sexta-feira, 31 de julho de 2015

Sétima Arte | Fury

O primeiro pensamento que tive quando comecei a ver o filme: está aqui um elenco surpreendentemente bom. Começa por Brad Pitt, o príncipe de Hollywood que é muito mais do que uma cara bonita e já deixou isso bem claro no mundo do cinema; dispensa apresentações. Shia LaBeouf, que passa da cara de menino que conhecemos em Transformers para interpretar um soldado que cita a bíblia em momentos de maior stress. Michael Peña que já todos conhecemos de algum filme porque tem um currículo extenso. Jon Bernthal, que aparece totalmente diferente de The Wolf of Wall Street, onde aparece diferente de The Walking Dead, mas onde quer que seja, está sempre impecável. Por fim, Logan Lerman que apesar de ser um miúdo de pouco mais de 20 anos já tem um bom currículo que conta com Noah, The Perks of Being a Wallflower e 3:10 to Yuma, entre outros Ao início admito que não reconheci de imediato o miúdo assustado que foi treinado para dactilografar 60 palavras por minuto e nunca tinha visto um tanque antes, a verdade é que já tinha visto pelo menos três filmes do seu currículo (os que citei anteriormente).
O segundo pensamento foi: eu quero chorar desesperadamente, o mundo é tão cruel e os homens podem ser os seres mais desprezíveis de que há memória, a guerra é tão estúpida e desnecessária, que filme espectacular. Pronto, não foi só um pensamento. Foi um turbilhão deles que chegavam à minha cabeça a uma velocidade descontrolada e sem ordem nenhuma. Um realizador americano do qual não me recordo o nome uma vez disse que os filmes de guerra devem ter o intuito de transmitir ao espectador o que é, de facto, estar na guerra. Acho que é impossível fazê-lo porque acredito que a guerra é o cenário mais horripilante em que se pode inserir um ser vivo e por isso só quem lá está sabe e por muito que tente expressar nunca ninguém saberá realmente o que é estar na guerra. No entanto David Ayer tentou transmitir-nos o que é estar na guerra com este Fury. Foi bem sucedido na missão. Sem dúvida nenhuma que é um filme muito duro em que apetece chorar porque estar ali é demasiado cruel. Há um misto de sentimentos em relação à maioria das personagens: eles matam, têm atitudes desprezíveis mas no fim só querem ir para casa e não temos noção dos traumas que lhes são infligidos na guerra. Sempre foi o que achei dos soldados, são heróis desprezíveis.
Alemanha, Abril de 1945. A primeira cena é o retrato da guerra. Destroços por todo o lado. Tanques a arder. Corpos no chão. É Abril mas parece o dia mais invernoso na terra. Fumo. Não há sinais de vida. Até que aparece um belo cavalo branco com um soldado alemão. Wardaddy (Brad Pitt), o sargento do tanque Fury elimina o soldado e conhecemos o resto da equipa: Bible (Shia LeBouef), Gordo (Michael Peña) e Coon-Ass (Jon Bernthal); estes são, obviamente, os seus nomes de guerra. Os únicos sobreviventes de um pelotão inteiro. O que sobrou. Os que conseguiram. Os danos são irreparáveis: apesar de os danos do tanque poderem ser reparados, os danos destes homens já são como as marcas que carregam na pele. Um membro da equipa está morto. É a guerra. Quando alcançam outros pelotões é-lhes designado um novo membro para substituir o soldado que morreu. Extremamente assustado tem de limpar o interior do tanque, onde há medalhas nazis penduradas e partes do corpo humano e sangue, muito sangue. A reacção é a reacção que qualquer miúdo teria: a enorme vontade de ir para casa.
Podia descrever o filme todo de tão belo e atroz que é. As cenas de guerra tão boas e cruéis em que as cores dominantes são o castanho e o cinzento e que não dão sequer margem para perceber que é primavera. A obrigação que sente Wardaddy em proteger os seus homens e entregá-los vivos ao mesmo tempo que mostra um ódio visceral a tudo o que é nazi, em especial às SS. A atitude forte e quase antagónica que tem com um corpo forte cheio de cicatrizes. A sujidade que parece parte integrante de todos. A construção de Norman (Logan Lerman), que ao início não consegue sequer conceber a ideia de matar alguém, que não sabe o que fazer nem quer lá estar mas que acaba por se fazer um soldado que odeia os nazis com toda a sua força e capaz de matar todos aqueles que lhe apareça à frente. A ironia da frase que todos usam: Best job I ever had. Algumas das cenas mais interessantes são aquelas mais descontraídas em que a equipa dentro do tanque consegue rir das coisas mais estúpidas no meio daquele deserto de mortos e guerra.
Talvez não seja o filme mais realista sobre a guerra. Acredito que a guerra, a guerra mesmo nua e crua, não seja assim. Acredito que seja muito pior. No entanto, este filme é capaz de propiciar ao espectador uma realidade talvez mais interessante: a dinâmica e complexa relação entre Wardaddy e o resto da sua equipa, a parte psicológica da guerra. Talvez seja mais sobre as relações que se criam e se alimentam na guerra, as relações humanas do que sobre a guerra em si mesmo.
Os actores estão brilhantes, desempenhos excelentes assim como a direcção que não desilude em nenhum aspecto. Um dos filmes mais memoráveis de 2014 e que irá figurar entre os meus favoritos. É realmente brutal e belo ao mesmo tempo. E doloroso o tempo todo. E é, sem dúvida nenhuma, por causa de filmes como este que eu gosto tanto tanto de cinema.
No fim percebemos o que Bible pretende dizer a Norman pouco depois de se conhecerem. Bible pede-lhe que espere para ver o que é a guerra. Norman, inocentemente, pergunta pelo que esperar. Bible é suscinto: Wait to see what a man can do to each other.

20/30 - Uma música de um álbum novo que estás à espera que seja lançado

Em 2013 Kanye West lançou Yeezus, um álbum excelente do início ao fim e com uma capa totalmente inesperada e diferente. Exactamente à medida de Kanye. Desde aí fez imensas coisas como lançar uma colecção de roupa pela Adidas por exemplo, mas não lançou mais nenhum CD. Só anunciou o álbum So Help Me God para este ano. Depois mudou o nome do álbum através do Twitter para SWISH. Até hoje sabe-se que é SWISH mas Kanye também deixou o aviso que podia ainda ser alterado. Não há data nem track list. Por isso cabe-nos esperar. E enquanto se espera vai-se ouvindo as últimas músicas. Das quais All Day faz parte. Com uma performance no mínimo curiosa nos BET AWARDS que incluía chamas e um grupo de rappers vestidos de preto com capuz na cabeça pouco depois de incidentes racistas na América. Deu polémica o suficiente e também já deu para que uns quantos artistas presentes o insultassem. Coisa que Kanye já está habituado. Metade do mundo odeia, o outro admira. Eu sou das que admira. Admito que tem um ego do tamanho do rabo da mulher, mas é um dos artistas mais criativos desta década e que não tem um trabalho igual a nenhum outro. Para além disso admiro-lhe a forma despreocupada de falar, diz aquilo que quer e sabe que não tem de dar explicações a ninguém. No fim de contas foi ele que em directo disse que "George Bush não se preocupa com os negros". Todas as letras que já escreveu são muito boas e algumas chegam mesmo a ser uma bandeira contra o racismo.

