Entre ontem e hoje acabei um livro - Putin e o Despertar da Rússia - e li outro do início ao fim - O Monge e o Executivo: Uma História Sobre a Essência da Liderança. Comprei-o por engano mas quando reparei no lapso já era demasiado tarde e como o tópico de liderança me interessa acabei por lhe dar uma oportunidade. É um livro pequeno e com uma linguagem simples e, portanto, acessível a toda a gente e que se lê num ápice. O facto de eu o ter lido num dia não significa que é o melhor livro de sempre, porque não é. Mesmo depois de terminar sinto-me dividida.
As mensagens que contém são, em suma, interessantes e úteis. Hunter consegue, apesar de as ideias não serem revolucionárias nem ideias originais (o próprio admite-o numa introdução à edição de 2012), abordar assuntos pertinentes e que são intemporais.
As mensagens que contém são, em suma, interessantes e úteis. Hunter consegue, apesar de as ideias não serem revolucionárias nem ideias originais (o próprio admite-o numa introdução à edição de 2012), abordar assuntos pertinentes e que são intemporais.
Para o fazer, conta-nos uma história. A história de John Daily, um homem de negócios de sucesso a quem a vida parece correr de feição. Até que se apercebe que pode não ser assim e que pode estar a falhar estrondosamente em todos os papéis de líder na sua vida - como executivo, com movimentos sindicalistas e emergir no seio de trabalhadores descontentes; como marido, a mulher admite que já não se sente feliz; como pai, com o filho rebelde e uma filha parca em palavras e até como treinador voluntário, os pais de dois miúdos pedem inclusive para transferir os filhos para outras equipas porque não se estavam a divertir. A vida que corria tão bem parecia estar a desmoronar-se. A solução que encontrou, depois de visitar um pastor, foi partir para um retiro de uma semana num mosteiro "com monges, cinco serviços religiosos por dia, cânticos, liturgias, comunhão, alojamento comunitário".
O livro divide-se então em sete capítulos, um capítulo por cada dia que John passa no retiro. O dia resume-se a cerimónias religiosas e a aulas com Len Hoffman, um antigo executivo e lenda na área que depois da morte da mulher abandonou tudo e tornou-se num monge. Os capítulos são, essencialmente, essas aulas entre o monge Simeão (o nome atribuído a Hoffman pelos outros monges) e seis alunos, que são dos mais diversos caminhos da vida.
É aí a altura em que começo a "torcer o nariz". Apesar das ideias transmitidas, tudo parece demasiado forçado. Os diálogos parecem forçados e as perguntas feitas pelos alunos parecem ter sido escritas pelo professor porque este tinha todas as respostas na ponta da língua. Os alunos entendem tudo ao mesmo tempo e a única voz contrária é a de Greg, um soldado que não está ali por vontade própria e que é o único que parece não estar de acordo e mesmo assim as perguntas parecem saídas de um guião. Hunter ainda me faz torcer mais o nariz quando introduz o tema religião - que seria inevitável numa história que tem como local uma igreja e quando uma das personagens com mais peso é um monge. Apesar de não ser forçado nesse aspecto, não tenta "vender" nenhuma religião aos alunos e por consequência não nos tenta "vender" nenhuma religião a nós, as ideias que apresenta através das personagens, dos alunos, são coincidentes com alguns paradigmas da igreja com que eu não me identifico como a questão do aborto, mencionado de forma muito breve e leve numa intervenção por uma das alunas durante a aula. Nesse ponto, o meu desagrado prende-se com a diferença de ideias e não com uma "falha" do autor. São apenas pontos de vista diferentes.
É aí a altura em que começo a "torcer o nariz". Apesar das ideias transmitidas, tudo parece demasiado forçado. Os diálogos parecem forçados e as perguntas feitas pelos alunos parecem ter sido escritas pelo professor porque este tinha todas as respostas na ponta da língua. Os alunos entendem tudo ao mesmo tempo e a única voz contrária é a de Greg, um soldado que não está ali por vontade própria e que é o único que parece não estar de acordo e mesmo assim as perguntas parecem saídas de um guião. Hunter ainda me faz torcer mais o nariz quando introduz o tema religião - que seria inevitável numa história que tem como local uma igreja e quando uma das personagens com mais peso é um monge. Apesar de não ser forçado nesse aspecto, não tenta "vender" nenhuma religião aos alunos e por consequência não nos tenta "vender" nenhuma religião a nós, as ideias que apresenta através das personagens, dos alunos, são coincidentes com alguns paradigmas da igreja com que eu não me identifico como a questão do aborto, mencionado de forma muito breve e leve numa intervenção por uma das alunas durante a aula. Nesse ponto, o meu desagrado prende-se com a diferença de ideias e não com uma "falha" do autor. São apenas pontos de vista diferentes.
Resta-me dizer que vale a pena pelas ideias apresentadas, que me parecem pertinentes e úteis mas peca pela forma forçada como são apresentadas. Pessoalmente preferia um livro mais teórico, sem nenhum enredo em que as ideias fossem apresentadas de forma directa e mais simples, sem ser necessário recorrer a uma história fictícia que tem como maior defeito parecer irreal, pouco convincente e intransponível para a vida real, quando se espera que todas as mensagens sobre liderança que nos apresenta o sejam.
Já fiquei com vontade de ler...
ResponderEliminarIsabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
Vale a pena ;)
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