quinta-feira, 2 de junho de 2016

Somos todos Charlie, mas só quando dá jeito

Fomos todos Charlie a 7 de Janeiro do ano passado, na altura do estúpido atentado terrorista que roubou a vida a doze pessoas na sede do jornal satírico Charlie Hebdo. Foram partilhadas milhões de imagens em que se lia Je Suis Charlie em solidariedade com aqueles que perderam a vida porque expressaram a sua opinião de forma humorística. Somos Charlie. Somos Charlie porque enojava-nos o atentado à liberdade de expressão.

Os mesmos que foram Charlie são os mesmos que se revoltaram quando a Joana Vasconcelos disse que levava o iPad e óculos de sol e mais umas quantas coisas na mala se fosse refugiada e são os mesmos que ameaçam o José Cid de morte porque disse que os transmontanos são desdentados e feios e coisas do género numa entrevista que já tem 6 anos e são os mesmos que estenderam as ameaças ao apresentador, Nuno Markl, e até ao filho deste porque se riu de um disparate.

Se concordo com ambas as pessoas que referi? Não, com nenhuma delas. Levava outras coisas na mala se tivesse numa situação tão delicada como a dos refugiados e não tenho essa imagem dos transmontanos. No entanto não me revolto, em nenhum dos casos porque não é importante. Há assuntos mais importantes para ser discutidos. Por exemplo, a crise dos refugiados.

Quem deixa de ser Charlie no momento em que encontra alguém com uma perspectiva diferente, e são muitos, passa a ser um grande hipócrita.

2 comentários :

  1. As pessoas são assim porque sofrem do "síndrome do irmão mais velho", ou seja, "se alguém bater no meu irmão tem que se haver comigo, mas eu posso-lhe bater à vontade".

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    1. São muitos que sofrem desse problema e agrava-se quando só há um ecrã e um teclado pela frente!

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