quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O verbo amar

Já devia ter escrito isto antes, porque dizem que quando passa o dia, passa a romaria. Se não é assim, é parecido. Mas também dizem que é melhor tarde do que nunca. Portanto ainda é altura de me pronunciar.
No sábado passado fui ao Estádio do Bessa apoiar o meu amor do coração naquela que foi a deslocação mais cansativa de sempre (e eu já tenho algumas na conta). O futebol não foi o melhor, e ao intervalo o cenário estava mau. Não podíamos sofrer outra derrota, porque neste momento os pontos são mais do que meros pontos que nos dão uma classificação na tabela. Nem os tantos vitorianos que lá estavam presentes mereciam (mais) uma derrota.
Jogar com o Boavista é sempre especial por toda a tradição e história que os clubes carregam. Este jogo não foi excepção e apesar do pobre futebol e fruto das campanhas menos "ricas" que os clubes estão a fazer as emoções estiveram sempre à flor da pele. Pelo menos as minhas, eu que não consigo sentir o Vitória com menos intensidade quando as coisas correm menos bem. Sou assim, somos assim.
Por sermos assim e pelas nossas características tão únicas, acredito que somos a única massa associativa do país capaz de fazer uma deslocação destas. Por uma deslocação destas entenda-se: uma viagem de comboio Guimarães - Campanhã (que saiu de Guimarães por volta das 14 horas), depois uma viagem no metro (em estilo sardinhas enlatadas) até à Avenida da Boavista. Para chegar da Avenida da Boavista até ao estádio percorrer cerca de 3km a pé (segundo o Google Maps) que pareceram 10km porque parámos de 3 em 3 minutos (acreditem que não estou a exagerar). Mas tenho de admitir que apesar de ser muito chato estar sempre a parar soube muitíssimo bem gritar pelo Vitória no meio da cidade do Porto e ver pessoas sair dos cafés, lojas e casas (e também da Casa da Música) para nos ver passar e filmar, soube muito bem ao longo do caminho e das janelas (inclusive perto do estádio do Boavista) gritarem pelo Vitória e desejarem "Força" e "Boa sorte" - acredito que não sejam vitorianos, mas acredito que gostem de nós, aliás, perante tamanha manifestação de amor é impossível não gostar e soube bem ver todos os turistas que passeavam naqueles autocarros turísticos festejar connosco e a aplaudir-nos e a filmar-nos (devem ter ido para os países deles a pensar que nós tínhamos ganho a Champions League cá da zona). Tudo isto para chegar ao Estádio e apoiar ininterruptamente e de forma soberba (como só nós conseguimos fazer) durante mais de 90 minutos. Depois fazer a viagem de regresso a Guimarães, claro. Mais uns bons 3 ou 4 km para apanhar o metro e regressar à estação da Campanhã para apanhar o comboio das 21 horas para fazer a viagem de regresso a pé (para a maioria dos adeptos, eu incluída) onde a palavra mais ouvida era "jantar" para chegar ao Berço por volta das 22h40m. (De realçar que esta deslocação ocorreu sem nenhum incidente, tomem nota "grandes")
Sim, definitivamente somos os únicos capaz de o fazer. Fizemos e voltaríamos a fazer apesar de no final as nossas pernas já nem nos quererem responder tamanho é o cansaço (e o frio). Fazemos porque acreditamos no Vitória e porque sabemos que o Vitória é nosso. É nosso e há-de ser. Porque ninguém consegue tomar melhor conta dele. Afinal, devemos cuidar de quem amamos e como uma vez li em algum lado o segundo verbo que mais conjugamos é sofrer. O primeiro é, sem dúvida, amar!
O vídeo que não consigo anexar (e que não é meu) está aqui.

sábado, 14 de novembro de 2015

Nous sommes avec vous

Acordei com um sentimento de revolta a pensar que talvez tudo tivesse sido um pesadelo e nada disto tivesse acontecido. Infelizmente aconteceu. A França está de luto e nós também, pelas vidas inocentes que ontem foram roubadas em nome do poder a todos os custos e sem meias medidas. O ataque de ontem é repugnante, é triste e desolador. Tudo a acontecer aqui tão perto. Em dias destes o pior do ser humano tem destaque. Não consigo ainda conceber esta ideia de Paris em silêncio e com as luzes apagadas. Não consigo entender que alguém tenha coragem de matar outro ser humano.
Hoje acordei com o coração apertado porque podia ser eu ou alguém que eu conhecesse. Em nome de quê? Com que objectivo? No fim, chegamos todos ao mesmo sítio. No fim a morte espera-nos a todos mas ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém. A todos os familiares das vítimas da noite de ontem as minhas sinceras condolências. La mort n'est rien

La mort n'est rien
Je suis simplement passé dans la pièce à côté.
Je suis moi. Tu es toi.
Ce que nous étions l'un pour l'autre, nous le sommes toujours.
Danne-moi le nom que tu m'a toujours donné.
Parle-moi comme tu l'as toujours fait.
N'emploie pas de ton différent.

Ne prends pas un air solennel ou triste-
Continue à rire de ces petites choses qui nous amusaint tant...
Vis. Souris. Pense à moi. Prie pour moi.
Que mon nom soit toujours prononcé à la maison comme
il l'a toujours été.
Sans emphase d'aucune sorte et sans trace d'ombre.

La vie signifie ce qu'elle a toujours signifié.
Elle reste ce qu'elle a toujours été. Le fil n'est pas coupé.
Pourquoi serais-je hors de ta pensée,
Simplement parce que je suis hors de ta vue?
Je t'attends. Je ne suis pas loin.
Juste de l'autre côté du chemin.
Tu vois, tout est bien.

La mort n'est rien - Henry Scott Holland

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sétima Arte | Django Unchained

Há filmes. Depois há o Django. É óbvio que esta distinção merece ser feita. Senão vejamos: o filme é de Tarantino e no elenco temos os monstros Leonardo DiCaprio, Jammie Foxx, Christopher Waltz, Sammuel L Jackson e Kerry Washington. Podia nem acrescentar mais nada e acho que vocês já tinham percebido que é, com toda a certeza, um filme memorável. Quem ainda não viu pode até assustar-se com os 165 minutos de duração, parece muito tempo para um filme. E provavelmente seria, se não fosse de Tarantino.
Não vou dizer que é um filme que vai agradar unicamente aos admiradores e fãs de Tarantino, não. Seria injusto limitar assim uma obra-de-arte. Acredito que, mesmo para aqueles que não apreciam este tipo de filmes, seja um grande filme. No entanto, para os que apreciam o estilo tão singular de Tarantino (é impossível não identificar um dos seus filmes), este filme é bem capaz de os deixar em êxtase. Como me deixou a mim.
Não sei se sou a única a pensar assim, mas eu penso que Hollywood tem medo de tocar no tema da escravatura. Quando o faz é de forma muito sensível e sempre com a ideia de abolição e de liberdade presente. Não quero dizer que esteja mal, e eu entendo porque é um tema realmente sensível, mas isto leva-me a pensar que só Quentin Tarantino podia pegar num tema tão delicado e que facilmente é interpretado de 20 formas diferentes (nem sempre positivas) e fazer uma obra-de-arte que mistura acção, comédia e suspense como Django. Sim, há muitos momentos cómicos durante estas 2 horas e 45 minutos.
Já todos sabemos também que se há alguém que consegue transformar os actores na melhor versão de si próprios é, claramente, Tarantino. Voltou a fazê-lo. As interpretações são soberbas e é daquelas situações em que é impossível destacar alguém porque se o fizesse era uma injustiça para os restantes. Leonardo DiCaprio, no papel de Calvin Candie - proprietário da Candieland, uma plantação de algodão no racista Mississipi-, dá aquilo a que já nos habituou em todo os filmes que participa, uma interpretação inesquecível, onde vai de um desprezível menino bonito com demasiadas tendências racistas a ser um dos vilões mais épicos de Hollywood dos últimos anos; há uma cena memorável em que ele parte um copo e fica a sangrar, o que muita gente não sabe é que ele cortou mesmo a mão e sangrou de verdade, só que não quis parar e continuou a ser brilhante (what's not to love about this guy?). Jammie Foxx, o nosso Django, também não podia estar melhor na pele de um tímido escravo que depois de um fortuito encontro com Dr. Schultz, se torna no mais rápido pistoleiro do sul, mas sendo sempre um eterno apaixonado que faz tudo para recuperar a sua mulher, de quem o separaram - consegue ser cómico quando deseja, charmoso sempre que quer e detestável quando precisa. Não consigo esquecer os momentos em que tem de interpretar um esclavagista, o que para ele só é tolerável porque tem de recuperar Broomhilda. Christopher Waltz tem, para mim, no Dr. King Schultz, a interpretação da sua vida - um alemão, dentista sem exercer e caçador de prémios, que abomina a escravatura e que sente uma grande compaixão pela história de Django e Broomhilda, ao ponto de arriscar a sua vida para os ajudar a ficar juntos. É extremamente divertido e é impossível não gostar dele. Samuel L Jackson é o detestável Stephen, o fiel servo de Candie já de idade avançada e que é demoníaco - não conseguimos desenvolver nenhum carinho por este homem, bem pelo contrário. Tem uma interpretação perfeita, não tenho absolutamente nada a apontar! Kerry Washington cumpre muito bem o seu papel de Broomhilda, uma escrava que tem as suas marcas por todo o corpo e é dramática sempre que tem de o ser, sem exageros. 
Para além dos desempenhos brilhantes deste elenco de luxo, e para completar a obra-de-arte, há um argumento fabuloso com diálogos brutais e duros, mas também cómicos - acho que é por este dom que Tarentino consegue oferecer-nos o melhor dos seus actores. A banda sonora também merece um grande destaque, é como se fosse uma personagem porque é impossível imaginar o filme sem ela, mas tem um grave problema: é que acaba. A sério, mesmo que não queiram ver o filme (mas vejam!) ouçam com atenção a banda sonora porque é sublime.
Sem dúvida nenhuma, Django é um dos melhores filmes dos últimos anos e que nos consegue entreter com a maior das facilidades durante 2 horas e 45 minutos. Com a marca indelével de Tarantino, as interpretações perfeitas de um elenco maravilhoso, uma banda sonora de chorar porque acaba e um argumento de fazer inveja, temos horas garantidas de puro deleite e de uma experiência cinematográfica única. São estes filmes que me fazem ser fascinada por cinema e entender que quando um filme começa o meu mundo passa a ser esse e não o mundo real. Cinema é o que cada um quiser fazer dele, para mim é uma forma de escapar do mundo real e viver outras vidas. Django é cinema puro para ver, rever e voltar a ver e ficar cada vez mais maravilhado!