Querido S. Pedro,

ainda te lembras daquilo que fizeste o ano passado por esta altura? Decidiste que era engraçado chover como se estivéssemos em pleno Dezembro depois da segunda ou terceira música do concerto dos Expensive Soul. Achas que isso se faz? Hoje parece-me que o tempo não está muito a meu favor outra vez, mas desta vez vê lá se és mais compreensivo um bocado. Ninguém te está a incomodar, por isso dá-nos um free pass. É só até terça-feira, depois podes continuar a fazer o que te apetecer.
Atenciosamente,
uma vimaranense que pretende desfrutar das Gualterianas sem chuva.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

19/30 - Uma música com a qual estás obcecada de momento

Não estou só obcecada de momento. É uma obsessão vitalícia. Gosto da música, gosto dos Foo Fighters e gosto muito do David Grohl em especial. É vocalista de uma banda de sucesso e era baterista dos Nirvana, outra das minhas bandas favoritas por isso já conseguiu uma coisa que poucos artistas, e só aqueles que são mesmo bons, conseguem. E é o único capaz de, depois de partir uma perna num concerto, conseguir subir ao palco pouco tempo depois. Há artistas, e depois há este homem.

18/30 - Uma música que tens ou queres ter como toque de telemóvel

Tive muito em que pensar para esta categoria e foi por isso que me atrasei. Acabei por decidir que vou escolher a música que tenho actualmente como toque de telemóvel. Não tem um significado. Gosto e "calhou". Sou uma miúda prática.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

16/30 - Uma música que tem muito significado para ti

Podiam ser tantas diferentes. Mas hoje é só isto e não é necessária nenhuma explicação.

Cecil

Não conhecia o Cecil até ver as notícias hoje. Infelizmente, são más notícias. O Cecil era um leão com um temperamento muito calmo e sereno que não se importava minimamente em ser fotografado por turistas. Vivia na reserva de Hwange e já tinha conquistado três leoas da manada e tinha doze crias. Era uma atracção turística do Zimbábue e um símbolo do país.
Desde que me lembro que os leões são dos meus animais favoritos. A imponência que têm sempre me fascinou. São tão bonitos e poderosos. Não os vejo como animais ferozes ou sem compaixão que atacam as pessoas e devem ser todos abatidos. Pelo contrário. Os leões vivem sozinhos ou em grupo. Quando estão num grupo, habitam com um grande número de leoas e com um reduzido número de machos, que por norma são irmãos. São os mais preguiçosos da sua espécie, descansam cerca de dezanove horas por dia e dedicam as restantes à caça ou a proteger o seu território. Os leões são também conhecidos pela sua coragem. Quando querem dominar um território lutam até conseguir, não agem de forma traiçoeira. Quando estão com as suas crias são muito dados ao toque e gostam da proximidade física.
No entanto, o Cecil foi morto de forma muito cobarde. Foi atraído com a carcaça de outro animal para ser atingido por uma flecha e sangrou até lhe ser dado um tiro. A sua morte abriu uma discussão sobre a caça desportiva e sobre a legalidade, ou não, da caça que originou a sua morte. Depois de ser morto foi decapitado e removeram-lhe a pele.
Eu compreendo que os animais sejam mortos por necessidade. Há uma cadeia alimentar. Os animais matam-se uns aos outros porque precisam de alimento, por uma questão de sobrevivência. O ser humano faz o mesmo. Mas não defendo nem compreendo de forma absolutamente nenhuma a caça desportiva. Não defendo estes actos antropocêntricos, a caça só porque o homem adora a adrenalina antes de matar um animal ou porque é tradição. Não consigo nem sequer perceber. Aliás eu percebo mas não defendo. O homem tem a necessidade de se sentir másculo e forte, gosta de se achar o centro do mundo. Esta é uma forma de atingir esse estado. Ou então só pelo dinheiro porque as cabeças de animais, os "troféus", são extremamente valiosas e depois ainda há as peles que servem para fazer casacos ou malas.
Não compactuo com esta exploração do animal. Também não compactuo com as práticas turísticas que levam o animal até à exaustão como fazem, por exemplo, em Nova Iorque. Os cavalos trabalham cerca de nove horas por dia, sete dias por semana, carregando um veículo extremamente pesado num ambiente que não é o seu, num pavimento duro a respirar ar extremamente poluído. Depois de levarem uma vida miserável e desumana, são vendidos em leilões e mortos de forma brutal para que a sua carne seja exportada. Isto se não morrerem antes, sendo que há inclusive cavalos que caem na via pública porque pura e simplesmente não aguentam mais. Nos últimos anos já foram reportados cerca de trinta casos mortais - os únicos são os que o público denuncia. Os números reais devem ser ainda mais assustadores!
O Cecil morreu e já não há forma de reverter a situação, essa é a verdade. Mas que a sua morte tenha um propósito e a caça desportiva seja completamente banida. Há países em que é legal, sem restrições e para além de ser legal ainda conta com apoio financeiro e técnico do governo através de instituições públicas com alta reputação (e sim, isto acontece nos países "desenvolvidos"). Outros em que é regulamentada, sendo que é legal em certos locais, certos animais e certas épocas. Por fim, há países em que é ilegal. É óbvio que tenho consciência que a caça desportiva não acaba só por ser ilegal. A caça ilegal também é um problema. Mas estou certa de que diminuía categóricamente os números. O problema de tudo é a mentalidade, o justificar a prática através da tradição ou do prazer. Não há justificação nem pode haver compreensão para esta prática desumana!

domingo, 26 de julho de 2015

15/30 - Uma música que as pessoas não esperam que gostes

Não sei bem o que escolher para esta categoria porque não faço ideia daquilo que as pessoas acham que eu ouço e, por isso, se surpreendem quando não corresponde à imagem que têm. Posto isto, a escolha recai sobre uma música que adoro e que um dos meus primos ficou surpreendido por eu gostar. Positivamente surpreendido, eu digo, porque quem não adora? É a música que me acompanhou no secundário because we don't need no though control. Acho que é daquelas músicas que todos conhecemos. Quem não conhece é um ovo podre. E apesar de não ser do "meu tempo" vai muito ao encontro daquilo que eu acho da educação, assunto que já abordei aqui no blogue.

sábado, 25 de julho de 2015

14/30 - Uma música que gostes de ouvir ao vivo

Eu prefiro a maioria das músicas ao vivo, sem qualquer dúvida. Há uma energia que o estúdio não consegue captar, por mais magnífico que seja o artista e a música. E só artista que é artista consegue soar exactamente, ou melhor, do que na versão de estúdio. Os outros são só uns turistas que andam por aí a vender uns CDs para fazer dinheiro. Pelo menos é assim que eu vejo as coisas. Artista não é aquele que chega ao estúdio, grava vinte vezes e põe quinze efeitos na voz para ficar perfeito. Artista é aquele que quando está em cima do palco consegue fazer com que as pessoas sintam magia e arrepios pelo corpo todo porque é verdade que ali está, não é nenhuma fraude. Posto isto, eu tinha uma opção: Coldplay. Depois do inesquecível concerto a que assisti não tinha mais por onde escolher. Foi esta, Charlie Brown, de entre tantas. As pulseiras, a música, a voz, toda a gente. Inesquecível e maravilhoso!
(Pronto, nesta categoria não dava para escolher só uma. Desculpem lá mas não resisto. Se a Charlie Brown é euforia, felicidade e alegria, muita alegria, a Fix You é de outra categoria, e pertence a outro planeta!)

