As crianças podem ser muito cruéis e mesquinhas, principalmente na relação uns com os outros. Há muitos exemplos disso e provavelmente todos, enquanto crianças, fomos cruéis em algum momento. É triste porque as crianças não têm noção da importância das palavras ou das acções e por isso nem sabem o quanto podem magoar os outros. No entanto as crianças são, por norma, os seres mais puros e sinceros de todos. Não se preocupam em mascarar quase nada. São frontais e muito atrevidas. Riem-se de qualquer situação e a maioria tem uma competência natural para ser feliz. Por vezes incompreensivelmente felizes. Com sorrisos estampados na cara.
Hoje não quero falar da minha infância, de quando era pequena. Hoje quero lembrar as crianças de que não nos podemos esquecer nunca. Aquelas que, sem culpa de viverem num mundo mau, violento e cruel, são obrigadas a entrar num barco sem condições para 50 pessoas fazerem uma viagem de longa distância mas onde fazem essa mesma viagem 200 pessoas. As crianças que não têm uma escola mas que querem aprender e por isso fazem-no sentado no chão e em qualquer lugar onde se possam sentar e aprender - porque é só isso que querem. As crianças que não têm água potável em casa e que por isso percorrem quilómetros todos os dias, por vezes descalços, para beber água. As crianças que são recrutadas por pessoas sem um coração a bater no peito para lutarem por uma causa que não conhecem, para matar o inimigo que não conhecem.
Hoje não nos podemos esquecer de todas as crianças que não têm oportunidade para ser crianças mas que são genuinamente felizes e têm um sorriso enorme na cara em todos os momentos. Momentos esses que provavelmente nos poriam a todos a chamar pela mãe. Hoje não nos podemos esquecer também de todas as crianças que não têm oportunidade de viver por causa das injustiças nojentas deste mundo tão sujo e triste. Não nos podemos esquecer das crianças, de todas elas. Hoje especialmente destas e outras como estas para que possamos lutar sempre por um mundo melhor e sem injustiças. As crianças deviam todas ter o direito a ser crianças.
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Bebé sem identificação encontrado morto no Mar Mediterrâneo. Foto: Reuters |
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África do Sul |
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Afeganistão. Foto: Parwiz |
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Índia |
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A "ponte" que as crianças têm de atravessar para ir para a escola, Indonésia |
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Foto: Mio Cade |
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Quénia. Foto: Noor Khamis |
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Foto: Steve McCurry |
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Duas crianças e colegas de escola ao lado dos maridos, Yemen |
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Costa do Marfim. Foto: Luc Gnago |
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Thaminah Sadiq, de 7 anos, ganha menos de $3 por dia. Foto: Muhammed Muheisen |
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Crianças do Bangladesh trabalham 10 horas por dia e ganham cerca de 200 tk por semana (1$=70tk). Foto: GMB Akash |
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Gaza, Palestina. Foto: Kenny Rae, Oxfam America |
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Foto: Eric Valli |
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Foto: Mono Asia |
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Foto: Michael Biach |
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Foto: Thomas Tham |
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Bangladesh. Foto: GMB Akash |
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Foto: GMB Akash |
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Bangladesh |
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Etiópia |
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Nigéria. Foto: Julien Germain |
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Foto: Muhammed Muheisen |
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Foto: Muhammed Muhein |
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Foto: Maurice.ee |
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Farzana (11 anos) e Jamila (7) fumam cristal, heroína pura dada pelos pais para que fiquem em casa sem dores enquanto vão pedir para a cidade. Foto: Philip Poupin |
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Haiti. Foto: Rafael Fabres |
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Foto: Nikola Jovandic |
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Malásia |
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Foto: Meghan Dhaliwal |
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Campo de refugiados, Quénia. Foto: Nicholas Kristof |
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Paquistão. Foto: Caren Firouz |
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DR Congo. Foto: Uriel Sinai |
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Afeganistão. Foto: Fayaz Kabli |
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Kabul. Foto: Shah Marai |
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Foto: Jean-Michel Turpin |
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Cambodja. Foto: Claude Gourlay |
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Casamento infantil, Arábia Saudita. Foto: Cathy Gier |
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Somália |
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Gana. Foto: Alexandra Borges |
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Foto: Muhammed Muheisen |
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DR Congo |
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Escola sem electricidade e sem livros. Vietname. Foto: Kham |
Olá Raquel,
ResponderEliminarImagens impressionantes e tocantes. Nós, que vivemos numa parte do Mundo (felizmente) em que temos acesso a tudo e mais alguma coisa, perante estas imagens os nossos "problemas" ficam reduzidos a ninharias. Claro que também os temos, e que por vezes nos deitam abaixo e nos fazem questionar muita coisa, mas o que estas imagens nos transmitem (e são apenas alguns exemplos) deitam por terra o que quer que seja.
Tenho dúvidas acerca da moralidade do que vou escrever a seguir, mas apetecia-me obrigar toda a gente (caso o pudesse fazer) a ver estas imagens e a refletir um pouco sobre elas. Crianças e adultos. Tenho uma filha com 8 anos, e evidentemente vou querer, e estou a fazer por isso, que não lhe falte nada. Mas ao mesmo tempo tento transmitir valores que acho essenciais e que me foram também transmitidos a mim, no sentido de evitar falhas que acho imperdoáveis e que tanto vejo hoje em dia nas crianças e jovens com as quais convivo e consigo percecionar. Estas imagens não deviam servir como "arma de arremesso", daí ter questionado a moralidade do que disse, mas são tão revoltantes e cruéis que me levaram a ter essa vontade. Nunca, mas por nunca deviam sequer existir. Mas existem, e só nos resta lamentar a falta de líderes políticos com coragem para olhar de frente estas situações e verem até onde as suas lideranças nos estão a levar.
Profundamente revoltante.
Rui
Olá Rui,
EliminarSão imagens realmente tristes mas um espelho das condições em que muitas crianças e adultos vivem. Não gosto de diminuir os problemas das pessoas mas a verdade é que é impossível não pensar que afinal não são assim tão graves os nossos problemas quando comparados com os que lidam estas crianças.
O "exercício" que sugeres a mim também me parece necessário, por isso partilhei algumas imagens aqui. Pode ser cruel mas sem dúvida que são uma forma de pensar em todas as nossas acções e no quanto podemos fazer para mudar estas situações. Não consigo conformar-me com a miséria destas pessoas e entristece-me ver que os líderes políticos de que fala se conformam e muitos criam estas situações. Tantas guerras, tantos conflitos, tanta riqueza mal distribuída. O mundo é feito de injustiças e temos de ser nós, cidadãos comuns, a tentar corrigi-las porque do topo essas correcções tardam a chegar. Eu calculo que educar uma criança seja o trabalho mais difícil do mundo, criar um ser humano com valores e humanismo. Mas fazê-los entender que há pessoas numa miséria que pode até parecer incalculável parece-me fundamental pela simples razão de que é assim que o mundo real funciona, sem paninhos quentes para a maioria. Olhar para fotografias assim e pensar em tudo o que se passa e não é fotografado é muito duro, pelo menos para mim, mas também é uma grande lição que me faz relativizar todos os meus "problemas" e me incentiva a ajudar em tudo aquilo que está ao meu alcance. Não deviam existir de facto, mas se existem que sirvam para que todas as pessoas possam contribuir para mudar esta realidade e tornar o mundo num sítio justo para todos e que possamos aprender a sorrir como as crianças fazem mesmo no meio das maiores adversidades!