P.S.: Não, os óculos de sol ainda não existiam na altura, mas vá, vamos perdoar o nosso Tarantino porque o Jammie Foxx fica com um ar badass naqueles óculos pelos quais eu fiquei apaixonada.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Isto da coligação à esquerda ser legítima é uma anedota não é?

Eu já disse aqui que com facilidade me dão 15-0 numa conversa sobre política. É totalmente verdade. Ainda assim eu vou continuar a falar de política, daquilo que vejo e gosto (não acontece assim muitas vezes) e daquilo que vejo e não gosto. Eu também não sei cantar, mas continuo a cantar. Percebem a ideia? Exacto. Vamos continuar.
Da última vez que eu verifiquei, a coligação PSD-CDS teve mais votos do que os outros partidos. Ou seja, ganhou. Espantem-se agora: quem ganha é quem tem mais votos! Eu sei que isto é uma grande novidade e peço que não fiquem demasiado indignados, eu vou explicar mais à frente como é que este fenómeno se processa para aqueles que não conseguem entender... como o António Costa.
Antes de continuar deixem-me informar-vos que não este post não tem como intenção defender a coligação nem o Passos Coelho nem o Paulo Portas e atacar o PS e o António Costa (e os seus novos melhores amigos), eu já disse e volto a dizer: eu não voto em partidos, eu voto em pessoas (e não gosto do Paulo Portas). Isso até pode ser a coisa mais ignorante desta vida, e eu até posso vir a defender um partido no futuro mas agora não é com isso que me identifico. Este post tem como objectivo partilhar as minhas ideias. Tem tendência a ser relativamente sarcástico, mas isso agora não interessa nada.
Voltando à parte de ganhar quem tem mais votos. Desde pequena que me ensinaram assim. É uma fórmula muito simples e que não tem nada que enganar. Neste caso, uma vez que foram mais portugueses votar na coligação do que nos outros partidos, a coligação ganhou. Não é física quântica pois não? Os meus primos de 5 anos sabem que é assim que funciona. Se se quiserem reger pela filosofia de António Costa, então eu vou reclamar contra a Liga Portuguesa de Futebol... é que se o Vitória fizesse uma coligação com o Moreirense tínhamos sido campeões mas com uma distância brutal do Benfica, ficava o campeonato em Guimarães e ninguém se chateava. Só que eu sei (e toda a gente sabe) que quem ganha... é quem tem mais votos!
Aparentemente António Costa quer fazer com que eu acredite que a minha vida foi uma mentira. Que quem ganha é quem tem menos votos. Aliás, estou a enganar-vos agora. Ele sabe que ganha quem tem mais votos, mas uma vez que ele teve menos votos, acha que se se juntar a outros partidos que também tiveram menos votos é ele o vencedor (e os outros partidos). Corrijam-me se eu estou errada, mas na folha de voto tinha um quadradinho para o PS, outro para o BE e outro para a CDU. Não me lembro de ver lá um quadradinho para a opção PS/BE/CDU, e olhem que eu vejo bem. Uma vez que essa opção não existia, os portugueses não podiam votar nela. Então, nem António Costa nem Catarina Martins nem Jerónimo de Sousa, nem ninguém em boa verdade, têm legitimidade para dizer que os portugueses votaram mais neles do que na coligação porque não é verdade, nem que eles façam 5 mortais seguidos.
Esta coligação à esquerda acha-se legítima por dois motivos. Primeiro, porque em 2011, aquando da formação do governo, formou-se a coligação PSD/CDS. Segundo, os votos são para o número de deputados e não para o primeiro-ministro.
Tenho de recuar no tempo para 2011. Nessa altura foi a coligação PSD/CDS que formou governo. Há é uma "pequena" diferença entre 2011 e 2015: em 2011 o partido mais votado tinha sido o PSD (o partido vencedor). Não dá para comparar uma coisa com a outra porque os termos são totalmente diferentes.
É verdade que nas eleições não votamos para eleger um primeiro-ministro, votamos para eleger o número de deputados. Têm razão, as eleições são para eleger deputados. Os deputados eleitos são os seguintes: a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS) ficou com 107 dos 203 assentos disponíveis, o PS conquistou 86, o BE tem 19, a CDU 17 e o PAN elegeu 1 deputado. Feitas as contas, esta nova coligação tem 122 (86+19+17) deputados eleitos, mas não são legítimos, porque não foi o que o os portugueses elegeram porque votar numa coligação PS/BE/CDU é totalmente diferente de votar no PS ou no BE ou na CDU. Se é verdade que votamos para eleger os deputados, também é verdade que, sendo o sistema político de Portugal semipresidencialista, é o Presidente da República que indigita o Primeiro-Ministro. Mais uma vez me vejo obrigada a lembrar-vos que o nosso Presidente da República, de seu nome Aníbal Cavaco Silva, indigitou... Pedro Passos Coelho! No Luxemburgo o Primeiro-Ministro não é do partido que venceu as eleições, mas o Luxemburgo é um país que tem como sistema político o parlamentarismo, ou seja, o Primeiro-Ministro é eleito pelo parlamento e não é indigitado pelo Presidente da República.
Esta crise política está só a confirmar uma coisa que eu já sabia (e que se calhar não é a coisa mais ignorante desta vida): não votem em partidos! Por uma razão muito simples... Os partidos não respeitam os seus ideais políticos, mudam de ideias como lhes é mais favorável e tudo com um único objectivo: a obtenção de poder a todo o custo. Basta uma rápida pesquisa na internet para ver os golpes que os representantes destes três partidos desferiam uns nos outros e que agora se tornaram melhores amigos e querem que os portugueses comprem a ideia de que Portugal está cheio de fadas e unicórnios. À pouco mais de um mês, no final de Setembro, Catarina Martins (BE) disse que “O que era bom era que o PS dissesse qualquer coisa de esquerda”. Jerónimo de Sousa também se manifestou sobre a sua visão do PS, relativamente às eleições legislativas que ocorreram este ano, dizendo que "deste PS que nem é carne nem é peixe, que mais parece um caranguejo moído em termos de definição de uma política alternativa". Para António Costa, em Setembro,  " quem ouvir o PCP ou o BE percebe que os dois partidos só têm um objetivo: combater o PS. São meros partidos de protesto, querem estar nas manifestações mas não no Governo a resolver os problemas das pessoas" quando o jornalista o questionou se um acordo à esquerda era possível. Não sei que revolução aconteceu entre Setembro e Outubro/Novembro para que estes três partidos se tornassem em melhores amigos inseparáveis quando antes não paravam de se criticar e atacar uns aos outros. Aliás, nada aconteceu. A verdade é que eles não querem defender as suas ideias, não querem o melhor para os portugueses. Tudo o que querem é o poder, a todo o custo (eu não sei, mas eu quase apostava que o António Costa vendia um rim e um pulmão se o deixassem ser Primeiro-Ministro!).
 Por tudo isto que já disse, sempre que dizem que a coligação à esquerda é legítima eu tenho vómitos e morre um unicórnio. Nem aqui, nem em lado nenhum, esta coligação oportunista é legítima. Esta coligação está a fazer apenas uma coisa: denegrir ainda mais a classe política portuguesa e, consequentemente, o nome de Portugal. Enquanto este impasse político continua e parece não se resolver porque uma data de iluminados acha que os portugueses são burros e não sabem que quem ganha é quem tem mais votos, a bolsa está em queda desde ontem e os bancos já estão reticentes com o que se poderá passar. Para terem uma ideia: a bolsa de Lisboa ontem fechou com uma queda de 4% e o banco alemão Commerzbank enviou um relatório aos seus clientes (que são 11 milhões de clientes privados e 1 milhão de clientes corporativos espalhados pelo mundo) intitulado "Portugal. A próxima Grécia?".
Acho que já não preciso de acrescentar nada ao que disse. É inadmissível uma situação como esta passar-se num país "civilizado". Isto não é, nem pode ser de forma nenhuma, uma expressão de democracia. A coligação à esquerda não respeitou o voto dos portugueses. Lembrem-se de que na folha de voto não aparecia lá "Esquerda" nem "Direita".

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Eu não quero ser chata mas...

Ainda à pouco tempo falei aqui do lixo em que a comunicação portuguesa se está a tornar, disse-o porque todos os dias vejo um desrespeito enorme pela maioria dos clubes portugueses e uma veneração quase divina pelos do costume. Uma comunicação que já cansa, que é ridícula e que em nada acrescenta ao nosso país. Disse-o porque não me conformo e não sou de me conformar. Ontem sabia que hoje me ia revoltar outra vez. Demasiado fácil, demasiado previsível.
Se estão a par das novidades sabem que ontem foi um dia histórico para o ténis português: João Sousa conquistou o torneio ATP250 de Valência e alcançou a sua melhor posição de sempre no ranking mundial sendo que é também a melhor posição de sempre de um português, Gastão Elias venceu o Challenger de Lima e Frederico Silva foi campeão no Future do Egipto.
Sabem qual é o destaque dos jornais desportivos? Exactamente, os do costume. João Sousa tem um pequeno destaque em todas as capas mas a capa vai mesmo para o Sporting e o Porto. Os três jornais desportivos portugueses dão um destaque mínimo ao feito de três portugueses que honraram tão bem o nosso nome por todo o mundo.
Eu sei que há assuntos mais importantes para discutir mas há coisas que me fazem alguma espécie, ou então sou só eu que implico com tudo e todos. Como quiserem. A verdade é que o que eu disse é inegável, o destaque que dão a estes atletas é mínimo e dão uma atenção máxima sempre aos mesmos. Portugal não é pequeno, mas há coisas que me fazem duvidar disso!

domingo, 1 de novembro de 2015

Obrigada João!!

