sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Sétima Arte | Yves Saint Laurent

O filme Yves Saint Laurent, de 2014, é diferente do que eu estava à espera. Esperava ver um filme centrado na parte da sua vida mais ligada à moda, mas o enfoque vai mais para a sua vida, o seu íntimo, a sua loucura e a sua vida amorosa com Pierre Bergé (Guillaume Gallienne).
Conhecemos Yves (Pierre Niney), nascido na Argélia, com apenas 21 anos, quando é nomeado director criativo da Dior, após a morte de Christian Dior. Yves revela-se um jovem tímido, que apenas quer desenhar.
Para além de trabalhar na magnífica casa Dior, uma das mais consagradas do mundo, tem ao seu lado aquele que será sempre o seu parceiro na vida, mas também o seu parceiro no mundo da moda: Pierre.
Quase tudo muda quando Yves é internado numa clínica psiquiátrica como maníaco-depressivo. É despedido da Dior mas Pierre mantém-se ao seu lado e é ele quem ajuda a construir a Maison YSL, assim como a proteger e promover Yves.
Mais tarde, conhecemos outro Yves Saint Laurent, com quebras emocionais, a abusar das drogas e do álcool. Pierre continua ao seu lado e é ele quem o mantém no caminho certo para produzir grandes espectáculos e revolucionar a moda feminina (o espectador tem a oportunidade de ver o momento de inspiração que conduziu Yves a produzir o icónico vestido Mondrian e também a forma arrojada de como foi promovido o smoking feminino).
Yves Saint Laurent foi um génio que lutava contra os demónios, um revolucionário na sua arte e que, tal como Pierre Bergé conta ao espectador, "só ficava feliz duas vezes no ano, na Primavera e no Outono" quando apresentava as suas colecções.
As interpretações de Pierre Niney e Guillaume Gallienne são boas, não deixam nada a desejar. Podemos ainda ver um bocadinho da convivência entre Saint Laurent e o ainda polémico Karl Lagerfeld (Nikolai Kinski), ainda que seja só em termos pessoais, sem tocar na parte profissional e competitiva entre ambos. E o filme é delicioso aos olhos: recheado de classe, luxo, mansões extraordinárias, vestidos sumptuosos, imagens de Yves e Pierre em Marrocos. Não posso deixar de apontar, pelo lado negativo, o facto de às vezes o filme parece saltar muitas coisas; fiquei com a ideia de que haviam algumas cenas soltas, que devia ter ali "qualquer coisa" a ligá-las.
O filme não é incrível e memorável, mas é um filme bonito. Sim, um filme bonito que poderia muito bem chamar-se Je suis Saint Laurent, porque temos a oportunidade de conhecer o génio perturbado de Yves Saint Laurent através de uma carta escrita pelo homem que melhor o conhecia, a sua cara metade, Pierre, que nunca sai do seu lado.






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