Ainda não há viagens no tempo, mas há filmes (e livros) que, quando são feitos em condições, servem o propósito. Brooklyn fá-lo e transporta-nos até aos anos 50, à vida de Eilis (Saoirse Ronan).
Eilis cresceu numa aldeia irlandesa mas vê-se forçada a partir para a América, na esperança de encontrar as oportunidades que não encontra na Irlanda. O único conhecido que tem na América é o padre que lhe arranjou emprego numa loja em Brooklyn, onde também reside. Em Brooklyn reside também o italiano Tony (Emory Cohen). Conhecem-se num baile irlandês. Tony não é irlandês, mas gosta de "raparigas irlandesas" e gostou de Eilis.
É fácil ficar sensibilizado com a história de Eilis, afinal quase todos (ou todos) conhecemos ou vivemos de perto a dor de ver pessoas próximas e que nos são queridas ir para longe em busca das oportunidades que cá não têm, ou conhecemos a dor de partir. Acho até que é difícil não sentir uma tremenda empatia por Eilis e aqueles grandes olhos azuis!
A maior qualidade do filme é ser despretensioso. É o little black dress dos nomeados ao melhor filme. O less is more. Simples, mas inteligente e eficaz na mensagem que passa e acho que foi por isso que gostei. Por isso e por causa de Saoirse Ronan (nomeada a melhor actriz), sem dúvida nenhuma!
Spotlight
Já conhecia o caso Spotlight antes do filme ter sido lançado, por isso fiquei expectante para ver o filme, e não desiludiu!
Depois de ver o filme consolidei ainda mais uma certeza que já tinha: uma comunicação social completamente independente é fulcral para que casos como os que são retratados em Spotlight sejam denunciados e resolvidos e para que não sejam sempre encobertos (como acredito que continuam a ser). Um filme essencial e que dá que pensar (e muito!) sobre os podres e os poderes da igreja, de que tantos têm conhecimento e sobre os quais ninguém, ou quase ninguém, está disposto a agir.
É um filme excelente e que merece o reconhecimento de ser nomeado a melhor filme pela qualidade, pelo argumento e pela direcção. Excelentes interpretações de todo o elenco valeram a Rachel McAdams a nomeação a melhor actriz secundária e a nomeação a Mark Ruffalo para melhor actor secundário.
Carol
Depois de pousar os nossos olhos em Carol Aird (Cate Blanchett) pela primeira vez, é impossível não ficar hipnotizado pela beleza intemporal e tão clássica que emana de uma mulher tão elegante que está apenas a procurar um presente de natal para a sua filha. Therese Belivet (Rooney Mara) fica tão hipnotizada quanto nós e só desvia o olhar quando uma cliente (Therese é funcionária da loja que vende brinquedos) lhe rouba a atenção.
Adaptado do livro homónimo de Patricia Highsmith, Todd Haynes não descura nada: sentimos que estamos em Nova Iorque, no início dos anos cinquenta e sentimos as dores destas duas mulheres que se apaixonam perdidamente. Carol sabe-o primeiro mas Therese não se apercebe de imediato.
Uma paixão como poucas vezes se tem visto no cinema, com os sentimentos à flor da pele e com duas excelentes actrizes: Cate Blanchett está deslumbrante e icónica e Rooney Mara, apesar de não conseguir ter o carisma de Blanchett, também nos dá uma excelente performance. Estão ambas nomeadas, para o óscar de melhor actriz e melhor actriz secundária, respectivamente.
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