e sim, dois milhões é preço de saldo) como se tem feito demasiadas vezes. Quiçá se alguns jogadores não tivessem saído ao desbarato como saíram a equipa não estava numa posição muito mais confortável.

Julgo que o Vitória deve adoptar uma máxima para a próxima época (e para as vindouras) que se resume a uma palavra: balanço. Um balanço entre a vertente financeira e a vertente desportiva. Por falta de balanço de direcções anteriores (falta de balanço e outras coisas diria eu, mas isso é tema para outra discussão), o Vitória foi obrigado a fazer vários esforços para se manter à tona - um deles sendo um menor investimento no futebol. Acho que todos, ou a maioria, compreendemos que foi necessário fazê-lo e pelo que nos é dado a saber o estado financeiro do clube tem apresentado melhorias. O problema é que o balanço tem de ser reposto, eventualmente. O tempo para o fazer parece-me ser quando a sua falta começa a ser evidente. Eu diria que estar a lutar (com dificuldades) pelo sexto lugar e disputar o campeonato com o Paços de Ferreira ou Estoril (com todo o respeito) é um sinal bastante evidente e alarmante de que está mais do que na hora de redefinir prioridades.

Vou apresentar-vos um exemplo para ilustrar aquilo que quero dizer com a ideia de balanço. O último livro que li faz referência à necessidade de haver um balanço entre os vários departamentos de uma empresa, no caso em particular da Pixar. Não preciso de dizer que o Vitória e a Pixar têm naturezas totalmente diferentes, mas apesar das diferenças abismais aos mais variados níveis têm, pelo menos, uma coisa em comum: ambas precisam de balanço. A Pixar é composta por vários departamentos. Desde o departamento financeiro, o departamento tecnológico, passando pelos departamentos de produção, marketing, entre outros. Todos esses departamentos, como necessidades díspares, se envolvem em todos os projectos, em todos os filmes. Cada departamento está concentrado nas suas próprias necessidades (por exemplo, o departamento financeiro quer manter-se dentro dos limites do orçamento mas o departamento tecnológico quer tecnologia de ponta para fazer sempre o melhor filme possível, só que isso tem, geralmente, custos elevados e interfere nas necessidades do departamento financeiro) sem ter uma visão clara do todo. O que o presidente da Pixar nos diz é que numa cultura saudável os departamentos reconhecem a importância de balancear as necessidades de todos os departamentos - a noção já antiga de que o todo é maior do que a soma das partes. Ou seja, todas as necessidades têm de ser ouvidas mas nenhum departamento pode ganhar aos outros - para que o maior vencedor seja a empresa, o todo. A frase que Ed Catmull usa, e que eu acho que se aplica é: If any of those groups 'wins', we lose. Resumidamente, balanço!

O que eu quero dizer, de forma simplificada, é que o balanço entre as duas vertentes, desportiva e financeira, pode ser o caminho para o Vitória voltar ao lugar que lhe pertence por direito que é o de lutar pelo cimo da tabela e ambicionar sempre um bocadinho mais. Portanto talvez esteja na hora de redefinir prioridades e voltar a conquistar muito mais, com uma aposta no que é nosso e no que tem qualidade, com grandes objectivos sem nunca descurar a vertente financeira. Temos tudo para o fazer, começando pela massa associativa sem comparação que merece mais do que o meio da tabela.

Para terminar vou só fazer referência ao que ouvi, na Rádio Santiago, no final do jogo e achei que fazia todo o sentido. O comentador disse qualquer coisa como: apesar de os adeptos estarem sempre presentes necessitam de um estímulo maior, de um objectivo real e concreto (que nos falta agora). Seja esse estímulo para apoiar a equipa quando ela está a lutar pelos lugares cimeiros da tabela e para a manter lá ou para a amparar e segurar quando ela está a lutar pela manutenção. Ter um objectivo faz com que os vitorianos se mobilizem ainda mais. A assistência do jogo de sábado chegou quase a 10 000 espectadores. Uma assistência boa para a grande maioria dos estádios portugueses, mas convenhamos que não é satisfatória num jogo destes. Não para nós!

Não sei se vamos cumprir o único "objectivo" que nos resta. Quero acreditar que sim, algo que nos salve desta agonia. Há duas coisas que me fazem acreditar que sim: o querer dos vitorianos (eu incluída) que é muito forte e já foi capaz de levar o Vitória literalmente mais longe e a garra que vejo na maioria dos jogadores. Enquanto for matematicamente possível e eu vir estas duas coisas, eu vou acreditar até ao fim e, escusado será dizer, vou estar sempre presente, sejam quais forem as circunstâncias. Como estou sempre, e como todos os vitorianos estão sempre. É por isso que somos únicos!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A minha estante | Creativity, Inc.

