domingo, 28 de fevereiro de 2016

Sétima Arte | Joy & The Big Short & Bridge of Spies

Joy
Joy tenta passar de um filme típico de domingo à tarde, mas sem grande sucesso. Pareceu-me ser demasiado forçado em todos os aspectos.
David O. Russell propõe-se a contar-nos a história de Joy Mangano (Jennifer Lawrence), com uma abordagem que, pessoalmente, não me agrada muito: mais ficção do que factos.
A história desenrola-se demasiado rápido, as relações não são aprofundadas (a relação mais aprofundada acaba por ser a de Joy e do ex-marido, mas de um momento para o outro ele já está com a sua namorada nova, disposta a humilhar Joy) e as personagens têm pouca substância (a mãe de Joy chega a roçar o ridículo: passa o dia na cama a ver a novela e apaixona-se pelo canalizador em cinco segundos).
Jennifer Lawrence, com uma nomeação aos Óscares na categoria de Melhor Actriz, faz o que lhe compete e fá-lo bem e não é à toa que é a menina bonita de Hollywood! Apesar de ser o mais positivo do filme, não sei se tem um desempenho oscar worthy, principalmente se olhar a algumas das outras nomeadas.

The Big Short
Quando pensamos em crise, a primeira palavra que nos vem à cabeça não é comédia. Adam McKay deve pensar assim, e pensa bem. A crise de 2008 afectou imensa gente e pouca gente consegue explicar o que foi e muito menos a conseguiu prever.
The Big Short provavelmente não vai esclarecer totalmente os leigos que nada percebem do assunto e até se pode tornar confuso porque a terminologia não é a mais comum mas até para quem não percebe, nem tem interesse, continua a ser um filme muito interessante, pelo ritmo rápido, o humor e o bom-gosto.
O elenco é de luxo e conta com Brad Pitt, Christian Bale (nomeado como Melhor Actor Secundário), Steve Carrell e Ryan Gosling. Eleger o melhor é uma tarefa difícil porque todos me parecem indispensáveis e estão todos muito bem. Para além da nomeação de Bale, Adam McKay também está nomeado para Melhor Realizador e está, com justiça, nomeado para Melhor Filme.
No final não há como não sentir uma revolta tremenda por vivermos todos num sistema corrompido que não se cura, só se corrompe ainda mais.

Bridge of Spies
A Guerra Fria foi um momento de enorme desconfiança. Acredito que poucos eram os que sabiam em quem podiam confiar plenamente.
James B. Donovan (Tom Hanks) é um advogado de Nova Iorque que tem um caso peculiar em mãos: defender um espião soviético, Rudolf Abel (Mark Rylance). Defender não é a palavra certa. O que os superiores de Donovan querem que este faça é uma defesa a brincar, mas que dê a ideia de que os americanos são sérios e íntegros. Donovan é íntegro, de verdade e não a brincar, e o respeito e posterior amizade que sente por Rudolf fá-lo repensar no que lhe foi pedido.
Bridge of Spies está nomeado para melhor filme e valeu, com justiça, uma nomeação a Mark Rylance, que tem um desempenho excelente, na categoria de melhor actor secundário. Tom Hanks dá-nos mais daquilo a que já nos habituou: a excelência de quem já tem muitos anos nisto. E Spielberg nunca desilude! (Fiquei especialmente fã de duas cenas, em que penso que Spielberg tenta traçar um paralelismo (pelo menos, eu não consegui não o fazer). Em ambas as cenas Donovan está no comboio: a primeira, na actual Alemanha, quando vê um grupo de pessoas a ser mortas a tiro, sem dó nem piedade, por tentar atravessar o muro; a segunda, já em solo americano (e no final do filme), Donovan vê um grupo de crianças a saltar livremente as vedações sem que nada lhes aconteça. Para mim significa que nunca poderemos apagar o passado cruel e deplorável que faz seres humanos construírem muros para separar outros seres humanos, mas que por pior que seja essa história, haverá sempre esperança.).

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