Infelizmente não pude acompanhar o jogo de João Sousa em directo, mas fiquei muito feliz quando soube que estava na final do Torneio ATP de Valência porque acredito sempre que consiga vencer todas as finais que disputa porque sei que tem qualidades suficientes para isso. De 7 finais disputadas, já venceu duas delas em Kuala Lumpur e agora em Valência. É, indiscutivelmente, o melhor português de sempre e alcança a melhor posição da sua carreira, posicionando-se na 33ª posição do ranking mundial.
São pessoas e atletas como o João que representam Portugal lá fora de forma sublime e com a maior classe possível. É nestes momentos que tenho muito orgulho de ser portuguesa e vimaranense. É muito bom saber quem nos representa!
MUITOS PARABÉNS CONQUISTADOR!

terça-feira, 27 de outubro de 2015

A minha estante | 1984

Há livros que eu tenho medo de ler porque as minhas expectativas estão para lá de altas. Um desses livros era 1984, de George Orwell (pseudónimo de Eric Arthur Blair). Não consegui resistir mais e devorei-o em dois dias. As minhas expectativas estavam altas mas consegui ficar positivamente surpreendida. Tornou-se, com facilidade, um dos meus livros favoritos. Por isso torna-se difícil falar dele, porque é sempre mais difícil falar em público do que é pessoal para nós.
Em 1984 conhecemos uma sociedade distópica, em que o Estado, na figura do Big Brother (O Grande Irmão), controla tudo e todos. O mundo divide-se em três mega-blocos:Oceânia, Lestásia e Eurásia. A sociedade da Oceânia divide-se no Partido Interno, o Partido Externo e os Proles. Todos os cidadãos, excepto os proles (a maioria da sociedade, com nenhuma educação e que por isso não são uma ameaça ao governo), são vigiados durante todo o dia, através dos telecrãs que têm em suas casas ou através dos espiões que estão por todo o lado. Desde cedo as crianças são ensinadas a denunciar tudo à Polícia do Pensamento e são inclusive encorajadas a denunciar os próprios pais se estes tiverem um comportamento suspeito (sendo que todos os comportamentos são suspeitos, como ir por um caminho diferente do habitual). Estas denuncias geralmente levavam à detenção e à tortura ou até mesmo à vaporização de quem tem a infelicidade de ser denunciado (era como se nunca tivessem existido, passavam a ser impessoas). Todos os dias são transmitidos, através dos telecrãs os "2 Minutos de Ódio" em que, tal como o nome indica, são dois minutos em que são passadas imagens e ideias de Emmanuel Goldstein, o grande inimigo do Partido. Durante estes 2 minutos, os espectadores são encorajados a destilar todo o seu ódio nesta figura através de insultos e com extravagância qb. No final têm oportunidade de mostrar todo o amor pelo Big Brother. Quem não o fizer é considerado suspeito! A verdade é que não há nenhuma lei escrita. Não é proibido falar mal do Governo, ou discordar dele. No entanto quem o fizer é sentenciado com a pena de morte.
O slogan do Partido é: Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão, Ignorância é Força. Este slogan é criado tendo como base o duplopensar. A palavra duplopensar é uma criação da novilíngua, que pretende tornar-se na língua oficial da Oceânia (eliminando o inglês corrente, referido como a velhilíngua) e que aspira a eliminar, na sua versão final, todas as palavras que podem ser uma ameaça ao Governo e que possam criar no cidadão o acto de pensar reduzindo-o ao que é necessário. Ou seja, se a palavra liberdade não existe então o seu conceito também não existe e se a palavra bom existe não seria necessário existir a palavra mau, bastava dizer-se que era imbom e deixava de ser necessário existir as palavras óptimo ou espectacular, bastava dizer que algo era extrabom ou duploextrabom. O conceito duplopensar é, como Orwell descreve, "o poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas".
O Partido faz-se representar através de quatro ministérios: o Ministério da Verdade , o Ministério do Amor, o Ministério da Riqueza e o Ministério da Paz. A ironia reside no facto de que nada é o que parece. O Ministério da Verdade é responsável pela falsificação de documentos que possam representar uma referência ao passado: o Partido nunca pode estar errado. Se o Big Brother  fez uma previsão à cinco semanas sobre a produção de alguma coisa e os dados não estivessem correctos o Ministério da Verdade tinha de alterar esse discurso de forma a que tudo estivesse certo, ou se alguém que fora um dia mencionado e se tivesse tornado uma impessoa esse artigo era eliminado e substituído por um artigo qualquer. O Partido tinha de ser infalível. O Ministério do Amor trata de controlar a população e da lavragem cerebral, é um edifício imponente, uma espécie de fortaleza que não tem janelas para que os dissidentes que lá se encontram em cativeiro estejam totalmente isolados, é onde os prisioneiros são torturados. O Ministério da Riqueza tratava da economia da Oceânia, fabricando boletins que apresentavam números incríveis e que pretendiam passar a imagem de que tudo era perfeito quando na verdade os proles viviam em condições desumanas. Por fim, o Ministério da Paz era responsável por manter a guerra (contra a Eurásia ou contra a Lestásia, sendo que quando a guerra era com um, o outro era o aliado) porque a guerra era uma forma de manter a população com o patriotismo ao rubro e unida.
Ainda estão comigo? Óptimo, avancemos! História que é história tem um herói. O nosso é Winston Smith, um cidadão totalmente comum, com 39 anos tem uma úlcera varicosa acima do tornozelo direito e um casamento falhado com uma completa devota ao Governo mas com quem não mantém nenhum tipo de contacto. Em pouco tempo percebemos que Winston não concorda com as ideias do Governo e do Big Brother, para conter a sua revolta escreve, envolto em medo, um diário onde revela as suas ideias revolucionárias contra o Partido.
Winston conhece Julia, uma rapariga intrigante que parece persegui-lo e a quem ele sonha em esmagar o crânio com uma pedra porque pensa que ela faz parte da Polícia do Pensamento e o vai denunciar por ele andar a vaguear no meio dos proles. Até que num dia normal Julia cria uma distracção só para entregar um bilhete a Winston sem que ninguém se aperceba, eles têm um encontro e percebem que se sentem totalmente atraídos um pelo outro. Julia é, à primeira vista, uma ortodoxa convertida às ideologias do Partido: passou pelos Espias e ingressou na Liga Anti-Sexo (o sexo era visto como uma mera actividade reprodutiva, sendo que o sexo devia sempre ser separado do prazer, era abominável ter prazer) no entanto discorda tanto destas ideologias como o próprio Winston.
Esta esperança de revolução fortifica-se quando O'Brien, um membro do Partido Interno com quem Winston sentia alguma ligação o convida para aparecer em sua casa para conhecer a nova edição do dicionário de Novilíngua. É nesse momento que Winston se vê envolvido em algo realmente maior do que ele e do que Julia.
Apesar de ter sido finalizado em 1948, esta obra é realmente fenomenal e continua actual. O objectivo de Orwell era criticar o totalitarismo e conseguiu-o de forma magistral. Nos dias actuais somos constantemente manipulados e estamos sempre sob vigilância. Não da forma radical como a sociedade de 1984 mas continuamos debaixo de uma vigilância constante em que todos sabem aquilo que fazemos e comemos e com quem estamos. Os jornais que são uns fantoches manipulados nas mãos de quem tudo pode, manda e faz. Será que vamos chegar um dia a 1984? De qualquer das formas lembrem-se sempre: Big Brother is watching you.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Fazem disto um circo

Não fui ao circo, não. Só parece. Hoje depois do Sporting ter ganho 3-0 na Luz uma estação qualquer transmitiu em directo de 23649718 cafés e 2765352 lugares onde perguntaram a benfiquistas e sportinguistas as suas opiniões sobre o jogo. Como se os 27862948272672 directos desde a segunda-feira passada não fossem já suficientes. Não, não é por eu não ser afecta a nenhum destes clubes que isto é ridículo. É mesmo porque inaugura um novo patamar de estupidez. Já é do conhecimento geral que só existem três clubes no futebol português (eu já sugeri fazerem um campeonato entre os três, e depois o resto das equipas estão noutro campeonato) e de vez em quando existem os clubes adversários. No entanto, este pequeno circo toma proporções megalómanas quando estes três clubes se defrontam entre si.
Eu compreendo que este jogo tinha contornos peculiares devido a toda a polémica que houve no início da época (e que ainda não serenou), então sabia de antemão que ia ter demasiada atenção (mais do que aquela que deveria). Compreendo também que pela dimensão, pela história e pela rivalidade entre estes dois clubes ia ser dada uma maior atenção do que a um Arouca - Tondela (com todo o respeito por estas duas equipas). Isso compreendo. Não compreendo é que um Arouca - Tondela seja ignorado porque há um Sporting - Benfica, isso não compreendo porque os quatro clubes participam do mesmo campeonato: o português, o nosso!
Não compreendo que nos telejornais passem resumos dos jogos da Inglaterra, da Rússia e se lhes desse na real gana até passavam resumos dos jogos do Butão (eu também não sabia que eles tinham um campeonato de futebol, mas têm, google it), mas não passam resumos de jogos dos clubes portugueses a não ser que joguem contra três clubes específicos. Aí já passam umas imagens dos treinos e das conferências de imprensa e assim. Só para dar aquela falsa sensação de tratamento igual para todos.
Sabem aqueles programas de futebol em que supostamente é para falar de futebol mas que como cenário têm os símbolos dos estarolas do costume? Pois, eu também sei mas como para mim são uma fantochada em que a maioria dos comentadores perde o bom-senso porque não tem postura nenhuma e falam de tudo menos de futebol a sério eu não os vejo porque não há seriedade nem igualdade. Enquanto a comunicação trabalhar assim, com filhos e enteados não conseguem ter o meu respeito. O futebol é de todos e mais importante, é para todos. Se querem pôr uns no pedestal e outros debaixo do chão então não podem dizer que estão a fazer um trabalho sério e de informação. Nem se auto-proclamem jornalistas quando são meros jornaleiros.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

O meu tempo tem sido sugado sei lá bem para onde e eu raramente tenho ligado o computador e quando o faço é para desfrutar de uma série (estou a acompanhar uma nova, Blindspot, que está a ser maravilhosa, depois conto-vos!) ou para ver um filme. Ou então para fazer alguma pesquisa ou trabalho para a universidade, claro! Apesar de as aulas já terem começado à algumas semanas ainda não consegui organizar bem o meu calendário e tenho andado bastante cansada. Há muitos temas sobre os quais quero falar por cá e pretendo fazê-lo assim brevemente. Quero falar-vos do 1984. Do meu Vitória, infelizmente as coisas não têm corrido pelo melhor. E de mais uma data de coisas. Por isso fiquem por cá, vou tentar ser uma companhia mais assídua. Só passei por cá porque tinha saudades de partilhar alguma coisa. Nem que fosse um bocadinho da minha própria confusão!

