Há dias em que os três pontos são de importância menor. Esses dias são os dias em que perdemos um dos nossos. No sábado perdemos o Diogo, um conquistador. Para além das homenagens e das ovações - antes do início do jogo e ao minuto 31, o número da camisola que envergou na equipa B do Vitória - o triunfo era para ele. Não pelos três pontos, nem pela tabela classificativa mas especialmente para ele, para honrar o nome de um jovem cheio de sonhos e aspirações que, acredito, queria muito vestir de Rei ao peito. Infelizmente a concretização desses triunfos não foi possível, nem no D. Afonso Henriques nem no Seixal apesar dos quatro golos marcados por ambas as equipas - e dedicados, com muita emoção, ao Diogo.
Ao longo da história, as muralhas do nosso estádio têm estado bem protegidas para receber o Estoril. O histórico de confrontos não mente: dos 30 jogos disputados, 22 acabaram com o Vitória a manter os três pontos em Guimarães, enquanto que nos restantes oito contamos com quatro derrotas e, com o empate a uma bola no Domingo, quatro empates. Uma supremacia que não se viu em nenhum momento durante os noventa minutos de jogo, apesar de ter sido o Vitória a estar em vantagem.
O futebol apresentado por ambas as partes deixou muito a desejar. Mais um jogo muito pouco conseguido e, mais uma vez, uma equipa apática e anestesiada sem saber muito bem o que fazer à bola, sem conseguir construir uma jogada em condições e a falhar passes de forma preocupante. Sofremos o golo do empate num lance atrapalhado e que devia - e me parece que podia - ter sido evitado.
Começo a questionar-me, com alguma preocupação, se esta série se vai manter até ao final da época e se vamos chegar aos vergonhosos (não gosto da palavra e nunca me vou envergonhar de ser do Vitória mas parece-me adequada) 14 jogos sem vencer porque a verdade é que os jogos que temos pela frente não são nada fáceis. Este foi o 11º e infelizmente as bancadas já se estão a ressentir. Os números oficiais, retirados do site da liga, dão conta de que estiveram presentes 10061 espectadores. Para o panorama nacional não é um mau número sendo que só um dos jogos reuniu mais adeptos do que o nosso: o de Alvalade. Ainda assim parece-me um número modesto para um domingo à tarde de sol e calor, o ideal para ver futebol. Nas condições normais, e em condições normais o Vitória teria objectivos pelos quais lutar ou, a três jogos do término da época, já os tinha alcançado (e por objectivos não me refiro à manutenção, que foi a única coisa que alcançamos). Dói-me ver este afastamento entre os adeptos e a equipa, que infelizmente não é de hoje mas que tem acontecido ao longo das últimas épocas. Há muitas formas de protestar e a forma que as claques encontraram para o fazer pareceu-me boa: pacífica e com impacto. Não é pelos protestos que os adeptos deixam de ser menos vitorianos ou deixam de se preocupar com o clube, como já li. Os protestos, seja sob que forma for, são uma demonstração de interesse e não o contrário. Ninguém discute porque não se importa. O mesmo se aplica nesta situação. Diz o ditado que quem não se sente não é filho de boa gente. Portanto pode ser que sirva para abrir os olhos a quem tem andado com eles fechados.
A equipa B, que defrontou o Benfica B no Seixal, está bem encaminhada para se manter na segunda liga. Um empate difícil a três bolas e conseguido ao minuto 90 + 5. Os golos foram apontados pelo Raphinha, Areias e Hélder Ferreira. Na tabela classificativa, o Vitória B encontra-se na 15ª posição com 53 pontos. No entanto, as três jornadas que ainda faltam disputar não vão ser fáceis: recebemos o Sp. Covilhã que está na 14ª posição com um ponto a mais do que nós e o Porto, que está bem posicionado para ser campeão intervalados com a deslocação ao Sporting, o 8º classificado. São jogos difíceis mas dos quais é possível obter resultados positivos. Principalmente com o nosso apoio.
Por fim, e servindo-me da tarja colocada pelos White Angels, também pergunto: a que horas joga o Vitória? A que horas é que todos os que estão do Vitória se apercebem da grandeza, mística, bairrismo, amor e paixão deste clube? Continuamos no mesmo caminho, derrota após derrota. Qualquer pessoa que diga que são ciclos que temos de aceitar não conhece o Vitória, muito menos a sua história ou as suas gentes. Não aceito nem me conformo. No dia em que fizer isso entrego o meu cartão de sócia e isso não vai acontecer, nem hoje nem amanhã. Estamos mergulhados numa situação inaceitável. Infelizmente não sei a que horas joga o Vitória mas está na hora de o termos de volta. O nosso Vitória, não o deles.
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