Nunca fui uma leitora ávida de livros sobre gestão ou de negócios. Apesar de ter interesse nesses tópicos e de querer ler mais raramente sei por onde começar ou em que livros me centrar. Creativity, Inc. de Ed Catmull já estava na minha wishlist há algum tempo, e no outro dia cruzei-me com ele online e felizmente não lhe resisti.
Ed Catmull foi co-fundador da Pixar e é o actual presidente da Pixar e da Disney, os gigantes estúdios de animação. Embora não seja, de forma nenhuma, uma autobiografia de Catmull, o início deste livro é o início da sua história, de como nasce a sua paixão pela animação digital ao ver Walt Disney falar sobre os seus filmes e é ainda cedo que se apercebe qual é o seu grande objectivo: fazer o primeiro filme animado totalmente digital. Apesar de na altura os meios tecnológicos não o permitirem, Catmull não desistiu e Toy Story, realizado pela Pixar e distribuído pela Disney, viu a luz do dia no ano de 1995. Foi um sucesso! A partir daí, seguiram-se inúmeros sucessos de bilheteiras e filmes que foram premiados (e que ganharam os corações do público): Up!, Cars, Ratatouille, Monsters, Inc., Wall-E, Brave, Inside-Out e mais uns quantos nomes sonantes que não vale a pena estar a enumerar aqui porque de certeza que vocês já os conhecem (e provavelmente já os viram e gostam).
Depois de Catmull concretizar o grande projecto que foi Pixar, encontrou outro grande desafio: a presidência da Pixar. A Pixar nasceu de um departamento da Lucasfilm adquirido por Steve Jobs que, apesar de não passar muito tempo na sede da empresa, teve um papel fundamental no desenvolvimento da cultura da Pixar. Essa influência começa pelo edifício que ele próprio projecta e que tem como objectivo a troca de ideias e a convivência entre todos os funcionários com um objectivo: o desenvolvimento da criatividade.
Se, depois de ler este livro, me perguntassem onde eu queria trabalhar eu respondia, sem muitas dúvidas, que gostava de trabalhar na Pixar, dentro da "cultura da Pixar" que é fascinante - e Ed Catmull dá-nos acesso a todos os detalhes. Desde as reuniões da equipa Braintrust em que se discute o progresso dos filmes até ao Notes Day em que todos os funcionários se envolvem totalmente em encontrar soluções para tornar a Pixar melhor e financeiramente mais estável. Não vou partilhar mais pormenores por uma razão muito simples: Creativity, Inc. é de leitura obrigatória. Escrito em parceria com a escritora Amy Wallace, pauta-se pela leitura fácil, organizada e inteligente. Seria fácil cair em lugares comuns mas felizmente não o faz e é por isso que vale a pena ler e aprender tudo o que Ed Catmull - e os seus colegas da Pixar - têm para nos ensinar.
A minha cara de felicidade quando as frequências acabaram por agora e posso pôr em ordem os 7268910 episódios das 726 séries que tenho em atraso, ver os 1726 filmes que tenho agendados e ler os livros todos que tenho para ler! Não é bem assim, mas diria que há algumas semelhanças.

sábado, 2 de abril de 2016

As minhas séries (versão mini) | Scandal High

Sabem aqueles dias em que andámos mesmo sem tempo e com a cabeça em modo non stop, quando tudo o que apetece fazer da vida é ver 50 episódios sem parar de uma série brutal no conforto da nossa cama, mas não temos tempo? Pois, eu sei. Acontece a todos, seja por causa da universidade, de um projecto, do trabalho ou por qualquer outro motivo. Às vezes o tempo voa e os dias passam mesmo mesmo rápido.
Numa das minhas inúmeras incursões ao YouTube para procurar qualquer coisa para me distrair durante dez minutos, principalmente alguma coisa leve e que me faça rir, descobri Scandal High. Uma espécie de série com episódios que duram entre 3 e 5 minutos e que dá para ver os episódios todos da primeira temporada (vai haver uma segunda) de uma vez.
Scandal High é mais ou menos uma adaptação da série Scandal mas num formato de drama adolescente, desenvolvido pelo programa Jimmy Kimmel Live. A Casa Branca é substituída por uma escola secundária. O presidente Fitzgerald Grant (Tony Goldwyn) substituí os fatos cheios de classe e a presidência do país mais poderoso do mundo pelo bomber jacket e pela candidatura a presidente... da associação de estudantes. A gladiadora Olivia Pope (Kerry Washington) substitui os looks de fazer inveja a qualquer mortal pelo uniforme do colégio e o copo de vinho luxuoso e raro pelo copo de refrigerante, para nos narrar todos os acontecimentos. Até Jake Ballard (Scott Foley) troca a arma e os cargos em agências de espionagem pelo bastão de Hoover e pelo papel de desmascarar quem não respeita as regras. Para além dos já referidos, ainda vemos mais algumas personagens centrais de Scandal aparecer de forma renovada e muito, muito mais engraçada e menos intensa. Fiquei com pena de não ver duas personagens de Scandal que também são excelentes actores: Mellie Grant (Bellamy Young) e Rowan Pope (Joe Morton). Aguardo-os na temporada dois!
Vale a pena pelo conceito, pela originalidade e pela leveza. É muito engraçado ver actores com papéis tão intensos e sérios fazer um trabalho mais leve e mais engraçado.

Podem encontrar o primeiro episódio aqui