terça-feira, 24 de maio de 2016

Novos dias de conquistas

É muito difícil nesta altura do ano não pensar num dia em particular que nos é muito especial a todos. Eu não consigo, nem quero, evitar. Afinal foi dos dias mais maravilhosos que já vivi - podia dizer que foi o melhor dia da minha vida, e provavelmente foi, mas não gosto de ser radical. Vinte e seis de Maio de dois mil e treze. Vocês já sabiam porque a maioria pensa no mesmo e por mais que possamos discordar das opiniões uns dos outros, nisto julgo todos concordamos: todas as discórdias e discussões são para fazer do Vitória maior e melhor e para que dias como estes sejam frequentes.

Lembro-me deste dia com detalhe. O tempo parecia não passar, a viagem parecia interminável. A viagem não começou só às seis da manhã - hora em que deixei Guimarães para rumar ao Jamor - desse dia. Não, começou muito antes. Não foi uma viagem calma nem tranquila. Nós somos demasiado apaixonados para tal. Conquistámos todos os obstáculos, um por um. Acumulamos forças e sabíamos que era a hora! Tinha de ser a nossa hora! Volvidos três anos não consigo precisar se a viagem parecia interminável ou se estava demasiado ansiosa. Agora já não interessa.

Lembro-me com precisão de ver pessoas totalmente diferentes com lágrimas de emoção no final do jogo. Rapazes de cinco anos e senhoras de setenta. Gerações e gerações separadas por tantas coisas mas unidas ali, num estádio de futebol, pelo Vitória. Não porque precisamos de troféus para estar presentes mas porque é o nosso Vitória e queremos ver bem quem gostamos. Lembro-me do que pensei enquanto via a magnífica Taça ser levantada e nos dias seguintes. É o mesmo que penso até agora: quero viver mais momentos destes.

A Taça faz parte da nossa história, fez-nos crescer ainda mais e aumentou o nosso palmarés. Tudo verdade. Foi um dia extraordinário e que nunca ninguém que o viveu esquecerá. No entanto não quero voltar a viver este dia, por mais carinho que tenha por ele. Quero novos dias de conquistas. Quero este Vitória emocionante, forte, sólido e orgulhoso da camisola que vi no Jamor e que já vi tantas outras vezes mas que, com uma enorme tristeza, não tenho visto. Não peço muito, só peço este Vitória. Quero a garra, a mística e o inferno branco de volta. 

Já me disseram que a conquista da Taça foi um acaso, uma sorte. Não acredito nisso porque não acredito que a sorte marque golos ou vença jogos. Nós vencemos os jogos, não a sorte. Foi uma vitória fruto de muito sacrifício, muito trabalho, dedicação e garra. Quero fazer história outra vez. Quero fazer história mais vezes! Não quero mais ver o Vitória, com o Dom Afonso Henriques e a sua espada ao peito, apático e fraco. Quero lutar. A nossa história fez-se de luta. Não podemos de forma nenhuma negligenciar uma história tão bonita agora. Só quem não ama pode ser incapaz de sentir o que eu sinto.

Vou recordar sempre este dia tão especial mas não vou fingir que chega porque não chega. Não está tudo bem porque ganhamos a Taça de Portugal há três anos. Todas as desculpas já estão gastas e chegou a hora de trabalhar para mais dias assim. Não vou tolerar mais descansar à sombra de uma Taça. O Vitória não é apatia nem sossego. O Vitória é um fenómeno inexplicável da natureza e tem contornos especiais. Não podemos nem vamos deixar que façam dele o que ele não é. Afinal o Vitória é nosso e o Vitória somos nós!

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