Sétima Arte | Straw Dogs

Tenho alguns filmes sobre os quais quero comentar aqui, mas quando me lembro de fazer a crítica tenho sempre alguma coisa para fazer. Vi à uns dias o Straw Dogs que foi transmitido na SIC. Surpreendentemente é um filme que é transmitido com alguma frequência, já é a segunda vez que por acaso o "encontro". Digo que é uma surpresa porque tem uma boa dose de imagens violentas e fortes. Nunca vi o original - este é um remake de 2011 - mas calculo que as cenas de violência sejam igualmente ou mais perturbadoras. A versão original, de 1971, chegou a ser proibida na Inglaterra. Foi para os cinemas mas a sua comercialização foi proibida até 2002.
David e Amy Sumner (James Marsden e Kate Bosworth) mudam-se da movimentada e frenética cidade de Los Angeles para a pacata e serena terra sulista americana de Blackwater em busca de paz e de uma vida mais calma. David é um argumentista de Hollywood que quer terminar de escrever o guião do seu próximo filme histórico sobre a batalha de Estalinegrado enquanto Amy é uma bela actriz e o orgulho daquela pequena terra, onde nasceu e foi criada.
Desde a primeira cena que percebemos os inegáveis contrastes culturais entre o casal recém chegado e os habitantes da pequena cidade. David é claramente marcado pela educação de Harvard, é politicamente correcto e ouve música clássica. Do outro lado está um grupo de rapazes acostumados a trabalhar com as mãos, que vão à igreja aos domingos, gostam da caça e vão sempre ver futebol da equipa da terra. Esse grupo é liderado pelo musculado com um olhar brutalmente frio e distante ex-namorado de Amy, Charlie (Alexander Skarsgård).
Entretanto, Charlie e os seus amigos são contratados por David para arranjar o telhado do celeiro da antiga casa do pai de Amy, que pretendem restaurar para posteriormente a habitar. As desavenças começam logo no primeiro dia quando os rapazes chegam "demasiado cedo" para trabalhar. Continuam quando um dos rapazes de Charlie entra na cozinha, sem bater à porta ou pedir autorização e se serve de uma cerveja como se estivesse na sua própria casa. Amy, no entanto, desvaloriza o assunto e diz que naquela pacata terra as portas nunca eram trancadas porque toda a gente se conhecia e havia confiança. David acaba por ceder. No entanto, também Amy começa a ficar incomodada com os olhares de assédio dos rapazes quando vai correr ou quando está por perto. Depois de confessar o seu incómodo ao marido, este sugere-lhe que talvez ela estivesse a sujeitar-se a isso, e talvez fosse melhor se ela se vestisse de forma mais apropriada. 
Das personagens secundárias, o meu destaque é completamente entregue a Tom Heddon (James Woods) que é o antigo treinador da equipa de futebol e que de certa forma educou aqueles rapazes ao ponto de eles fazerem tudo por ele (inclusive matar se necessário for, e é). Tom, depois de reformado e retirado do futebol, está constantemente no bar local a beber até que a bebida lhe seja recusada - e quando é, ele continua a beber. Tem um comportamento violento, principalmente com Niles (Dominic Purcell), um homem com graves problemas de saúde de quem a sua filha, categoricamente mais nova, está constantemente a tentar aproximar-se. É ele a ponte entre estes miúdos e a sua educação - são moldados à sua imagem.
O filme acaba com cenas de violência bastante brutais, perpetradas pelos rapazes e pelo treinador que vão atrás de Niles, que se encontra na casa de Amy e David. Apesar destes não serem o alvo da violência em primeiro lugar, já o haviam sido por mais de uma vez. Primeiro, os olhares de assédio a Amy. Depois o quase acidente de David, que ia sendo provocado pelos rapazes. Ainda o gato enforcado dentro do armário. A seguir a caça, "tão importante e tradicional na terra" a que David acede ir acompanhado por Charlie e os seus amigos mas que acaba sozinho na beira da estrada com uma caçadeira na mão quando descobre que afinal não era época de caça e tinha sido enganado. Isto sem saber que em casa, a sua mulher está a ser violada por Charlie e por um dos seus companheiros. No fim, o cenário não podia ser outro!
Fiquei com imensa curiosidade de ver o filme original. Sem dúvida que o que mais contribui para este filme é o desempenho dos actores que é excelente, principalmente de James Mardsen e do sueco Alexander. A edição e fotografia também têm qualidade, com um ar vintage e moderno em simultâneo. O pior é o enredo ser por vezes demasiado forçado e repetitivo, sabemos sempre de antemão que vai acontecer o pior. E parece que os protagonistas não se desviam dele. Depois do gato ser enforcado na sua própria casa, nada fazem. Apenas tentam apurar os responsáveis de forma infantil. São repetidamente provocados sem nada fazer. Depois de Amy se sentir assediada, expõe-se ainda mais quando desabotoa a camisa em frente aos rapazes. Depois de ser violada, também não reage. São demasiados acontecimentos sem nenhuma resposta.
No fim, a conclusão só pode ser uma: por muito civilizados e educados que sejamos, acabamos por ser iguais a toda a gente. Todos temos uma dose de monstros e de violência em nós. É uma característica da condição humana da qual ninguém consegue fugir, mesmo que tente resistir e mesmo que pensa que não é assim e é diferente das outras pessoas.
A origem do nome Cães de Palha ou Straw Dogs é chinesa. São bonecos que são todos aperaltados e colocados num altar, mas não porque são adorados. No final ninguém quer saber deles nem têm importância. São descartados. Numa das cenas, David faz referência a esta tradução e compara-os com Charlie e o resto do grupo. Um filósofo e alquimista chinês explica o conceito num poema seu:
O céu e a terra não são humanos
Não tem qualquer piedade.
O sábio não tem predileções,
É impiedoso ao tratar as pessoas como cães de palha
que serão destruídos no sacrifício.