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O significado das palavras

Às vezes as palavras são tão usadas que nós nem pensamos mais no significado real das mesmas, pensamos que as conhecemos sem as conhecer. Só de vez em quando, quando alguma coisa desperta essa nossa curiosidade adormecida, é que pensamos e reflectimos na realidade das palavras que são tão fundamentais na nossa ligação aos outros. Melhor do que continuar a tentar explicar o que quero dizer, deixo em baixo um vídeo que tem tanto de engraçado como de verdadeiro. O vídeo pretende esclarecer dois conceitos: empatia e simpatia. Se calhar nunca pensaram muito na distinção. Eu nunca o tinha feito. 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Sétima Arte | Trainspotting

Quando vi o Requiem for a Dream tinha lido vários comentários que o comparavam a Trainspotting. Conhecia vagamente o filme e sabia que o tema principal era o uso de drogas, por isso a comparação entre estas duas obras ser tão evidente. Apesar do tema ser o mesmo acho que são dois filmes muito distintos. Requiem for a Dream é, indubitavelmente, um dos filmes que mais me marcou até hoje, continua a arrepiar-me e a mexer imenso comigo e portanto, se tivesse de escolher um, seria esse. Acho que a maior diferença reside no facto de Trainspotting ser um filme mais leve, que dá espaço para rir de algumas das deixas de um ou outro personagem. É, também ele inesquecível e o seu lado psicadélico com cenas absolutamente icónicas como quando Renton (Ewan McGregor) "mergulha" na sanita mais suja da Escócia para procurar os seus comprimidos ou a cena em que o espectador vê Renton ser, aparentemente, enterrado quando este se encontra num estado entre a vida e a morte. O que se separa este filme de todos os filmes sobre o uso de drogas? É a sua objectividade. O que quero dizer com isto é que é um filme que não tem um tom moral relativamente ao uso de drogas, é a realidade pura e dura sem flores ou adornos e eu gosto muito disso. Uns verão este filme como pró-drogas e outros como anti-drogas. Outros verão uma obra-prima do cinema. Essa interpretação, Danny Boyle deixa-a connosco.
As drogas apresentavam-se como um caminho alternativo à sociedade consumista e fútil dos anos 90. É um escape à vida sempre igual de todos os outros, pessoas monótonas e todos com os mesmos objectivos. A heroína é um prazer e um grito de revolta dos jovens para quem a sociedade parece não ter espaço. Renton, que se revela capaz de levar uma vida normal, vai narrando episódios da sua vida e da vida dos seus amigos: o inocente e trapalhão Spud (Ewen Bremner), o interesseiro Sick Boy (Johny Lee Miller), o atinado mas que acaba por se tornar como os amigos Tommy (Kevin McKidd) e Begbie (Robert Carlyle), viciado em álcool e violento qb. Sabem o tipo de companhias com quem nenhuma mãe sonha que os seus filhos se dêem? São eles. O pano de fundo são os arredores de Edimburgo, na Escócia e Londres, onde Renton acaba por começar uma vida longe das drogas e arranja um emprego convencional... até que tudo recomeça quando os amigos lhe decidem aparecer à porta.
Injectam-se com heroína pelo prazer mas também pelo desafio, por ser contra o que todos esperam, até porque, segundo Renton, num diálogo frenético em que enumera todas as drogas com ele e os amigos se injectam refere que "até nos injectávamos com Vitamina C, se fosse ilegal". O filme é uma experiência em que não conseguimos ver as personagens como heróis, mas passamos o tempo todo a olhar para ele como se fossem uns desgraçados, até sentirmos pena deles. No entanto não conseguimos evitar uma pergunta no final do filme: afinal quem é mais triste? É a sociedade que tem uma vida normal, sempre igual, planeada ao mais ínfimo pormenor e moralmente aceitável ou este grupo de jovens, que encontra prazer e felicidade no companheirismo que todos têm por compreenderem entre si o vício das drogas e na heroína, sem nunca querer ceder à vida adulta e a um envelhecimento convencional?
Para além do argumento ser extremamente bom, a direcção de Danny Boyle é frenética e soberba. Os desempenhos dos actores foram maravilhosos. A todos estes pontos positivos junta-se mais um: a banda sonora que é de luxo e que faz do filme algo ainda melhor (e eu acho que se bem escolhida e seleccionada, a banda sonora acaba por ser também uma personagem).
No início deste post disse que era um filme mais leve do que o Requiem for a Drem. Sem dúvida que é, mas continua a ser um filme difícil de ver com cenas que de facto nos fazem sentir quase aquilo que as personagens sentem, que nos assombram como quando Renton está em recuperação no quarto da casa dos seus pais e o bebé anda no tecto, enquanto tem uma visão dos seus amigos. Apesar de ser difícil é um filme imperdível, nada convencional e mais do que isso, é uma obra-prima inesquecível do género de que Hollywood anda a precisar neste tempo de crise criativa que por lá paira. Há boas novidades: Danny Boyle anunciou a sequela para 2016 com os mesmos actores e inspirado no livro homónimo de Irvin Welsh (e que eu espero ler em breve no idioma original para que nada se perca na tradução)!
Danny Boyle dirigiu outro filme que eu gosto muito: The Beach com Leonardo DiCaprio no papel principal e dois outros filmes bastante conhecidos e reconhecidos: 127 Hours e Slumdog Millionaire

P.S.: Trainspotting é, na Inglaterra e na Escócia, o acto de fazer alguma coisa que é uma perda de tempo, nomeadamente escolher um comboio e marcar sempre as horas a que ele passa. É mesmo uma perda de tempo, mas há outras coisas que Renton enumera no início do filme e que corresponde a cada personagem: para si, a heroína, vista como o maior desperdício de tempo. O Sick Boy é obcecado por filmes do James Bond, o Begbie por álcool e lutas de bar, o Spud quer sempre evitar trabalhar e Tommy encontra o seu entretenimento em filmar-se a ter relações sexuais com a namorada.

sábado, 3 de outubro de 2015

Votar ou votar... eis a questão

Ilustração de Justin Metz para a Bloomberg Businessweek (também é capa da Sábado da edição nº 596)
É aquela altura do ano em que o país se divide em dois tipos de pessoas: os que vão às urnas votar e os que não vão. Bem, é uma generalização que me dá jeito fazer a partir de agora. Pela primeira vez este ano vou poder votar. Não vou estar aqui com conversa de intelectual que percebe muitíssimo de política porque isso não corresponde à verdade. A maioria das pessoas dá-me 15 a 0 em assuntos políticos com relativa facilidade. Considero-me uma pessoa informada e vou acompanhando as notícias por isso vou tendo conhecimento daquilo que se passa no país, apesar de às vezes haver assuntos do domínio político que tenho mais dificuldade em acompanhar. Não me orgulho disso, gostava de ser uma pessoa capaz de ter uma conversa de mais de 2 minutos sobre política, gostava inclusive de fazer alguma coisa relacionada com política. Ultimamente, e tendo em conta que este ano vou votar, tenho estado mais interessada mas continuo sem perceber muita coisa.
Se calhar vou ser injusta no que vou dizer, ou então não. Os políticos da actualidade não me inspiram, não me dão confiança, não me dão vontade de os ouvir. Uns mais do que outros, claro. Mas de forma geral não me dão razões suficientes para os ouvir. As campanhas eleitorais são uma anedota em que os políticos fingem que se preocupam verdadeiramente com a população e em que prestável e estrategicamente se deslocam onde lhes dá mais jeito. Depois, o escândalo e a corrupção. A sujeira política dá-me vómitos. Os que não sabem responder àquilo que já devia estar mais do que pensado ainda mais vómitos me dão.
Nunca tive um partido. E não tenho um partido. Ao longo da minha vida as pessoas pelas quais estou rodeada e que defendem um partido não o defendem porque acreditam na sua ideologia ou nos seus líderes, defendem-no porque sempre o fizeram e então é a "tradição". A maioria das pessoas que conheço limita-se a dizer que está sempre tudo na mesma, mas nunca argumentam esse ponto de vista. Nunca fui estimulada para a política, nem em casa nem na escola. Não considero que seja uma desculpa para a ignorância política ou para o alienamento das sociedade. Não acho que seja um problema exclusivo da minha geração, bem pelo contrário, acho que a ignorância política é transversal à sociedade. E acho um erro não se abordar temas ligados à política na escola. Quiçá a ignorância seja benéfica a uns quantos...
Continuando com o tema central deste post: o voto. Acho incrível como há pessoas que vêm o acto de votar como desnecessário ou dispensável. Não é um dever nem uma obrigação, certo. Temos a liberdade para escolher entre votar ou não, certo. No entanto, não consigo deixar de pensar que é totalmente inadmissível não votar. Acho ainda mais inadmissível aqueles que não votam julgarem-se no direito de reclamar de tudo e mais alguma coisa que os políticos fazem. O acto de votar é um direito, um direito que conquistamos e a oportunidade que temos em expressar o nosso contentamento ou a nossa desconfiança, é o momento em que nos podemos expressar de forma a que alguém nos oiça. Votem em branco, votem na Srª de Cor-de-rosa ou em quem quiserem, mas por favor não se esqueçam de votar. É só uma hora que têm de tirar do vosso dia, ou nem tanto. Por isso não se esqueçam da importância do voto neste dia e nesta altura. Querem as coisas diferentes então têm de as mudar e não esperar que alguém faça isso por vocês. Se não votarem... pensem duas vezes antes de falar de política nos próximos anos!

