quarta-feira, 15 de julho de 2015

4/30 - Uma música que te faça lembrar alguma coisa triste

De uma forma geral, todas as músicas nos fazem sentir alguma coisa. Seja tristeza ou alegria, medo ou segurança. Não interessa o quê, o que interessa é que nos faça sentir e viver. Se a música não me transmitir nada então não me acrescenta em absolutamente nada. Isto serve tanto para a música como para a literatura e até para as pessoas. Para serem especiais e diferentes têm de me fazer sentir. Se me forem indiferentes então não têm qualquer tipo de interesse.
Para além disto, também acho que as maiores obras de arte nascem da infelicidade, da tristeza, do infortúnio, da desilusão. Eu, que provavelmente nunca vou ter uma obra de arte, sinto que consigo escrever melhor quando estou triste e quando me sinto infeliz. Talvez seja porque todos nós temos esta necessidade maior de nos expressarmos de forma mais fluída quando tudo à nossa volta parece ou está prestes a ruir. Quando nos sentimos felizes, exteriorizamos tudo isso de forma muito simples e natural. Se estamos felizes não temos a necessidade de sair e dizer que estamos muito tristes e que nada vai ficar bem, mas se estamos infelizes temos a necessidade (ou achamos que sim) de sair de casa e fingir que tudo está bem e maravilhoso e que o sol está fantástico quando na verdade tudo por dentro de nós se auto-consome e as nuvens parecem ser infinitas. Acho que é precisamente por isto que temos a necessidade de encontrar alguma arte através da qual nos consigamos expressar. Pode ser a pintura, a escrita, a música. Há uns que têm a necessidade de esconder essa arte, outros que a revelam ao mundo. É assim que as obras de arte nascem. Obras de arte como esta música. Escrita pelo Noel Gallagher e interpretada pelo seu irmão, Liam Gallagher durante o tempo dos Oasis e interpretada por si mesmo no presente. E só de pensar que ele está em Portugal amanhã e eu vou estar em casa é para ficar deprimida. Porque há obras de arte que merecem ser ouvidas ao vivo.
Esta música tem uma enorme importância para mim. As músicas têm o significado que nós lhes damos. Noel diz que é uma música sobre nada, que nasceu de coisas banais. Há uns que defendem que é sobre o acto de fumar drogas enquanto se bebe champagne. Outros acham que é sobre a amizade. Eu acho que é sobre mim. Não me interpretem mal, é óbvio que não foi escrita a pensar em mim (apesar de eu admitir que deve ser uma sensação maravilhosa), tanto é que a música é mais velha do que eu. No entanto, identifico-me com esta música numa dimensão quase transcendente. Sabem o que é uma Supernova? Sou eu. Mais uma vez, não literalmente. Uma supernova é, de forma simples e rápida, uma estrela que morre mas que, de tão especial, toda a gente a vê morrer. Para mim, é uma música sobre alguém que apesar de se adaptar às massas, às pessoas, acha que não é ali que pertence, mesmo que com o tempo se torne especial para algumas pessoas. Por isso afasta-se, e deixa-se morrer. Mais uma vez, não literalmente. Também é sobre o tempo que passa e o quanto as pessoas mudam no processo. Afastam-se, mesmo que não o façam de forma deliberada mas sim porque não conseguem lidar com certas situações por mais tempo. Apesar do afastamento e das circunstâncias da vida, que para todos nós são diferentes, you and I will never die. Esta é a música que me faz lembrar de mim.
(É suposto a música ser acompanhada de um pequeno texto, no entanto há músicas que não podem ser tratadas como as restantes pelo seu significado. Esta é uma delas. É uma obra de arte. As obras de arte merecem mais.)

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