13/30 - Uma música que cantes no chuveiro

Aqui está uma categoria que tinha imenso para escolher. Categoria que era de ontem, por sinal. Mas se tivesse feito esta publicação ontem não tinha tanta piada. Ou tinha, não interessa. O que interessa é que cantar no chuveiro é um momento especial para toda a gente.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

12/30 - Uma música que te faça lembrar do teu melhor amigo

Não há música mais indicada para todos os meus amigos, que são os melhores. Todos eles já sabem que podem contar comigo incondicionalmente. É precisamente para isso que os amigos estão cá. Para os insucessos, quando tudo está mal e parece que o mundo está a ruir sobre a nossa cabeça. E para os sucessos, quando é para celebrar e ficar feliz pela felicidade do outro. Dizem que a amizade anda pelas ruas da amargura. Eu concordo, na maioria do tempo. As pessoas já dispensam a presença física, há sempre alguma coisa para fazer, sempre algum sítio onde ir e as amizades ficam relegadas para segundo plano, para quando houver tempo e der jeito. O problema é que depois acabamos por sentir um vazio grande e o coração mais pequeno. Deixamos de ter contacto com quem nos era mais querido e estava diariamente na nossa vida, eles seguem a vida deles e nós a nossa. Caminhos tão separados, tão paralelos que parece que nunca se cruzaram. É isso o pior da vida. Deixar morrer as amizades. Um dia, quando ouvimos falar de esta ou aquela pessoa sentimos uma nostalgia imensa e uma tristeza grande. O problema é que pode ser já tarde demais. Não deixem isso acontecer com vocês!

quarta-feira, 22 de julho de 2015

11/30 - Uma música que te faça lembrar o Verão

Uma música que faça lembrar o Verão tem de ser leve, fresca e com um ritmo muito cativante. Como a Cheerleader, que pede havaianas nos pés, biquíni no corpo e muitas horas ao sol!

terça-feira, 21 de julho de 2015

10/30 - Uma música que te faça chorar

Ontem o objectivo era dançar, agora que a galhofa já acabou é para chorar. A escolha, tal como ontem, foi fácil e muito rápida. É fado, é português e é muito nosso. A letra é maravilhosa e é-me muito pessoal. Quando estive na Turquia mostrei este vídeo à senhora que me acolheu e a única reacção que teve foi dar-me um enorme abraço enquanto chorava e me dizia que era lindíssimo, mesmo sem perceber o que dizia a letra. Pensei que eu era uma Maria Madalena, afinal não, é só o efeito do fado.

Sabem o que é poesia em movimento?

Eu sei. É exactamente isto.

9/30 - Uma música que te faça querer dançar

Nem meia hora passa da meia-noite, por isso isto ainda conta como dia 20 não é? Pois, também achei. Então vou ser muito rápida hoje. Quando vi este tema só me surgiu uma música na cabeça. Sempre que ouço apetece-me dançar como se não houvesse amanhã. Não sei sequer se é possível ouvir esta música e ter outra sensação!

domingo, 19 de julho de 2015

8/30 - Uma música que gostavas quando eras mais nova

Enquanto escolhia a música para o dia de hoje, a minha dúvida era entre Run e Chasing Cars, ambas dos Snow Patrol. Foi muito complicado escolher uma porque gostava das duas quando era mais pequena. E continuo a gostar das duas hoje. Gosto mesmo muito destas duas músicas. Optei pela Run, pelo simples facto de ser mais velha dois anos. O vídeo é da versão live no Oxegen Festival, onde já aconteceram concertos absolutamente espectaculares, sendo um deles exactamente este. O poder unificador da música é absolutamente incrível.

sábado, 18 de julho de 2015

7/30 - Uma música que é o teu guilty pleasure

Eu não me considero uma pessoa de guilty pleasures. Eu ouço o que quero e ninguém tem nada que ver com isso. Mas a considerar uma para este tema seria esta por alguns motivos bastante diversos, A começar pela letra trashy e a acabar no facto de que o rapaz parece ter 12 anos e parece não ter idade para dizer o que a letra implica. Tirando isso, é uma música bastante catchy e para ouvir naqueles dias quando o objectivo é só mesmo ter um bom momento.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

6/30 - Uma música com a qual te identifiques sempre

Desde sempre que me lembro de ouvir esta música que me identifico tremendamente com ela. Não só o "perder-me na música". A vontade de vencer, aliás, vencer como a única alternativa. É das minhas preferidas desde sempre. A letra é poderosa, a música é incrível e é Eminem, o melhor de todos os  tempos! Há como não adorar?

5/30 - Uma música que tem um novo significado de cada vez que a ouves

Este post devia ter sido publicado ontem, mas ontem não tive tempo por isso mais vale tarde do que nunca. Não posso dizer que a música tenha um novo significado de cada vez que a ouço, mas tem sempre significados diferentes. Depende sempre do meu estado de espírito. Se me sentir triste, acho que é uma música depressiva e triste. Se estiver de bem com tudo, soa-me sempre a esperança de um novo começo. No entanto, é sempre bonita!

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Olá Plutão!

NASA
Às vezes julgamos que somos todos muito avançados e já sabemos tudo sobre tudo. A verdade é que não sabemos nada. Só agora sabemos como é Plutão e, pelos vistos, não é nada daquilo que se estava a pensar. É maior do que o esperado. É mais novo do que o que se pensava. Tem montanhas de cerca de 3500m de altura. É um enorme passo para a Humanidade, para nós. Mas ainda falta descobrir tanto. Afinal, só conhecemos o nosso sistema solar. Continuamos ainda a ser tão pequenos na nossa grandeza. Mas é tão bom ver Plutão, é bom saber que há mais do que isto, é bom relembrar a nossa insignificância. É bom para perceber que temos de proteger esta nossa casa com tudo o que podemos, porque não há outra.
A New Horizons, uma sonda espacial não tripulada (leva em homenagem as cinzas do homem que descobriu Plutão em 1930, Clyde Tombaugh) passou a cerca de 12472 quilómetros de Plutão, depois de 3463 dias em viagem. Encontra-se agora a mais de 4,8 mil milhões de nós mas comprometida a enviar-nos mais detalhes daquilo que vê. Com os dados recebidos já é possível saber o diâmetro do planeta-anão (que não é tão anão assim): 2370 quilómetros. Coisa pouca, não é? Para além de se saber que afinal este planeta não é tão pequeno como o que se esperava, também não é assim tão velho. Em consequência das cadeias de montanhas muito jovens e muito altas, assim como a notável e surpreendente ausência de crateras, calcula-se que a sua idade seja de 100 milhões de anos - o que faria este planeta contemporâneo dos dinossauros na Terra -, uma idade muito jovem quando comparada com os 4500 milhões de primaveras do nosso sistema solar.
Estamos, sem sombra de dúvida, a testemunhar um acontecimento de enorme importância. Estamos a testemunhar a época em que os nossos horizontes foram alargados. A época em que todos os planetas do nosso sistema solar foram visitados. A época em que podemos olhar para além do que já conhecíamos. Não tem preço!
A viagem