P.S.: Quando fui à Turquia o ano passado estavam também em época de eleições e a verdade é que nota-se o envolvimento dos jovens e da sociedade em geral na política. A verdade é que eu contactei com jovens de um liceu privado, com a maioria dos pais com formação superior e provavelmente com alguns ligados à política. Esse ensino superior da geração transacta também é importante e certamente também os desperta para a política, o que faz com que esta facção de jovens esteja mais estimulado e aberto para discutir política com maior conhecimento e naturalidade. Tenho pena que em Portugal não se olhe para a política com interesse e tenho muita pena de eu perceber tão pouco.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

É uma questão de ADN

Quando a hipótese Sérgio Conceição era considerada ou posta em cima da mesa, mesmo quando Armando Evangelista ainda se encontrava aos comandos do clube, eu só me conseguia rir e dizer que era um disparate. Achava eu, na minha inocência, que a direcção nem ia considerar tal treinador. Realmente foi só na minha inocência. Quando Armando Evangelista saiu fiquei contente, pensei que as coisas iam mudar e melhorar. Porque, sejamos verdadeiros, não podiam ficar muito piores... No entanto fiquei apreensiva, o nome mais badalado para ocupar o cargo era o de... Sérgio Conceição! Continuava a não querer acreditar, estava na fase da negação. Ao início da tarde de ontem já todos os jornais davam conta da sua contratação, mas só hoje à tarde foi oficializado. Até esse momento estive em fase de negação. Pensei que era tudo mentira, mau demais para ser verdade.
Eu não queria Sérgio Conceição! Já dos tempos em que ele estava ao serviço do Braga era um treinador que eu não gostava e pelo qual não nutria o mínimo de admiração e isso não era pelo facto de estar nos rivais, era mesmo porque não o via assim. Sempre o vi como um homem sem humildade, que precisava de atingir os outros para agradar aos seus porque não o conseguia através do seu trabalho. Não considero que um treinador tem de atacar os seus adversários e incendiar o ambiente com comentários desnecessários e despropositados. Bem pelo contrário, acho que é fundamental que o treinador tenha respeito pelo adversário e pelos seus rivais. Isso mostra que tem carácter e é um homem respeitável. É o treinador, o líder, que tem de dar o exemplo aos seus jogadores. SC não o faz. É expulso com demasiada frequência, não tem postura, não tem respeito. É arrogante. Não consegue dar o exemplo. É, emocional e psicologicamente, desregulado. Para além disso, já se viu que também não tem o maior respeito pelos seus superiores. A forma como saiu do Braga não foi a forma mais simpática, e pelo que já me apercebi não foi a primeira vez que saiu de forma turbulenta de um clube. A isto acresce-se o facto de toda a gente ver as pessoas de Guimarães como arruaceiras e os maus da fita. Com a contratação de um treinador assim que constantemente vê os jogos da bancada as coisas têm tendência a piorar. Se já somos os pioneiros dos castigos exemplares, agora as penalizações ainda vão ser maiores. Não lhe reconheço também qualidades suficientes como treinador para estar num clube como o Vitória.
É a segunda contratação de risco esta época. Armando Evangelista foi uma contratação nada consensual e que prejudicou o Vitória qb com a eliminação da Liga Europa (e a perda de muito dinheiro) e que afastou o Vitória dos adeptos mais do que o que devia, por causa das exibições medíocres e os péssimos resultados. Sérgio Conceição creio que também não cairá bem no seio dos vitorianos porque nós não temos memória curta e ainda nos lembramos das declarações da época passada em que fomos atacados diversas vezes.
A postura que Sérgio Conceição teve ao comando do Braga também não é do meu agrado e espero que não mantenha essa atitude no Vitória. Espero que tenha postura, espero que seja um treinador que respeita todos os seus adversários e que não seja malcriado como era. Porque estar no Vitória é uma responsabilidade diferente, maior. O ADN do Vitória é especial, tem um peso maior, não é leviano. Até agora, e por muito que eu tente encontrar, não consigo associar nenhuma características do nosso ADN a Sérgio Conceição. Nem sei o porquê de ter sido o escolhido. O que sei é que para se fazer parte de uma instituição tão especial como a nossa é necessário ser-se também especial, e Sérgio Conceição não me parece sê-lo. E para mim, que tenho uma óptima memória, é necessário mais do que debitar umas palavras bonitas na altura certa. É preciso provar o que se diz! E lembra-te, Sérgio Conceição, há uma linha fina que separa a boa educação da raça. Encarecidamente te peço que não a ignores porque agora estás no Vitória e aqui nós gostamos de boa gente, de conquistadores, de pessoas com respeito pelos outros. E lembra-te sempre, tu e quem aí te pôs, o Vitória é nosso. É nosso e há-de ser!

P.S.: Apesar de discordar da contratação e de não nutrir qualquer tipo de simpatia pelo nosso novo treinador compreendo que o seu sucesso é o nosso sucesso e por isso só tenho de torcer pelo sucesso do Sérgio Conceição. E sei que nunca, sob quaisquer circunstâncias, valorizarei mais um homem do que o meu símbolo e o meu clube. Nunca, mas nunca mesmo, me deixarão de ver no estádio ou de pagar as quotas. O Vitória é mais importante do que uma individualidade! Por isso desculpem-me se não compreendo aquelas pessoas que dizem que não vão ao estádio por causa do treinador, ou que vão deixar de pagar as quotas ou partir o cartão. Eu faço parte de algo maior do que isso, algo infinitamente mais precioso: o Vitória!

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Queen

É impossível não pensar em Freddie Mercury quando se pensa em Queen. É muito, muito difícil não associar estes dois enormes nomes. Infelizmente o mundo perdeu o Freddie cedo demais. Os Queen, no entanto sobreviveram, mas agora têm um novo vocalista: Adam Lambert. Voltaram ao Rock In Rio no Rio de Janeiro, 30 anos depois de um mítico e inesquecível concerto em que Freddie Mercury encantou e maravilhou o Brasil de forma incrível. Quando li a notícia fiquei apreensiva, as lendas são insubstituíveis. Depois de ver alguns vídeos do concerto acho que finalmente me apercebi de que a ideia não é substituir o que não se pode substituir. Era um erro. A ideia é dar aos fãs de 2015 e talvez dos anos vindouros uma experiência daquilo que são os Queen, não a experiência total mas sim parcial. Adam Lambert é, também ele, carismático e excêntrico e tem uma voz maravilhosa e inesquecível. Foi um espectáculo incrível e acredito que inesquecível para as novas gerações mas também para aqueles que tiveram oportunidade de estar lá 30 anos antes, com Freddie Mercury no palco. Gostava muito, muito, muito que estes novos Queen dessem a oportunidade aos fãs portugueses de poderem ter esta experiência de viver os Queen, hoje com Adam Lambert.
Serás sempre lembrado Freddie Mercury, és uma lenda e as lendas nunca morrem. Como tu nunca morreste. Descansa em paz!




segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A minha estante | A Arte da Guerra (para treinadores)

A Arte da Guerra, originalmente publicado em 513 a.C. pelo estratega militar Sun Tzu, é considerado o maior tratado de estratégia militar de todos os tempos. A editora Topbooks foi a responsável por lançar uma colecção deste livro histórico mas adaptando-o a uma certa área. Para isso, convidou pessoas de 14 áreas diferentes, sendo uma delas Rui Vitória (na altura treinador do Vitória) que escreveu para os treinadores. Os restantes incidem em áreas como marketing, gestão de talentos e até storytelling
Apesar de termos específicos ou linguagem mais particular que Rui Vitória possa usar, este livro não é apenas aconselhável a treinadores. Qualquer amante de futebol comum encontra neste pequeno livro de 126 páginas imensa sabedoria e conhecimento e consegue perceber que Rui Vitória é um treinador com imenso talento, inteligência e humildade.
Toda a gente que convive comigo sabe a admiração que tenho por Rui Vitória, já a expressei aqui. Sempre achei que era um treinador muito completo, com muita qualidade e muita classe, que sabia como falar e que sabia claramente o que estava a fazer ao comandar uma equipa. Gosto do Rui Vitória. Ainda hoje, que é um adversário. Continuo a admirar profundamente o seu trabalho. Essa admiração aumentou depois de ler este livro.
De uma forma que revela o seu conhecimento e a sua paixão pelo futebol e pela sua profissão, percebemos como escolhe a sua equipa técnica, como escolhe os seus jogadores, como os treina e porque os treina dessa forma. Aborda a comunicação com os seus jogadores, a postura que o treinador deve adoptar perante a sua equipa, a forma como se forma uma equipa. Fala também sobre a forma como julga ser melhor comunicar com a massa associativa, a direcção do clube e a comunicação social. Isto tudo através de exemplos da sua carreira. O leitor fica a saber, por exemplo, que os seus jogadores recebem nos telemóveis ou tablets no final do jogo um pequeno vídeo com um resumo da sua performance. De forma detalhada, percebemos também que estratégias usa para encerrar o jogo anterior e iniciar a preparação do seguinte. Enquanto nos explica a preparação física da sua equipa, percebemos também a enorme importância que dá à parte mental.
Um livro que recomendo a qualquer pessoa que goste de futebol e de perceber o que é ser treinador de uma equipa, ou como Rui Vitória diz, o que é ser o "maquinista da locomotiva". Muito interessante e didáctico, é um livro que se lê com muita facilidade e rapidez pela sua simplicidade e por não ser muito longo. 
Rui Vitória já conseguiu, aos 45 anos, conquistar imenso. Acredito piamente que possa conquistar muito mais. É um treinador de profunda inteligência e que tem uma paixão inabalável por aquilo que faz e que o leva a procurar ser sempre melhor e a actualizar-se enquanto treinador.
Ao general Rui Vitória, só tenho de deixar as minhas saudações e saudades vitorianas! Foi uma honra tê-lo como comandante deste exército!

sábado, 19 de setembro de 2015

Vamos fazer história?

