quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O que nos une é tremendamente mais forte do que o que nos separa

"O que nos une é mais forte do que aquilo que nos separa" - WA & SDC
Ganhar sabe sempre muito bem. Ganhar ao Porto também. Ganhar depois de uma semana complicada é a cereja no topo do bolo. Foi o caso. A semana foi repleta de "notícias" que tinham como intenção desestabilizar o plantel vitoriano e a estrutura do Vitória no seu todo. A comunicação e os seus jogos de bastidores, que já são uma constante e em que nada beneficiam o futebol ou o jornalismo, têm uma parte importante na preparação da equipa, no estado psicológico da mesma e na relação da equipa com os adeptos.

Quando Sérgio Conceição assumiu o comando da equipa A do Vitória não fiquei propriamente contente. Bem pelo contrário. Quando as primeiras notícias de que seria o escolhido para suceder a Armando Evangelista começaram a circular eu recusei-me a acreditar. Pensava que não era exequível, depois de um "erro de casting", a direcção não podia arriscar outro erro. Era uma contratação demasiado polémica, que dividia opiniões e que podia, caso não resultasse, trazer consequências à SAD.

Pessoalmente, não o queria cá por uma panóplia de razões. Não achava que tinha qualidade suficiente para tirar o Vitória do mau momento em que se encontrava. Não o achava uma pessoa emocionalmente equilibrada, bem pelo contrário, e com postura e classe para representar um emblema com tanto peso e história como carrega o nosso. Mas a razão principal era a minha memória (que diga-se de passagem, até é boa) que não me deixava esquecer dos tristes episódios em que tinha faltado ao respeito ao Vitória e aos adeptos. Para mim, tinha cuspido num prato de onde ia agora comer e eu valorizo demasiado o respeito para isso me agradar. No entanto, as notícias acabaram por confirmar-se.
Quando chegou ao Vitória encontrou uma equipa debilitada não só fisicamente, mas psicologicamente. Uma equipa que tinha sido eliminada da Liga Europa por uma equipa que poucos conheciam e que, com todo o respeito (porque sem dúvida nenhum que o merecem), jogou um futebol pobre. No entanto, o futebol do Vitória foi ainda pior e conseguiram ganhar 1-4 em Guimarães, depois de uma vitória na Áustria por 2-1. Depois começou o campeonato. Esperava-se um melhor desempenho e melhor futebol. No entanto à quinta jornada somávamos apenas uma vitória frente ao Tondela e contávamos com uma derrota frente ao Porto e três empates frente ao Belenenses, ao União da Madeira e ao Vitória de Setúbal. Ou seja, um total de 6 pontos em 15 possíveis. Armando Evangelista saiu quando nunca devia ter "entrado".
Veio Sérgio Conceição. Disse aqui no blogue que a partir do momento em que é treinador do Vitória tem o meu apoio porque, obviamente, quero o melhor para o meu clube. Isso não significa que o acho um treinador magnífico e muito menos elimina o que já tinha dito no passado. Obviamente que não, e como já disse, eu até tenho uma memória boa. Para me conquistar enquanto treinador tinha que se esforçar umas 100 vezes mais (no mínimo) do que outro treinador qualquer e mesmo assim era complicado. Tinha de me conquistar pelo futebol, pelos resultados e pela postura.