quarta-feira, 15 de julho de 2015

4/30 - Uma música que te faça lembrar alguma coisa triste

De uma forma geral, todas as músicas nos fazem sentir alguma coisa. Seja tristeza ou alegria, medo ou segurança. Não interessa o quê, o que interessa é que nos faça sentir e viver. Se a música não me transmitir nada então não me acrescenta em absolutamente nada. Isto serve tanto para a música como para a literatura e até para as pessoas. Para serem especiais e diferentes têm de me fazer sentir. Se me forem indiferentes então não têm qualquer tipo de interesse.
Para além disto, também acho que as maiores obras de arte nascem da infelicidade, da tristeza, do infortúnio, da desilusão. Eu, que provavelmente nunca vou ter uma obra de arte, sinto que consigo escrever melhor quando estou triste e quando me sinto infeliz. Talvez seja porque todos nós temos esta necessidade maior de nos expressarmos de forma mais fluída quando tudo à nossa volta parece ou está prestes a ruir. Quando nos sentimos felizes, exteriorizamos tudo isso de forma muito simples e natural. Se estamos felizes não temos a necessidade de sair e dizer que estamos muito tristes e que nada vai ficar bem, mas se estamos infelizes temos a necessidade (ou achamos que sim) de sair de casa e fingir que tudo está bem e maravilhoso e que o sol está fantástico quando na verdade tudo por dentro de nós se auto-consome e as nuvens parecem ser infinitas. Acho que é precisamente por isto que temos a necessidade de encontrar alguma arte através da qual nos consigamos expressar. Pode ser a pintura, a escrita, a música. Há uns que têm a necessidade de esconder essa arte, outros que a revelam ao mundo. É assim que as obras de arte nascem. Obras de arte como esta música. Escrita pelo Noel Gallagher e interpretada pelo seu irmão, Liam Gallagher durante o tempo dos Oasis e interpretada por si mesmo no presente. E só de pensar que ele está em Portugal amanhã e eu vou estar em casa é para ficar deprimida. Porque há obras de arte que merecem ser ouvidas ao vivo.
Esta música tem uma enorme importância para mim. As músicas têm o significado que nós lhes damos. Noel diz que é uma música sobre nada, que nasceu de coisas banais. Há uns que defendem que é sobre o acto de fumar drogas enquanto se bebe champagne. Outros acham que é sobre a amizade. Eu acho que é sobre mim. Não me interpretem mal, é óbvio que não foi escrita a pensar em mim (apesar de eu admitir que deve ser uma sensação maravilhosa), tanto é que a música é mais velha do que eu. No entanto, identifico-me com esta música numa dimensão quase transcendente. Sabem o que é uma Supernova? Sou eu. Mais uma vez, não literalmente. Uma supernova é, de forma simples e rápida, uma estrela que morre mas que, de tão especial, toda a gente a vê morrer. Para mim, é uma música sobre alguém que apesar de se adaptar às massas, às pessoas, acha que não é ali que pertence, mesmo que com o tempo se torne especial para algumas pessoas. Por isso afasta-se, e deixa-se morrer. Mais uma vez, não literalmente. Também é sobre o tempo que passa e o quanto as pessoas mudam no processo. Afastam-se, mesmo que não o façam de forma deliberada mas sim porque não conseguem lidar com certas situações por mais tempo. Apesar do afastamento e das circunstâncias da vida, que para todos nós são diferentes, you and I will never die. Esta é a música que me faz lembrar de mim.
(É suposto a música ser acompanhada de um pequeno texto, no entanto há músicas que não podem ser tratadas como as restantes pelo seu significado. Esta é uma delas. É uma obra de arte. As obras de arte merecem mais.)

terça-feira, 14 de julho de 2015

3/30 - Uma música que te faça rir

Eu era menina de escolher uma música do Bruno Mars para cada dia, e ter sucesso nessa missão. O homem é bastante versátil. Num dia canta de coração partido que não se importa de ser atingido por uma granada ou por um comboio pela mulher que ama, mas entristece-o saber que ela não fazia o mesmo. No dia seguinte quer fazer amor como um gorila e não pára nem que os vizinhos chamem o xerife e a SWAT. E digam-me lá, é possível resistir a este homem? Não me parece. Para além da carinha laroca o homem tem um talento impressionante, ele canta e ele dança e ele faz tudo e mais alguma coisa. E faz tudo bem.
Quando não está a ser atropelado por um comboio nem a ser um gorila, é só preguiçoso - como todos nós. E esta música específica é a minha música para os Domingos. Gosto da letra, gosto da música e gosto do vídeo. Tudo me faz rir porque eu também sou preguiçosa!

segunda-feira, 13 de julho de 2015

2/30 - Uma música que te ajude a relaxar

Naqueles momentos em que tudo parece estar mal e eu me quero abstrair de tudo deste mundo há sempre uma música que tenho de ouvir. É esta. Ou melhor, há sempre um álbum que tenho de ouvir: "Into the Wild" de Eddie Vedder. Desde o início ao fim que é um álbum de paz e de esperança. Faz-me viajar e pensar que um dia também vou pôr uma mochila às costas para ir para onde me apetecer. Sem dúvida que isso é o meu maior sonho: viajar pelo mundo com uma mochila às costas, eu e a natureza. Sem telemóvel, sem computador, sem internet. Esse pensamento é o único que me consegue relaxar, que consegue com que eu ultrapasse as adversidades. É o meu querido Eddie Vedder que me leva para um mundo novo, outro mundo onde tudo é calmo. Quando ouço este álbum não tenho ansiedade ou pânico, nada disso existe ou importa. A versão que anexei a este post é ao vivo com o Jonnhy Depp, um dos actores mais talentosos de Hollywood e que parece que não tem talento só para a representação.

domingo, 12 de julho de 2015

1/30 - Uma música que te faça feliz

O meu primeiro pensamento foi "tu só gostas de músicas deprimentes, onde é que vais arranjar uma música que te faça feliz?". É deveras complicado, tenho de admitir. E se me permitem vou transgredir já as regras porque eu sou uma fora-de-lei.
Não estou bem a ver uma música que me faça feliz, mas shame on me porque eu sou uma pessoa depressiva que em forma de auto-ajuda passa os dias a ouvir música depressiva e triste. A única música que me ocorreu foi We are the Champions dos Queen. Depois percebi que não era a música que me fazia feliz mas sim o momento ao qual está associado: era a música que toda a gente cantava, eu incluída, no Toural quando os nossos heróis chegavam do Jamor. Como não era a música em si que me fazia feliz (apesar de adorar a música e adorar os Queen) pensei por mais 5 minutos. Percebi que havia uma performance que me fazia muito feliz.
É um medley que incluí Beyoncé, Ed Sheeran e Gary Clark Jr. no tributo ao grande Stevie Wonder. A energia, a felicidade e a cumplicidade dos três é contagiante e o talento é inegável por isso é a combinação perfeita (as pernas da Beyoncé ajudam, admito com ciúmes). Podia ver esta performance durante horas que não me cansava. É fantástica! Vejam lá se não vos deixa com um sentimento de alguma coisa parecida com felicidade:

Eu não sou de cenas destas mas...

