sábado, 5 de março de 2016

A minha estante | The Revenant

Não sei qual é a vossa definição da expressão "rato de biblioteca". Seja ela qual for, há fortes probabilidades de eu me enquadrar nela perfeitamente. Livros físicos são, para mim, uma espécie de paraíso que posso ter na mala para me fazer feliz a qualquer instante. É frequente ter uma data deles espalhados pelo quarto e guardo-os (principalmente os meus favoritos) com imenso carinho. Apesar de me considerar amiga do ambiente, não me imagino a aderir aos livros digitais e a essas modernices (sou assumidamente da old school). Quando olho para os meus livros, do mais antigo ao mais recente, é como ver a história do meu amadurecimento porque tenho livros (e autores) que adorava à uns anos e agora não os suporto e acho que são a coisa mais chata de sempre. Apesar de adorar e consumir filmes à velocidade da luz, relativamente às adaptações costumo preferir o livro ao filme. Raramente acontece o contrário.
O último livro que passou pela minha mesa de cabeceira foi The Revenant de Michael Punk que, a não ser que tenham estado encarcerados numa prisão de segurança máxima pelos últimos meses e ler este post é a primeira coisa que estão a fazer (se for essa a situação, muito obrigada pela preferência!), já devem saber que foi adaptado ao cinema por Alejandro G. Iñarritu. Este caso foi a excepção. Prefiro o filme ao livro, apesar de se regerem por linhas totalmente diferentes. Há, de facto, diferenças abismais. Por exemplo, a cena em que o urso ataca Hugh Glass tem uma importância enorme no filme, é uma cena relativamente longa e violenta. No livro ocupa uma parte pequena e não é tão violenta ou fulcral. Para além disso, e foi um pormenor que me deixou triste, no livro Glass não tem um filho (como acontece no filme) que motiva aquela vingança urgente do filme.
Apesar de tudo, Punke consegue o que nem sempre os autores conseguem mas que é um dos objectivos fulcrais: capturar a essência do período retratado. A história remonta a 1823. Eu não sei como é viver em 1823 (devem ter percebido isso sem eu dizer, mas just in case...) mas se me pedissem para imaginar como seria viver nessa época, eu imaginava da forma como Punke nos descreve em The Revenant  e essa sensação é óptima!
No geral, é um livro que entretém com a acção e aventura qb. No entanto, e depois de ver o filme, tornou-se um bocadinho decepcionante para mim. Não sei se é a magia de Iñarritu ou se, caso não tivesse ainda visto o filme, ia achar o mesmo. É, acima de tudo, uma boa viagem a 1823 e uma boa história de vingança pura e dura!

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