Começou mal, com uma série de 4 derrotas. Duas para o campeonato, a primeira em casa frente ao Braga e a segunda em Alvalade com um resultado bastante "pesado". As outras duas derrotas foram fora de portas, uma delas em Vila do Conde frente ao Rio Ave e que resultou na eliminação da Taça da Liga (ou CTT, como preferirem) e depois em casa do Penafiel, que resultou na eliminação da Taça de Portugal. Reformulo o que disse: começou muito mal. A partir daí as coisas foram melhorando, ainda que a passinhos de bebé. Desde a oitava jornada, o Vitória soma 6 vitórias, 3 derrotas e 2 empates. Não é o ideal e o futebol não é, na maioria dos casos, satisfatório, mas tendo em conta o início da época é... aceitável. Eu não sou de "aceitáveis". Enquanto adepta e sócia exijo mais e o melhor. Quero melhores resultados e melhor futebol. Sem dúvida nenhuma!
Neste momento, o Vitória encontra-se no 6º lugar com 26 pontos, a 3 pontos do 5º lugar. O 6º lugar, como vocês sabem, não dá acesso à Liga Europa. Isso para mim não é aceitável. Um clube como o Vitória tem de lutar para mais do que isto. Há uma segunda volta quase completa (e que começou muito bem, com a vitória frente ao Porto) para ser jogada, ou seja, ainda há muitos pontos para serem disputados. Apesar da eliminação da Taça de Portugal e da Liga Europa (a Taça CTT apesar de ser sempre uma competição em que se deve tentar dar o melhor, não é o que considero ser um grande objectivo; o mais aliciante é o prémio monetário porque prestígio e história não tem muito e como já li algures chama-se CTT por algum motivo, provavelmente porque já tem a morada pré-definida) ainda é possível alcançar um lugar "aceitável" (o 6º lugar não é aceitável, é só mau) esta época. Infelizmente já não depende só de nós, mas tenho a certeza absoluta de que se esta equipa se esforçar e lutar até ao fim consegue porque já mostrou que tem garra e qualidade.

Tudo isto para dizer que sim... Sérgio Conceição tem feito um bom trabalho e surpreendeu-me. Também me tem surpreendido pela sua postura mais controlada, menos espalhafatosa e por demonstrar mais respeito pelos adversários (eu acho fundamental uma instituição mostrar respeito pelo adversário, até porque não há adversários fáceis; muitos jogos são perdidos no erro em que alguns caem em não respeitar o outro lado que também trabalha e batalha para alcançar a vitória. Aliás, acho que um dos factores que levou o Vitória a ser eliminado da Liga Europa foi a "arrogância" do então nosso treinador face ao nosso adversário e a desvalorização do trabalho por eles desenvolvido). Isso agrada-me. Eu acredito que, no fundo, a postura dos treinadores acaba por ser um bocado um espelho da postura dos clubes em que se encontram.

Voltando ao assunto inicial deste post, os dias que antecederam este jogo foram marcados por um chorrilho de notícias que davam conta de que Sérgio Conceição ia para o Porto, uns chegaram mesmo a noticiar que a contratação era certa e que Sérgio Conceição já se ia sentar no banco portista no domingo. Os jornais desportivos até já tinham nomes do provável sucessor de Sérgio Conceição! Da sua parte não ouvimos muito e do Vitória tão pouco. Não sei se o objectivo era blindar a equipa ao que se passava no exterior. Talvez tenha sido. No entanto, as opiniões dos adeptos dividiam-se. Acho que já poucos sabiam no que acreditar. Pelo seu historial, eu tinha um pé e meio atrás. Tinha as minhas dúvidas mas também achava que havia uma forte possibilidade de ser mais do mesmo de uma comunicação social podre e nojenta. Queria acreditar que era porque, caso contrário, tínhamos tido no Vitória alguém completamente desprovido de ética e respeito por quem representa e pelo futebol. Isso era inaceitável!

Nada disso se confirmou e Sérgio Conceição sentou-se (que é como quem diz porque o homem tem dificuldades em sentar-se durante os jogos) no nosso banco, continuava nosso treinador. Eu esperava sinceramente que este circo desse motivação à equipa para deixar tudo em campo e para conquistar os três pontos. Era a única coisa boa a tirar de uma situação negativa.