Sabem aqueles desafios giros que os blogues fazem? Todos catitas e giros? Pois, eu acho-lhes piada, mas nos blogues dos outros. É um bocadinho como as crianças: são lindas e maravilhosas e eu adoro-as, mas no colo dos outros. Pronto, e agora acham-me uma insensível. Não se preocupem, não sou. Há uma criança, de entre as mil crianças que existem na minha família, que é muito simpática e ri-se para mim quando está no meu colo e acha piada à forma infantil como falo para ela. Pronto, eu só estive com ela no verão passado porque a princesa está no Luxemburgo mas acho que ela vai continuar a adorar-me este ano (eu até lhe troquei a fralda uma vez, e ela não chorou, vejam bem o amor da criança por mim!). Já estou a divagar, não é? Então pronto, depois de vos falar de crianças vou comunicar-vos o objectivo deste post: eu vou fazer um desafio desses todos catitas, só para vir aqui todos os dias e não dar tempo a que aqui se criem teias de aranha.
O desafio consiste em, todos os dias, mostrar-vos uma música com significado para mim. Todos os dias há um tema diferente. Vou tentar cumprir escrupulosamente com isto, nem que nos próximos 30 dias só haja música por aqui. Sempre ouvi dizer que alguma coisa é melhor do que nada. Por isso, vejam lá (e podem ir deixando os vossos comentários de que música escolheriam, é sempre bom conhecer música nova - a não ser que seja daquelas músicas que passam na SIC e na TVI ao domingo à tarde... Nesse caso eu não preciso de saber, está bom?):

Dia 01 - Uma música que te faça feliz
Dia 02 - Uma música que te ajude a relaxar
Dia 03 - Uma música que te faça rir
Dia 04 - Uma música que te faça lembrar alguma coisa triste
Dia 05 - Uma música que tem um novo significado de cada vez que a ouves
Dia 06 - Uma música com a qual te identifiques sempre
Dia 07 - Uma música que é o teu guilty pleasure
Dia 08 - Uma música que gostavas quando eras mais nova
Dia 09 - Uma música que te faça querer dançar
Dia 10 - Uma música que te faça chorar
Dia 11 - Uma música que te faça lembrar do verão
Dia 12 - Uma música que te faça lembrar do teu melhor amigo
Dia 13 - Uma música que cantes no chuveiro
Dia 14 - Uma música que gostes de ouvir ao vivo
Dia 15 - Uma música que as pessoas não esperam que gostes
Dia 16 - Uma música que tem muito significado para ti
Dia 17 - Uma música que te aborrece
Dia 18 - Uma música que tens ou queres ter como toque de telemóvel
Dia 19 - Uma música com a qual estás obcecada de momento
Dia 20 - Uma música de um álbum novo que estás à espera que seja lançado
Dia 21 - Uma música que queiras dançar no teu casamento
Dia 22 - Uma música que seria o genérico de um programa de televisão sobre a tua vida
Dia 23 - Uma música que te faça ficar zangada
Dia 24 - Uma cover
Dia 25 - Uma música em acústico que adores
Dia 26 - Uma música da tua banda favorita
Dia 27 - Uma música com a qual gozes
Dia 28 - Uma música que te faça lembrar de alguém especial
Dia 29 - Uma música que actualmente não te sai da cabeça
Dia 30 - Uma música que não tenhas ouvido por algum tempo

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Le Tour

Depois de Cancellara, Tony Martin é o segundo camisola amarela a abandonar o Tour em consequência de um acidente. Num dia em que tudo parecia correr bem e a cerca de 1 km da meta. Acaba a tirada com a clavícula partida e apoiado nos seus colegas. É por o Tour ser mais do que a melhor corrida do mundo que não lhe resisto todos os anos. Há tanta humanidade no desporto!

terça-feira, 7 de julho de 2015

Não há só um camisola amarela

Nunca pratiquei nenhum desporto. A culpa está na minha péssima coordenação motora e no facto de eu ser a pessoa mais trapalhona de que deve haver registo. No entanto tenho muita pena de não praticar desporto, ou de não ter sido inscrita num desporto qualquer quando era pequena. Desde que me lembro de ver desporto - se ver desporto contar como desporto então sou uma atleta - que fico fascinada com a capacidade psicológica dos desportistas. É incrível a forma como transformam a dor em motivação, o espírito de sacrifício, a vontade de se superar, a capacidade de se levantar quando tudo parece estar perdido. Acho mesmo que os desportistas são as pessoas mais fantásticas do mundo.
Como já disse, eu sou uma ávida espectadora de desporto e não interessa qual. Se puder assistir ao vivo eu estou lá porque a atmosfera é uma coisa que a televisão ainda não tem capacidade de transmitir (por muita tecnologia que haja, há coisas intransmissíveis e perde-se tanto quando só se vê na televisão - até podemos ver a repetição dos lances 20 vezes que há coisas que se perdem). Já fui ver jogos da selecção nacional da Liga Mundial de Voleibol ao Multiusos de Guimarães, sempre que posso vou ao Pavilhão do Vitória ver o basquetebol e já fui ver jogos de Basquetebol a Fafe nas últimas duas Finais 8 em que o Vitória participou (e ganhou uma delas num jogo espectacular contra o Benfica) e vou ver futebol sempre que posso. Na televisão acompanho aquilo que posso, desde futebol a ciclismo. E é exactamente de ciclismo que quero falar aqui hoje.
Os menos distraídos já devem saber que o Tour de France já se iniciou este ano. O Tour é, como devem saber, uma competição anual de ciclismo de estrada que se realiza geralmente em Julho na França (com alguns desvios pelos países vizinhos). É talvez a competição mais importante para os ciclistas e é extremamente dura e parece intangível para o mais comum dos mortais. O percurso altera-se todos os anos mas o formato da prova é sempre o mesmo: incluí provas de contrarrelógio, a passagem nos Pirenéus e nos Alpes e termina nos Champs-Élysées em Paris. A prova divide-se em 21 etapas diárias ao longo de 23 dias e os ciclistas percorrem um total de cerca de 3200km. Já perderam o fôlego? Eu também. Como eu disse, não é acessível ao mais comum dos mortais. Em bom português: é só para quem os tem no sítio.
Ontem foi dia da 3ª etapa. Se estão a par das notícias, aperceberam-se da aparatosa queda quando faltavam cerca de 60 km para o final da etapa. A queda foi tão grave que a corrida teve mesmo de ser neutralizada (foi a primeira vez que vi isto acontecer). A queda envolveu um largo número de ciclistas levando alguns a abandonarem a prova de imediato. Entre os ciclistas que foram ao chão estava o "nosso" Rui Costa. Estava a acompanhar a etapa em directo quando me apercebi da queda e fiquei logo triste porque percebi as consequências que ia ter no desempenho de imensos atletas. Imaginam a tristeza de um ciclista quando cai e percebe que se não se conseguir levantar e aguentar as dores está tudo acabado para ele? Não é só o ciclista que cai, não é só a bicicleta que se arranha no chão, é o sonho que acaba. Cerca de 25 minutos depois o director da prova dava ordens para que esta se reiniciasse. Alguns ciclistas conseguiram continuar, com o equipamento rasgado, os joelhos e os cotovelos vermelhos do sangue e da dor que por certo sentiam, as caras de desalento e tristeza, as expressões de quem tem de transformar a dor na sua maior motivação. Talvez eu seja demasiado sensível, mas parece que a dor deles é também um bocadinho minha. Outros foram forçados a abandonar a prova de imediato porque não tinham condições para continuar.
Rui Costa confessou mais tarde que foi em sofrimento até à meta. Como ele acredito que tenham sido muitos. Não é só o sofrimento físico - que só por si já é suficiente - mas é ainda o sofrimento psicológico. Confessou também, no seu blog que amanhã a etapa vai ser muito dura porque é em paralelo e para juntar a isso tem as mazelas na anca, no joelho e nas costas. Cancellara, que carregava a camisola amarela, também esteve envolvido no acidente. Tal como Rui Costa decidiu continuar até à meta, visivelmente mais queixoso e combalido. Eram notórias as dores que sentia. Depois dos exames médicos foi obrigado a abandonar a prova porque tinha duas costelas partidas. Vocês já devem ter percebido mas deixem-me só dizê-lo claramente: Fabian Cancellara fez cerca de 50 km com duas costelas partidas! Não foi o único a continuar com uma lesão. Laurens ten Dam decidiu terminar a etapa depois de a sua equipa ter "consertado" o seu ombro deslocado ainda no chão do asfalto.
É no final de etapas como esta que acho os títulos uma enorme injustiça. Porque é que só um é que tem direito à tão almejada camisola amarela quando todos são campeões? Todos aqueles ciclistas que caíram e se magoaram mas arranjaram forças sabe-se lá onde para chegar à meta mereciam a sua própria camisola amarela, não mereciam?
É em dias destes (e nos outros todos) que os desportistas são pessoas que têm todo o meu respeito e admiração. Porque continuam, mesmo que tenham muitas barreiras à frente. E é assim que nem sempre são só os que ganham que ficam para a história.