Este é o mote que o Vitória adoptou este ano. Eu quero que façamos história. Quero... pela positiva!
Tenho quase a certeza que têm uma tia ou um membro da família que de quando em vez e num ou noutro Natal lá em casa vos perguntavam, quando eram pequenos, se gostam mais do pai ou da mãe. É aquela pergunta estúpida e sem sentido mas que ninguém se coíbe de fazer às crianças. O equivalente dessa pergunta em futebol seria a típica: mas então pá, preferias que a tua equipa conquistasse os 3 pontos ou que jogasse muiiiiiito bem? Uma pessoa nunca sabe muito bem como responder, porque gosta dos dois. A verdade é que os 3 pontos são fundamentais; o bom futebol não garante uma boa posição no final do campeonato. No entanto, não dá gosto sentar na cadeira do estádio ou no sofá e ver uma espécie de solteiros contra casados. O verdadeiro problema surge quando nem se tem os 3 pontos nem se joga futebol.
Não sei se perceberam onde quero chegar. A ideia deste post é falar do Vitória e dos problemas do Vitória que, diga-se de passagem, não são poucos. Em 7 jogos que vi do Vitória esta época (dois para a Liga Europa e cinco para o campeonato) ainda não vi bom futebol, ainda não vi uma ideia de jogo, ainda não vi nada daquilo que esperava ver. O que vi foi o Vitória ser derrotado três vezes, empatar outras três e vencer apenas uma. Para o campeonato o Vitória conta com 4 golos marcados, sendo que dois são auto-golos e um penalti. Encontra-se na 9ª posição com 6 pontos (de 15 possíveis), mas uma vez que a jornada se iniciou hoje e ainda faltam jogar 16 das 18 equipas, é provável que não se mantenha por lá. Talvez eu seja só eu no meu momento piegas do dia, mas considero que são números alarmantes a não ser para quem quer um campeonato tranquilo, claro (o que não é o meu caso).
Acho que não vale a pena tecer grandes comentários ao jogo de hoje porque foi mais do mesmo. Um jogo enfadonho em que o Vitória de Setúbal, apesar da desvantagem numérica a partir do primeiro minuto, conseguiu ser superior em alguns momentos do jogo. A única coisa que tenho a dizer é que fomos felizes em conseguir trazer um ponto para Guimarães, De facto não sei o que se passa. Nota-se que é uma equipa profundamente desinspirada e sem saber muito bem o que fazer com a bola. Não tem ideias, não tem criatividade, não tem coesão. O espírito da equipa também não parece o melhor, não parecem uma equipa mas sim um conjunto de homens que se juntam para dar uns chutos na bola. Problemas no balneário? Problemas com o treinador? Não faço a mínima ideia, mas não há a garra que costumava haver, não há a vontade de suar pela camisola e isso é claramente parte do problema. É triste ver o Vitória jogar assim, não me lembro de uma série de jogos com tão má qualidade como esta. O que está mal tem de ser mudado muito urgentemente! Eu não queria ser repetitiva nesta matéria, não queria mesmo, mas o que eu acho que está mal é o treinador. A ilação que eu tiro de tudo o que vejo (para além do apito final) é que Armando Evangelista está desligado da equipa, não é um líder, não consegue motivar os jogadores, não fala como um líder e a equipa não tem espírito de vencer, não consegue inspirar-se e acaba por se desligar também.
Todos nós temos muito a dizer sobre o assunto mas também nada fazemos para alterar a situação (eu incluo-me no grupo). Se o Vitória é nosso, vamos agir como tal e vamos tratar de cuidar dele o máximo possível. A manifestação no Complexo não resultou provavelmente pela falta de adesão dos vitorianos mas daqui a precisamente uma semana podemos fazer melhor e comparecer em força da forma única que só nós conseguimos fazer e discutir o futuro do Vitória, discutir o que está mal e talvez fazer com que a situação seja alterada para o bem de todos nós. No próximo sábado, dia 26, há uma Assembleia Geral com início às 14 horas no Pavilhão do Vitória. Há uma máxima que eu defendo muito quando há eleições e parece-me que adaptada era capaz de se adequar à situação: quem não vota, não tem direito a reclamar. Entendem a ideia? Quem nada faz, de nada deve reclamar. Ir à AG é um direito que nos assiste como sócios pagantes e temos não só o direito de ir como temos também o dever - é do nosso clube que se trata.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

As minhas séries | Wayward Pines

Eu não queria mesmo nada começar a ver outra série, não queria juntar outra às 189258 que já acompanho. Mas não deu e então a escolha recaiu sobre Wayward Pines. Não foi uma escolha demorada, foi mesmo o que calhou e não estava à espera que a escolha corresse bem. Sinceramente, ainda estou dividida.
Nos primeiros 3 ou 4 episódios a série é muito interessante (não que o deixe de ser depois, mas já lá vamos). Passa-se numa pequena localidade chamada Wayward Pines em Idaho, EUA. É uma cidade muito pequena e daquela que parece saída de contos de fadas, só que toda a gente parece ser demasiado estranha.
Ethan Burke (Matt Dillon) é um agente dos Serviços Secretos que é mandado procurar dois agentes desaparecidos. No caminho, tem um aparatoso acidente que o deixa inconsciente. A próxima coisa de que tem memória é acordar no hospital. A partir desse momento, nada sabemos do que é ou não verdade. Até agora, e para mim, tem sido engraçada a descoberta. A partir do 4º ou 5º episódio a série torna-se um bocadinho estranha e acontecem coisas que nos parecem pouco relacionadas com a realidade. Acho que ainda vou descobrir se vale, de facto, as horas perdidas!

Preciso que me ajudem a ajudar

Hoje estive a dar uma arrumação geral ao quarto. Sabia que tinha imensos livros escolares de diversos anos, assim como cadernos. Arquivei tudo numa caixa e resolvi o problema temporariamente. No entanto continua a ocupar demasiado espaço e é desnecessário, até porque não têm nenhuma utilidade para mim. A única solução para não ficar com tudo "encalhado" cá em casa parece-me ser reciclar mas depois pensei que podiam ser úteis para outras pessoas. O problema de os doar para bancos de livros ou a escolas cá em Portugal é que os programas mudaram nos últimos anos, então os livros que eu tenho já não são adoptados por nenhuma escola. Por isso pensei que talvez fossem úteis nos Palop e tentei pesquisar formas de os doar para que sejam entregues em escolas lá. Infelizmente pouco encontrei, só um ou outro site brasileiro - o que não me serve de nada. Por isso e se souberem de alguma coisa contem-me para que eu possa despachá-los o mais rapidamente possível, e de preferência que sejam úteis para mais alguém!

sábado, 12 de setembro de 2015

A coerência é uma coisa engraçada

Lembram-se de ainda à uns dias ter dado a minha opinião relativamente aos pseudo-nacionalistas que se revoltavam com a ajuda que se deve prestar aos refugiados? A pessoa em questão argumentava que podia vir, no meio de tantos refugiados, gente de má índole. A mim parece-me que não vêm no meio dos refugiados, a mim parece-me que algumas destas pessoas já cá estão. Refiro-me à jornalista que decidiu pontapear e agredir os refugiados no meio da reportagem que fazia. Pela mesma lógica acho que é coerente mandar-mos a jornalista para o inferno. A pobre coitada veio dizer que teve um ataque de pânico. Minha cara, se de cada vez que eu tivesse um ataque de pânico desatasse à pancada acho que ninguém falava comigo num raio de 100km. Não faça mais alarido da situação nem envergonhe os seus colegas.