O Vitória conseguiu, com mérito, vencer ao Porto. O único golo (e madrugador) foi de Bouba Saré e, apesar das dificuldades que a equipa tem demonstrado em manter-se em vantagem, conseguiu segurar muito bem o resultado e chegar ao fim com os 3 pontos garantidos. Frente a um Porto a que claramente falta liderança, os "nossos meninos" estiveram bem, o nosso treinador também e como não podia deixar de ser uma massa associativa que disse presente e esteve lá a apoiar durante todo o jogo. O costume!

No final as dúvidas ainda continuavam sobre se Sérgio ia ou não para o Porto. Na flash interview e na conferência de imprensa ouvi um Sérgio Conceição emocionado, orgulhoso do resultado e da equipa e chateado com tudo o que tinha sido escrito durante a semana. No entanto não ouvi uma resposta satisfatória à pergunta que eu também tinha. Ao início achei que não ia, depois de ter dito o que disse não podia ir, isso seria faltar ao respeito a si próprio e à sua palavra. Depois de alguns minutos de reflexão pensei que aquilo era o que ele diria se saísse. Depois pensei que não, não ia, claro que não. Não estava propriamente esclarecida relativamente a esse assunto apesar do que ia vendo e ouvindo nas redes sociais e das declarações do capitão Cafú. Só fiquei totalmente convencida de que não ia quando o Porto anunciou que tinham contratado José Peseiro.

Costumam dizer que sem fumo não há fogo. Não sei se houve alguma chama para gerar tanto fumo. Não sei se houve algum contacto entre o Porto e o Sérgio ou não. Gostava de saber, mas não sei. Nesse caso vou tomar a posição que tomo relativamente a tudo na minha vida: vou acreditar no lado que se afigura como mais credível e me dá mais confiança. Neste momento o Sérgio Conceição apresenta-se mais credível do que a comunicação social. Continuo a dizer que, para mim, ainda tem muito que provar. No entanto acho que vou dar o braço a torcer neste assunto e acreditar quando disse, na antevisão, que "sobre aquilo que tem vindo a público, posso-vos garantir que comigo ninguém falou, tenho contrato com o Vitória, respeito com a direcção, com os adeptos". Vou acreditar nisso e não numa comunicação corrupta e suja, que não tem interesse em apurar o que é verdade nem tem qualquer respeito pelas instituições e pelas pessoas de quem falam.

No dia seguinte confirmou-se mais uma vez aquilo que acabei de dizer. Confirmei que as preferências da comunicação são brutais e não podiam estar mais à vista. Dia após dia é a mesma coisa. Não muda! No dia seguinte percebi que o Vitória não tinha ganho, o Porto é que tinha perdido. As capas são para os mesmos do costume, os destaques são para os mesmos do costume. Porque é que não destacaram a boa prestação do João Miguel Silva ao invés de darem destaque ao deslize do Casillas? Porque o Casillas vende. Não que este circo me deixe triste. Afinal, os 3 pontos são nossos. Deixa-me é com pena porque o futebol merece mais respeito, assim como o jornalismo. Jornalismo não é isto. Jornalismo não é terrorismo.

A vitória é nosso e os 3 pontos também. Isso é o que, no fim do dia, realmente importa. Portanto sim, acho que o que nos une é tremendamente mais forte do que o que nos separa. Ou tenta separar. Não interessa. O que interessa é continuar. Os tristes jogos que a comunicação tenta jogar ficam para trás. Nós continuamos. Preferencialmente unidos e com a certeza de que tudo é passageiro, menos o amor que nos une. Isso não passa. O resto passa tudo. Menos isso. É. O que nos une é mais forte do que o que nos separa.

2 comentários :

  1. Não podia estar mais de acordo.... os meus sinceros parabéns pelo texto porque se passou exactamente o mesmo comigo.. :)
    O mais Importante é e será sempre o Nosso Vitória... Aplaudo de pé o seu magnifico texto.
    PARABÉNS...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sem dúvida que o importante é o crescimento do nosso Vitória. Muito obrigada.

      Eliminar