No final, Christopher Froome ficou com a camisola amarela (o ano passado Froome foi obrigado a abandonar a corrida num dia chuvoso depois de duas quedas). O vencedor da etapa foi o espanhol Joaquim Rodríguez.
Cancellara
Foto: www.mirror.co.uk
Foto: www.mirror.co.uk
Foto: www.mirror.co.uk
Foto: www.mirror.co.uk
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Laurens ten Dam depois de deslocar o ombro
Foto: www.mirror.co.uk
Um membro da equipa a pôr-lhe o ombro "no sítio" para que continuasse a corrida
Foto: www.mirror.co.uk
P.S.: Estão 4 portugueses em prova: Rui Costa (dorsal 151) que se encontra na 30ª posição na classificação geral, a 3.10 de Froome (ficou em 38º lugar na 3ª etapa), Tiago Machado (dorsal 98) que é 59º na geral (39º na etapa 3), Nelson Oliveira (dorsal 155) que se encontra na 79ª posição da geral (107º na etapa 3) e o vimaranense José Mendes (dorsal 197) que é o 163º da geral (162º na etapa 3). Em competição está também o lusodescendente Armindo Fonseca (dorsal 206) que se encontra na posição 78º da classificação geral (na etapa 3 ficou no 45º lugar).

P.S.2.: A decisão do director da prova neutralizar a corrida foi muito polémica e contestada por alguns corredores que não estiveram envolvidos na queda. A contestação surgiu aparentemente porque na 2ª etapa também houve uma queda mas a corrida continuou. Eu não acompanhei a etapa 2, mas percebi que depois da caótica queda de ontem a corrida tinha obrigatoriamente de ser neutralizada por uma razão muito simples. Os veículos de emergência e os médicos da prova estavam todos no local do acidente a prestar ajuda aos ciclistas que estavam magoados, logo se houvesse algum acidente pouco depois deste não estavam disponíveis os meios de emergência necessários, o que podia ter efeitos catastróficos e até fatais. Por isso sim, a corrida tinha de ser neutralizada porque antes de tudo está a saúde dos atletas e se a assistência não pode ser garantida só havia mesmo este caminho. 

O tempo sempre passa, não é?

À dias tive uma experiência muito engraçada, mas surgiu por pura casualidade. Andava numa das minhas incursões ao YouTube quando nos vídeos que são sugeridos estava uma performance relativamente recente da música With or Without You dos U2 que eu adoro. Para passar o tempo (e não há amigo mais indicado para isso que o YouTube) decidi ver, porque adoro a música e a banda. Depois fui ler alguns comentários e um deles fazia referência a uma performance  em particular que já tinha alguns anos e eu, por curiosidade, fui ver. As diferenças são tão notórias como é tudo tão igual... Os traços do Bono, a forma como se mexe no palco, a forma como interpreta a música é tão igual mas ao mesmo tempo tão diferente! É a prova de que, embora às vezes tenhamos a sensação de que o tempo pára e demora muito a passar, o tempo passa e passa rápido. 
As duas performances são separadas por cerca de 23 anos. É verdade, os U2 já andam por cá à tanto tempo (e continuam a dar que falar). A música With or Without You já conta 28 primaveras. Parece mentira não parece?