sábado, 5 de setembro de 2015

Só uma coisinha que me está a fazer espécie

Acabei de ver um vídeo de um cantor chamado Marcio Conforti em que este, muitíssimo zangado, dizia que Portugal devia preocupar-se com os seus próprios problemas antes de querer acolher migrantes. Aliás, ele diz muita coisa e eu reservo-me o direito de opinião. Convém ressalvar que nada tenho contra o cantor, tanto é que não o conhecia antes. Pura e simplesmente discordo da sua opinião neste assunto.
A sua opinião é a de que nós, Portugal, temos de "arrumar a casa" primeiro e só depois ajudar os outros. Toda a gente sabe que Portugal tem problemas. A Grécia tem problemas. A Espanha tem problemas. A Europa tem problemas. Isso significa que não podemos ajudar os outros até resolver todos os nossos problemas? Hmm, não me parece que isso faça muito sentido porque dessa forma ninguém pode ajudar ninguém e vivemos num mundo em que é cada um por si e a palavra solidariedade é só mais uma palavra para encher as páginas no dicionário.
Depois diz que "esta palhaçada está virando o Brasil" e que "o Brasil se acabou por causa desta palhaçada" porque só "jogaram lixos para lá". Ora bem, antes de mais é necessário frisar que a pessoa em questão é brasileira... e está a viver em Portugal. Então, o senhor pode vir mas os outros migrantes não? São menores do que o senhor por serem refugiados? São menores do que o senhor porque não têm mais nada do que aquilo que têm vestido? A mim parece-me hipocrisia. Se acha que o mal do Brasil é fruto do multi-culturalismo então não entendo o que está a fazer em Portugal. Certamente que de entre os muitos refugiados que vêm para Portugal, haverá pessoas de má índole mas há sempre esse tipo de pessoas e podem ser encontrados em qualquer lado, independentemente do sítio de onde vêm, da sua classe social ou da sua faixa etária. Por essa lógica, devíamos atirar ao mar toda a gente de má índole em Portugal. É assim que funcionam as coisas? Desconhecia tal método.
Depois há a sugestão: "cada um fica nos seus países e vamos doar". A migração não precisa de uma resposta urgente para ser solucionada, não. Temos tempo para resolver "a coisa" com donativos e com burocracias até porque os donativos feitos até agora já resolveram tudo, todos os problemas do mundo.
De facto não entendo esta reacção, principalmente quando vem de uma pessoa que vive num país que não é o seu. Acolher estes refugiados é de extrema necessidade. E o problema do Brasil não é as pessoas de outras culturas e outras nacionalidades, não, não é. O problema do Brasil é não saber gerir aquilo que tem. O problema do Brasil é gastar milhões de euros num estádio de futebol e não ter um sistema de saúde e infraestruturas capazes de dar resposta aos problemas dos brasileiros. Esse é o problema do Brasil! Como é óbvio os migrantes têm de ser integrados na sociedade e é necessário que haja um plano coerente e sustentável para o fazer e é até compreensível que tenham alguns benefícios no início, até porque eles chegam sem NADA!
Com isto não quero invalidar os problemas dos portugueses nem a crise das famílias portuguesas. Tenho plena noção que há pessoas que passam por sérias dificuldades e que há pessoas sem uma casa e sem comida na mesa no final do dia. Isso é triste, claro que sim. Aperta-me o coração, faz doer cada osso do meu esqueleto. No entanto não podemos descontar isso nos migrantes, porque eles não têm culpa. Talvez seja mais sensato descarregar nos nossos líderes, em quem ganha 10000€ por mês e não sabe se chegará para as despesas. Os problemas de Portugal são graves e são prioritários, mas esta crise migratória é urgente, é a humanidade. E nós nunca seremos lixo ou inferior por sermos solidários com o próximo. Não deixem a humanidade afogar-se, somos todos um!

P.S.: Só uma pergunta... onde estavam estes indignados antes? Ou só se lembraram que há sem-abrigo e pessoas com dificuldades em Portugal agora? Parece-me que talvez os hipócritas e exibicionistas sejam vocês, que não são nada mais nem menos do que pseudo-nacionalistas. Só se lembram do que se passa cá dentro quando os outros pedem pela nossa ajuda. Pensem maior do que isso, sejam mais do que isso. Talvez se um dia se virem obrigados a deixar a vossa pátria para fugir da morte e do terror, com uma ou duas crianças ao colo, que são os vossos filhos, pensem duas vezes em querer ver portas abertas para vos receber ou não. Mais uma vez digo... as palavras ficam para quem as profere.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

As minhas séries | Mr. Robot, Fear the Walking Dead

Depois de acabar de ver todas as temporadas de Lost, senti que tinha de preencher o vazio deixado por essa série. Todas as outras séries estavam em hiato (parece que decidem todas ao mesmo tempo só para me chatear) e não havia nada novo para ver. Não encontrei nada até à pouco tempo, quando The Last Ship voltou. Depois decidi que queria ver Fear The Walking Dead e logo a seguir outra série se pôs no meu caminho. Ambas as séries começaram este ano.

Fear The Walking Dead
Comecei a ver esta série porque vejo The Walking Dead. Quando ouvi os primeiros comentários pensei que estava perante uma série que visava explicar o começo de tudo, a origem do vírus, como surgiu. Se pensam que a série explica esses aspectos todos então não vejam porque até agora a série não explica muita coisa. Vi os dois primeiros episódios (os únicos lançados até agora) e tenho medo que se transforme em The Walking Dead Part II. Se for assim, deixo de ver. Uma dose de estupidez é suficiente. O que eu queria mesmo ver era como o vírus surge, onde e como começou. A série mostra a vida de uma família com problemas, como qualquer outra, quando a cidade entra em pânico sem conhecimento daquilo que verdadeiramente se passa. Percebemos então que a mudança vai ser mais rápido do que aquilo que todos previam.

Mr. Robot
Estou completamente viciada nesta série. Acredito que é difícil não ficar viciada. É sensacional, moderna, bem construída e mais do que isso tudo, é original. A excelente performance de Rami Malek também ajuda para querer continuar a ver a série e ver sempre mais. Elliot é um inadaptado social que durante o dia trabalha como cyber-segurança e à noite é um hacker pronto a denunciar o pior e o mais escondido de quem deve estar atrás das grades. É metódico, consome morfina mas nunca ultrapassa o limite a que se impôs e toma outros comprimidos para evitar ficar com sintomas de viciado. Elliot vê-se num dilema: pode proteger  o principal cliente da empresa onde trabalha e que ele vê como sendo o mal do mundo ou então pode juntar-se à fsociety, um grupo de hackers que quer fazer do mundo um sítio melhor acabando com a corporação mais poderosa do mundo. A juntar a tudo isto, tem uma banda sonora tão boa que é como se fosse uma personagem. Acredito que é uma das melhores séries este ano!

Para vos manter informados...

How To Get Away With Murder - a 2ª temporada inicia-se daqui a precisamente 20 dias, a 24 de Setembro

Bones: a 11ª temporada (é verdade, já estamos com o Booth e a Bones à 11 anos!) começa a 1 de Outubro e eu já não posso esperar!

Suits: a 5ª temporada acabou com muitas emoções à pouco tempo e eu estou mais do que curiosa para saber o que aí vem, mas tenho muito que esperar. A 6ª temporada já foi renovada mas só devemos ter notícias lá para o meio de Junho de 2016

Scandal: estreia no mesmo dia de How to Get Away with Murder. Quem é que não gosta de uma dose dupla ãh?

The Walking Dead: os mortos-vivos também já estão quase a chegar, é só ter um bocadinho de paciência até 11 de Outubro.

Para além destas séries, também acompanho The Last Ship. A 2ª temporada foi lançada em Junho mas só comecei a ver agora.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O (nosso) Vitória não é deles

