terça-feira, 21 de junho de 2016

2022

Foto: Vitória Sport Clube
Em 2022 o Vitória completará cem anos. Um século. Não é um número irrisório, muito pelo contrário. É um número redondo e um número bonito. Ainda faltam seis anos para comemorar o centenário e até lá é certo que muitas coisas, boas e más, vão acontecer. Hoje vou aproveitar-me de uma pergunta que o Carlos Ribeiro, da rádio Fundação, fez ao Júlio Mendes quando o entrevistou: o que será o Vitória em 2022? Não tenho qualquer pretensão de adivinhar o futuro mas não posso deixar de pensar no que eu quero para o Vitória daqui a 6 anos.

Em 2016 o Vitória é um clube frágil. Esta fragilidade é o resultado, em grande parte, de anos de má gestão financeira. Em nome da recuperação e de continuar com "as portas abertas" várias alterações tiveram de ser feitas. O plano desportivo foi relegado em detrimento da recuperação financeira e hoje parece não haver ainda um projecto desportivo a longo prazo. Apesar de tudo isto, nos últimos anos tivemos também momentos muito positivos no futebol vitoriano, a começar por aquela que é talvez a página mais bonita de toda a nossa história - falo, como é óbvio, da conquista da Taça de Portugal - mas também da aposta (ganha) nos jogadores da formação, uma medida necessária mas que teve um resultado muito positiva, e acabou por ser um exemplo para muitas equipas portuguesas. Na formação não posso deixar de referir o campeonato nacional conquistado pelos juvenis na época 2014/2015 e que é mais um indicador, de muitos, de que o Vitória é uma óptima escola.

No entanto, o Vitória que vemos hoje, muitas vezes apático, adormecido e silencioso, não é aquele que gostaríamos de ver. Muitas vezes nem parece o nosso Vitória, com a identidade conquistadora herdada de D. Afonso Henriques, com ambição, garra e uma vontade incontestável de vencer! O Vitória de hoje parece ser um Vitória de conformado - "não foi uma época boa, mas ganhámos a Taça de Portugal em 2013" -, resignado e que aceita qualquer coisa que aconteça. A nossa história não é essa. A nossa história diz que somos nós, e mais ninguém, a construir a nossa história. Não deixamos que o façam por nós, nem aceitamos tal coisa. Tal como D. Afonso Henriques, que orgulhosamente ostentamos ao peito, conquistámos aquilo que queremos conquistar e aniquilámos as adversidades, fáceis ou difíceis. Esse é, e acredito que estejam de acordo comigo, o nosso Vitória.

É esse o Vitória que quero sempre e é esse o Vitória que quero em 2022. Um Vitória vencedor, capaz, forte e seguro de si. Até 2022 quero que este monstro adormecido acorde. Continuar no caminho silencioso de hoje não é opção se queremos estar na frente da batalha do futebol português e se queremos ser fortes na Europa. É esse o lugar do Vitória, estar na frente não deve ser um objectivo mas sim a realidade. Chamem-me sonhadora, mas até 2022 quero o Vitória campeão. Sim, campeão. Numa liga comprada e nojenta, como a nossa, é um objectivo difícil e tendo em conta a nossa situação actual poderá parecer, principalmente a quem está de fora, um objectivo impossível mas não é. Deve ser um objectivo real de um clube como o Vitória.

Em 2022 quero o Vitória desperto, vivo, emocionante, apaixonante. Quero ver o estádio cheio, as cadeiras sempre ocupadas por pessoas que gostam tanto do Vitória quanto eu, quero ver o Vitória fazer frente aos que por aí andam intocáveis todos os dias, quero ver o Vitória seguro de si, capaz de surpreender. Quero a nossa unicidade e autenticidade presente, quero que a vejam. Quero ver cada jogador a envergar a branquinha apaixonado e com a mesma vontade que eu tenho de carregar um símbolo tão especial como o nosso para sempre. Quero o inferno branco de volta. Quero que os adversários tremam de medo quando chega o dia de jogar em Guimarães, quero ver-lhes as pernas a tremer e as mãos suadas porque sabem que aqui não é como lá, aqui a paixão sufoca e é avassaladora.