domingo, 5 de julho de 2015

A minha estante | Amy Winehouse: The Biography

Nome original: Amy Winehouse - The Biography
Autor: Chas Newkey-Burden
Editora: John Blake Publishing
Nrº de páginas: 230
Sempre gostei muito da Amy Winehouse, da sua voz única e maravilhosa. Desde que me lembro que fico arrepiada quando ouço Tears Dry on Their Own ou Back to Black ou tantas outras. Fico arrepiada por ouvir uma voz tão boa e também fico triste porque é impossível não pensar na sua vida difícil e atribulada e da sua morte tão prematura.
Foi precisamente por adorar a Amy que não pensei duas vezes em comprar este livro (que vinha acompanhado de um DVD que ainda não tive oportunidade de ver). A primeira impressão do livro foi que era muito pequeno para ser uma biografia mas a qualidade não se vê no tamanho, não é verdade? Posto isto decidi atirar-me a ele na convicção de que é um livro que se lê num ápice - e não me enganei, lê-se com muita facilidade e rapidez. No entanto fiquei ligeiramente desiludida.
A primeira edição do livro foi em 2009, quando a Amy ainda estava viva. Mas a edição que comprei é de 2011, pouco tempo depois dela morrer. Por isso o livro só aborda a vida dela até 2008, não retrata os últimos 3 anos da sua vida. Para além disso, é algo confuso. É confuso de situar no tempo os acontecimentos que vão sendo relatados. Outro aspecto que me deixou desiludida - e este talvez seja o pior do livro - é o facto de não termos a mínima ideia do que se passa na cabeça da Amy, não sabemos como ela vê a pressão da imprensa, não sabemos como ela se sente e eu suponho que quando alguém decide ler uma biografia pretende conhecer os pensamentos da personalidade em questão. 
O livro baseia-se muito (demasiado, por vezes) no trabalho da Amy, em entrevistas e nas reviews dadas por outras personalidades ou publicações. Não há novidades porque o livro é escrito a partir de material que já estava ao nosso alcance. Também aborda muito as performances, com tal detalhe que somos quase obrigados a ir ao YouTube ver se de facto o que ali está descrito é verdade.
Ao contrário da maioria dos autores de biografias, Newky-Burden não tenta esconder o quanto gosta da Amy e o quanto a admira. Se, por um lado, isto é negativo pois eu acho que quem escreve biografias deve conseguir ser isento, por outro lado é positivo porque nunca se esquece de mencionar o seu enorme talento.
Talvez catalogar este livro como biografia não seja o mais correcto, porque quando acabamos de o ler não ficamos com essa sensação. Eu, pelo menos, senti que me apetecia procurar outra biografia porque queria descobrir a verdadeira Amy. Este livro é uma colectânea de reviews, entrevistas e opiniões dos fãs da Amy.
No fim, a sensação mais clara é a de que a excelente e perturbada Amy Winehouse merecia mais do que isto, muito mais.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Oremos

Hoje é um dia triste e não só porque cheguei das minhas mini-férias. O motivo da tristeza deste dia é a morte do wareztuga. Eu, pessoa que passa horas e horas a ver séries e filmes, sou uma utilizadora do wareztuga desde o início. Este desaparecimento precoce deixa-me não só profundamente triste mas com um sentimento de revolta que não passa e não vai passar tão cedo. Sabem qual foi a causa da morte? Netflix! Revoltem-se e manifestem a vossa profunda infelicidade. E sim, eu sei que sou uma fora da lei porque via filmes numa plataforma ilegal, mas querem o quê? As séries estavam online um ou dois dias depois de serem transmitidas no países de origem, os filmes tinham boa qualidade e as legendas eram maioritariamente boas. E o melhor... não tínhamos de pagar balúrdios para ver um filme. A cultura estava acessível a todos (como devia estar sempre!) através do wareztuga.
Querido wareztuga, foi um prazer conhecer-te e passar maravilhosas horas contigo, noites inesquecíveis. Fomos muito felizes juntos nestes 4 anos, não fomos? Ainda hoje de manhã estava tudo bem contigo, vi mais um episódio de Lost e estavas de boa saúde por isso a tua partida me deixa surpreendida. Tinha mais de 850 filmes agendados para ver e agora partes assim, sem um aviso, sem uma despedida... Obrigada por tudo, obrigada por me introduzires a filmes e séries aos quais não teria acesso se não fosses tu. Foste fundamental no meu processo de crescimento. Nunca serás esquecido sabes? E já estou cheia de saudades tuas. Descansa em paz!

Fui ali passear, mas já voltei

Estou a chegar de umas mini-férias em Nazaré. Já não é a primeira vez que vou a Nazaré, e é a segunda vez que vou lá passar umas mini-férias. Em 2013 fiquei por lá três dias e desta vez o programa foi o mesmo. É um sítio muito agradável para passear, descansar e ficar maravilhado com as paisagens, que apesar de já as conhecer muito bem me continuam a encantar.
Infelizmente não fui agraciada com um tempo espectacular, mas ainda deu para aproveitar o sol da praia da Nazaré na terça à tarde e o dia todo de quinta, na quarta fui até S. Martinho do Porto, uma praia muito calma e muito bonita. Apesar do bom tempo durante a manhã, à tarde ficou muito vento e era insuportável estar na praia. Como alternativa fui até à pequena e encantadora Vila de Óbidos e aproveitar para conhecer a Praia D'el Rei.
Ontem ao fim da tarde fui até ao Sítio da Nazaré, que é a minha parte favorita. Jantei num restaurante muito agradável, com uma vista panorâmica que me fazia querer jantar 20 vezes só porque não queria sair de lá. O restaurante fica na estrada que vai até ao Farol e é óptimo para um jantar em família no final de um dia de praia. 
Se puderem, não deixem de visitar estes sítios maravilhosos: se forem a Óbidos a paragem obrigatória é na Livraria Mercado Biológico, um espaço encantador e maravilhoso que combina livros (muitos livros) com produtos biológicos. A Praia D'el Rei é também merecedora de uma visita e um dia só não chega, apesar de não ter pisado o areal (com muita pena minha mas a temperatura e o vento não ajudavam e o tempo era pouco) apercebi-me da beleza e calma desta praia. Em Nazaré, para além da praia enorme e convidativa, o meu sítio favorito é sem dúvida o Sítio, que é deslumbrante e se forem para jantar, passem no Arimar que tem como especialidades pratos de peixe (mas eu, que já estava um bocadinho farta de peixe, optei por carne à alentejana e não me arrependi nada). Ah, e quando lá forem não se esqueçam de parar na Gelatomania, uma gelataria italiana, na vila da Nazaré que está recheada de coisas não só deliciosas como lindas!
Praia D'el Rei
Praia D'el Rei
Livraria Mercado Biológico - Óbidos
Livraria Mercado Biológico - Óbidos
Óbidos
Praia de S. Martinho do Porto
Óbidos
Óbidos
Ginja de Óbidos em copo de chocolate
Óbidos
Um waffle enorme e maravilhoso na Gelatomania em Nazaré
Óbidos
Óbidos
Praia de S. Martinho do Porto
Praia da Nazaré
Vista Panorâmica do restaurante Arimar, no Sítio da Nazaré
O sítio da Nazaré
Uma estátua viva a personificar um pescador nazareno do século XX - para além da figura estar espectacular, o senhor era muito simpático e atencioso
Nazaré
Nazaré
Pulseiras em pele personalizadas por um casal da Holanda numa banca linda na Nazaré - também estampam colares e coleiras para cães e gatos
Vista do Sítio da Nazaré
Igreja da Nossa Senhora da Nazaré
Praia da Nazaré
O sítio da Nazaré
Praia D'el Rei
Praia da Nazaré
O sítio da Nazaré
Praia da Nazaré
Podem ver estas e outras fotos na minha conta EyeEm
P.S.: Todas as fotos foram tiradas por mim. Caso as queiram utilizar, agradeço que me contactem primeiro e as identifiquem como sendo minhas. Obrigada.