Já não falo do Vitória aqui no blogue à muito tempo. Não porque gosto menos do Vitória ou sou menos vitoriana. Só por falta de oportunidade e porque falar do Vitória nem sempre é fácil, pela simples razão de que o facto de ser um assunto tão pessoal para mim ser fácil perder o objectivismo daquilo que pretendo dizer e falar mais com o coração do que com a razão. Se calhar sou demasiado apaixonada. Não é um defeito, longe disso. Se todos os adeptos gostassem tanto do seu clube como eu gosto do meu Vitória podem ter a certeza de que o futebol era uma coisa muito melhor e mais bonita.
Por já não escrever aqui à séculos já perdi o timing para falar de algumas coisas importantes. Podia ter expressado a minha opinião sobre a contratação de Armando Evangelista, podia ter falado sobre a segunda metade da época passada. Não falei sobre nada disso. Mas continuam a haver assuntos importantes a abordar.
Quando Rui Vitória saiu para o Benfica fiquei triste, gostava do projecto que o Vitória estava a levar a cabo, a aposta em jogadores jovens de nacionalidade portuguesa. Sempre gostei da forma como liderava a equipa, a forma como aproveitava o melhor dos jogadores e a classe que sempre teve. Como é óbvio gostei muito da conquista da Taça de Portugal. Desnecessário será dizer que o legado que deixava não era fácil, era um lugar muito difícil de preencher. Não só para mim, estou em crer. 
Quando anunciaram a contratação de Armando Evangelista fiquei dividida, não sabia muito bem se era uma boa ou uma má notícia. Dei-lhe o benefício da dúvida, achei que apesar da falta de experiência podia ser uma boa aposta para dar continuidade ao projecto que Rui Vitória tinha iniciado. Se alguém conhecia bem a equipa B e sabia quem estava mais capacitado para ascender à equipa principal seria ele, que estava no comando da equipa B na época anterior. Preferi esperar para ver antes de tecer qualquer opinião.
Esperei e vi. Da pré-época só vi o jogo contra o Fenerbahçe, em Istambul. Não foi um resultado minimamente positivo e o Vitória não apresentou um futebol fascinante. Continuei a dar o benefício da dúvida, era o início e a equipa ainda se estava a entrosar e a conhecer. Tinham saído jogadores importantes, então compreendi. Sempre na expectativa de que o Vitória só iria melhorar a partir daí e que os resultados e o bom futebol iam aparecer. 
Antes de avançar, convém dizer que na pré-época o Vitória defrontou adversários tecnicamente mais fracos. Adversários mais fracos do que aqueles que o Vitória ia enfrentar. O que estou a tentar dizer é que acho que a pré-época devia ter sido melhor preparada e (com todo o respeito pelos adversários que o Vitória defrontou) devia ter sido preenchida com equipas mais desafiadoras e com mais capacidades, de forma a ver verdadeiramente como estava o Vitória e o que faltava ao plantel. Apesar disto os resultados não foram espectaculares e o Vitória chegou inclusive a perder 3-0 com o Chaves.
Depois veio o sorteio para a pré-eliminatória da Liga Europa, calhou-nos o Altach da Áustria. Era uma equipa que eu desconhecia, nunca tinha ouvido falar deles antes. Depois de fazer o meu trabalho de casa fiquei satisfeita. Fiquei com a ideia de que era uma equipa acessível ao Vitória e acreditei piamente que o Vitória ia ultrapassar este obstáculo com relativa facilidade e com todo o respeito pelo adversário. O Altach é um clube que, apesar de ter ficado em 3º lugar da tabela classificativa, andava pela segunda divisão e fazia a sua primeira participação europeia. Ditou o sorteio que a primeira mão fosse jogada na Áustria. Muito bem, prefiro assim. O jogo não ia ser na casa do Altach, ia ser num estádio emprestado a mais de 100km do seu estádio. Melhor ainda, assim não jogam no seu terreno, não têm a vantagem do factor casa e estão quase tão desconfortáveis como nós. Não foi fácil. Apesar de o Altach não praticar um futebol espectacular nem nada parecido e de se notar que não tinha um plantel cheio de qualidade individual, o Vitória perdeu. Continuei a acreditar. Que atire a primeira pedra quem não comete deslizes. Depositei a minha fé na segunda mão. Afinal, íamos jogar na nossa casa com uma boa casa, com os nossos adeptos em peso. Mais uma vez, estava enganada. Completamente enganada. Fomos goleados em casa por uma equipa que é claramente inferior à maioria das equipas do nosso campeonato. No entanto, uma equipa que luta e se esforça e que, juntos, conseguiram o apuramento. Merecido! No final restou aplaudir-me os adversários porque o respeito e o fair-play é uma coisa bastante bonita, apesar de alguém "ter a certeza de que íamos passar".
O inicio do campeonato não foi melhor. Primeiro fomos ao Dragão. Estou consciente de que não é um estádio onde é fácil jogar, contra uma equipa que é sempre candidata ao título e que está recheada de bons jogadores. No entanto não é inacessível ou impossível lá ganhar, não jogamos contra um colossal Porto. Isso foi notório quando o Vitória conseguiu superiorizar-se ligeiramente no início da segunda parte. No entanto, não conseguiu aproveitar as oportunidades que ia tendo e cometeu alguns erros. Coisa que o Porto não fez, conseguiu aproveitar bem as suas oportunidades e acabou por conseguir um resultado expressivo.
Depois tivemos o Belenenses. O Belenenses a quem também tinha calhado o Altach nas competições europeias, e o Belenenses que conseguiu uma vitória na Áustria. O resultado foi um empate e o Vitória perdeu dois pontos. Era um jogo importante para a equipa e para os adeptos. Depois da eliminação da Europa e da derrota no dragão, precisávamos de uma vitória para serenar o ambiente e para dar confiança à equipa. Infelizmente não foi assim, e o resultado correspondeu àquilo que se viu em campo. Foi para estar de acordo com o tempo, um Agosto com sabor a Janeiro.
A terceira jornada ditou-nos uma viagem à Madeira, para disputar o recém-chegado União da Madeira. O União ainda só tinha jogado com os seus "vizinhos": somava uma vitória em casa contra o Marítimo e uma derrota com o Nacional. No total tinham 3 pontos e o Vitória apenas 1. Nada que me preocupasse muito, afinal o líder do campeonato era o... Arouca. Achei que agora é que era e que agora é que o campeonato ia começar para nós. Acabei por ficar desiludida. Futebol pobre, sem ideias, sem nada novo. O resultado foi mais um empate. Desta vez olhei para as coisas de outra perspectiva: se calhar não foram 2 pontos perdidos, foi 1 ponto ganho.
Agora vamos ao cerne da questão, aliás, ao cerne deste post. Se no início da época dei o benefício da dúvida a Armando Evangelista, agora acho que foi uma péssima aposta da direcção. Talvez fosse o caminho mais natural, subir alguém que já estava por dentro do projecto e talvez fosse também o caminho mais fácil e mais "barato". O problema é que o caminho mais fácil nem sempre é o melhor. Hoje digo que o AE não é treinador para o Vitória. Não agora! Talvez seja daqui a uns anos, quando ganhar estofo e experiência para ser treinador. Ao contrário do que muitos possam pensar, ser treinador não se limita a escolher o melhor onze e a melhor técnica para pôr dentro das quatro linhas. Não, longe disso. Ser treinador é ter mais para além disso. É saber motivar a equipa, porque afinal são um conjunto de seres humanos e saber espremer o melhor de cada um deles. É dar a cara quando as coisas correm mal. Armando Evangelista não o faz, não o sabe fazer. No jogo contra o Altach foi o primeiro a abandonar o relvado, não quis esperar pelos seus jogadores. O seu discurso é pobre e é cobarde. Antes da segunda mão do jogo contra o Altach afirmou que tinha a certeza de que íamos passar. Revelou arrogância e falta de respeito pelo adversário. Desde aí as suas declarações não variam muito: usa a carda dos adeptos. Repete de vinte formas diferentes que nós somos uma massa associativa muito especial e que somos únicos. Caro Armando, não precisas de dizer porque isso nós já sabemos. Muito obrigada! Para além da carta dos adeptos, também decidiu dizer que "os jogadores estão com problemas psicológicos". Só uma pergunta, serão mesmo os jogadores Sr. Armando?
Há uma célebre frase americana que já foi mote para um ou outro filme. Fake it until you make it. Não vou traduzir literalmente a frase, vou antes dizer que é uma atitude que se adopta quando se quer alcançar alguma coisa. Por exemplo, mesmo que tenhamos pouca confiança, se agirmos como se fossemos pessoas muito confiantes vamos acabar por ser. Obviamente que há limites e não se pode adoptá-la literalmente, de forma a prejudicar-nos ou a prejudicar outros. Mas a ideia está lá: fake it until you make it. Este início de parágrafo já parece outro post mas não é, tem um propósito. Vou só acabar o meu raciocínio. Para além desta frase americana muito célebre, podemos também falar da lei da atracção. A lei da atracção é uma energia que, para ser trabalhada, se desenvolve em quatro passos: temos de saber o que queremos, temos de pensar nisso com frequência, temos de sentir e comportar como se o nosso desejo já estivesse satisfeito e estar pronto para o receber. De forma geral, se evitarmos os pensamentos negativos o universo manifesta-se a nosso favor. Não concordo totalmente com isto, mas concordo em parte. Porquê esta conversa toda? Ontem, Júlio Mendes deu a entender que o objectivo do Vitória era a manutenção, nem que fosse um ponto acima da linha de água. É isto que é o Vitória? Um clube que tem como objectivo manter a manutenção? O Vitória nunca foi isso, o Vitória sempre foi um clube que lutou por mais. Não vai à muito tempo que ouvi o mesmo Júlio Mendes dizer que o seu objectivo era levar o Vitória à Champions League. E assim de repente o objectivo é só a manutenção? Não consigo entender. 
No início da época Júlio Mendes realmente afirmou que queria "uma época tranquila". Não sei o que vocês querem, mas eu vejo como épocas tranquilas as que fazem a Académica ou o Arouca. Com todo o respeito, mais uma vez, não é esse o tipo de épocas que o Vitória deve ter em mente. O Vitória sempre lutou pelos melhores lugares, pelo acesso à Liga Europa e até mesmo à Champions. Porque não? Por isso, não gosto quando alguém faz do Vitória aquilo que ele não é. O Vitória não é "frágil", não é um coitadinho a quem ninguém quer pegar. Treinar o Vitória é, e sempre foi, uma honra e uma responsabilidade. Por muitos problemas financeiros que tenha é um clube, e sempre foi, com prestígio e com nome. Por isso mesmo, eu tenho as minhas dúvidas quando dizem que ninguém queria vir para o Vitória.
Sou totalmente a favor da aposta num crescimento sustentável. E regredir não é crescimento. Por isso, lutar pela manutenção não é crescimento. Por ser a favor da aposta num crescimento sustentável, fui sempre apoiante desta direcção que sempre me pareceu ter bom senso e saber aquilo que faz. Não fui, no entanto, apoiante da SAD. Nunca quis que o Vitória aderisse à SAD. Não sou é desprovida de opinião e de pensamento próprio e portanto não concordo com tudo aquilo que a direcção faz e/ou diz. Não gosto deste discurso derrotista. Não gosto deste discurso que nos faz parecer frágeis e delicados. Não é isso que o Vitória é. O que acho é que a direcção deve admitir agora, antes que seja demasiado tarde, que fez uma má escolha. O Vitória precisa de mudar de treinador porque já todos vimos o campeonato sofrível que vamos ter pela frente se continuarmos com o Armando Evangelista ao comando da equipa principal. Do que já vi e já li, alguns adeptos sugerem Sérgio Conceição e o que eu tenho a dizer é que não, nem sequer deve ser uma opção considerável. É um homem de baixo carácter e que já atacou inúmeras vezes o Vitória. Nem sequer consigo identificar o ADN vitoriano em nada daquilo que ele fez até agora. Paulo Bento? Talvez, parece-me uma opção. Apesar de me parecer uma opção eu tenho sérias dúvidas de que alguma coisa vá ser alterada, principalmente depois das declarações de ontem em que Júlio Mendes se afirmou orgulhoso em ter dois treinadores vimaranenses e vitorianos. Parece-me, assim só como quem não quer a coisa, que é preciso mais do que isso para ser treinador do Vitória. No entanto, se virem que é o único requisito podem contactar-me... ao menos fazemos história com a primeira treinadora feminina aos comandos de um clube da Primeira Divisão. E agora estou como o Tirica... pior do que está não fica!
Para terminar, e porque já escrevi mais do que aquilo que planeava e que vocês vão ler, quero só responder a quem tem dúvidas de que o Vitória é nosso. Não consigo perceber o que o leva a ter dúvidas, mas sim, o Vitória é nosso. É nosso e há-de ser! Podem, por vezes, querer tirar o Vitória de nós. Só que não conseguem. O ADN vitoriano é nosso, o amor é nosso, a paixão é nossa. E isso ninguém nos tira. O Vitória não é tachos e tachinhos. Nunca foi. Não é agora que alguém vai fazer do Vitória isso. Se é vitoriano como tanto afirma, siga o meu conselho e peça a demissão. Já está na hora, não acha?
Esta situação preocupa-me e acredito que preocupe alguns vitorianos. Não podemos é baixar agora os braços e adoptar a atitude de que "enquanto tiverem este treinador não pago as quotas" ou "enquanto o Vitória estiver assim não vou ao estádio". Se calhar, mais do que nunca é preciso ir ao estádio e pagar as quotas. Mais do que nunca é preciso a união de todos os adeptos para que eles percebam que o Vitória não é deles, mas é nosso. Se precisamos de protestar? Sim, precisamos. De forma ordeira e nas nossas cadeiras. O Vitória é, sempre foi e sempre será, maior e melhor do que aquilo que querem fazer dele.