Não basta dizer que queremos este Vitória em 2022, é preciso concretizar através de medidas concretas e reais. Medidas em prol do sucesso. O Vitória tem tudo para ser tudo o Vitória dos nossos sonhos. Só falta serem tomadas as medidas certas e em prol destes objectivos. Quando se está no Vitória, os objectivos não podem ser pequenos pela simples razão de que o Vitória não é pequeno. Não é difícil ver a grandeza do Vitória quando se anda pelas bancadas do estádio, o nosso ou outros, quando se encontra um vitoriano fora de Portugal, quando perguntamos a um vitoriano o que é o Vitória. Quando a nossa grandeza em campo for igual à nossa grandeza na bancada e ao amor dos vitorianos, então vai ser difícil alguém fazer-nos frente. O objectivo é ser o melhor que podemos ser e nenhum objectivo é grande demais quando comparados à dimensão do Vitória!

4 comentários :

  1. Raquel o seu artigo está excelente como sempre. Contudo tenho dois reparos a fazer: Um para a ausência de referência aos títulos nacionais, europeus e mundiais que as Modalidades deram ao . Nomeadamente a taça de Portugal em basquetebol. O outro reparo é outra vez sobre as Modalidades e o que se deseja que elas sejam em 2022. A Raquel não diz nada sobre isso. Que a direcção se esqueça das modalidades não me admira. Infelizmente. Estranhei foi a Raquel não se ter referido a elas. Mas no resto estou de acordo consigo. Como de costume

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    1. Muito obrigada! Tem toda a razão nos reparos que faz. Não foi esquecer-me das modalidades, embora possa parecer, mas foi um lapso não me referir a elas quando o devia claramente ter feito ao invés de me centrar apenas no futebol. As modalidades têm dado muito ao Vitória e tenho a certeza que vão continuar a dar. E também as equipas e os atletas do Vitória podem crescer e muito com os apoios certos (o que infelizmente não tem acontecido). O basquetebol é um exemplo de que com pouco se faz muito! A Taça de Portugal foi um troféu que confirmou isso mesmo e para alguns aparecerem na fotografia. Fui a Fafe ver um jogo (num pavilhão cheio de vitorianos e com "meia dúzia" dos que dizem ser seis milhões) e foi um momento muito bonito para a história do Vitória e inesquecível para todos os adeptos que estavam lá. Estou muito agradecida, e sei que o Luís também, por tudo o que as modalidades já deram ao Vitória. A essa Taça de Portugal podia juntar muitos mais títulos! E tenho a certeza que muitos mais estão por vir.

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  2. No que depender das Modalidades não duvido que mais títulos virão.
    Infelizmente o apoio da direcção do clube tem sido praticamente nulo.
    Quer em termos financeiros quer no simples apoio ás equipas e atletas. Como sabe ao longo da época a direcção do Vitória Sport Clube (que só tem modalidades porque o futebol está na SAD)não pôs os pés no pavilhão para ver um jogo que fosse. Um ostracismo total.
    Claro que se houvesse taças para receber teriam aparecido já o sabemos.
    E daí as minhas dúvidas sobre o que será o futuro das nossas modalidades.

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    1. Não podia concordar mais. Em todos os jogos das modalidades a que fui não vi ninguém da direcção do Vitória lá, e já comentei várias vezes que esse aspecto podia ser melhorado em muito. Seria, provavelmente, mais uma motivação extra para os atletas que certamente se sentiriam mais valorizados se sentissem esse apoio vindo "de cima".
      O futuro das modalidades tem e deve ser preservado. Já faz parte da nossa identidade. Somos o clube mais ecléctico do minho, e isso deve valer alguma coisa. Para além de que já "lançamos" atletas incríveis e que fazem carreiras nacionais e internacionais de sucesso nas respectivas modalidades. Não podemos perder isso!

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