sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Espírito de poliglota


Um dos meus grandes objectivos é aprender tantas línguas quanto me for possível. Há algumas pelas quais tenho um carinho particular e porque me parecem ser de uma beleza particular, como é o caso do italiano, e há outras que quero aprender pelo desafio e pelo prazer de superação, como o alemão (uma língua que quero mesmo mesmo aprender) ou russo. O motivo principal é o meu gosto pela cultura e acho imprescindível conhecer a cultura de um país ou de um povo sem um conhecimento mínimo da língua que falam. É claro que me motivam também outras razões. Num mundo globalizado, como o nosso, falar várias línguas é uma mais valia sem preço e um grande acrescento a qualquer curriculum.
Sou bilingue, mas tenho um espírito de poliglota que estou a tentar dar uso. Sou fluente na língua portuguesa e inglesa e estou a tentar acrescentar a essa ainda pequenina e tímida lista uma língua para a qual já tenho algumas bases (uns anos de prática no ensino básico) mas que sempre me pareceu difícil: a língua francesa. Considerada por muitos a mais bonita do mundo, acho-a essencialmente terrivelmente difícil. Apesar de algumas parecenças com a língua portuguesa e da forte ligação de ambas as culturas, sempre me pareceu difícil ganhar a pronúncia carregada que é tão característica. Falar francês cansa-me! Ao fim de duas ou três frases quase me apetece arrancar cabelos. Considero que consigo com alguma competência entender alguém a falar francês, no entanto quando começo a falar (será melhor dizer tentar) parece que estou a falar uma língua nova e desconhecida com base nas línguas do Médio Oriente. É catastrófico. No entanto continuo a tentar e agora que estou de férias tento com maior afinco e maior dedicação, dado que tenho mais tempo disponível. Sou uma auto-didacta, portanto estou a tentar aprender por mim. Com recurso a jornais/sites franceses, algumas aplicações (a minha favorita so far é a Frantastique, que envia aulas dinâmicas para o e-mail e para o telemóvel que incluí vídeos com áudio, várias questões sobre o vídeo, vocabulário, tem sempre um separador cultural e o feedback é instantâneo) e com ajuda do YouTube. Acho, no entanto, que a melhor forma de aprender uma língua é praticando. É infalível. Num cenário em que tens de falar uma língua específica, muitas vezes sob pressão, é quase garantido que aprendes a desenvolver essa língua muito melhor e muito mais rápido. É isso que me falta para praticar e melhor ainda mais a língua inglesa (apesar de ser fluente, não é a minha primeira língua e há sempre mais a aprender) e para me desenvolver no francês.
Há, pelo menos, duas palavras para descrever alguém que fala muitas línguas: poliglota e multilingue. Há uns tempos pensei que era a mesma coisa e qualquer uma era bem aplicada num só contexto. No entanto li um artigo que explicou que não é bem assim e, apesar de ainda só ser fluente em duas línguas, tenho um espírito poliglota. Passo a explicar. Poliglota é aquele que aprende várias línguas pelo prazer de o fazer e pelo gosto pelas línguas que fala, enquanto que o multilingue as aprende por imposição ou "obrigação". Admiro pessoas que sabem falar várias línguas, adoro aprender palavras e expressões novas de línguas diferentes por mais insignificantes que sejam, adoro ter um artigo à minha frente de uma língua desconhecida e a sensação de decifrar uma palavra ou uma frase. E na verdade tenho um grande sonho (que está na minha lista mental de todas as coisas que quero fazer antes de morrer) que é ler os meus livros preferidos na língua original para que nada fique perdido na tradução. Já li alguns, mas faltam-me muitos. Por exemplo, já li The Great Gatsby, de Fitzgerald mas ainda não consegui ler Anna Karénina de Leo Tólstoi. 
É um sonho complicado de alcançar. Primeiro porque eu tenho uma data de livros favoritos (e nunca me peçam para eleger só um, é uma pergunta injusta e desumana - e o mesmo se aplica ao cinema) que é uma construção contínua e será sempre uma lista inacabada e segundo porque línguas como o russo são de extrema dificuldade (Anna Karénina, para seguir no mesmo exemplo, é um livro extenso e de alguma dificuldade mesmo em português, quanto mais em russo que não é a minha primeira língua e, por muito que o desenvolva se um dia tomar essa decisão, nunca o será). Apesar de tudo, parece-me um bom objectivo e, mesmo que não o consiga realizar, tenho a certeza que contribuirá em muito para o meu crescimento enquanto cidadã de um mundo multi-cultural e em constante mudança. Considero que aprender novas línguas é, cada vez mais, de grande utilidade.

2 comentários :

  1. Acho fantástico esse gosto por aprender linguas.
    E claro que faz muito bem.
    Já pensou em aprender mandarim?
    Eu sei que é muito difícil mas também sei que quem dominar essa língua e o inglês (como é o seu caso) tem saídas profissionais fabulosas. Tenho um amigo que o faz e está farto de ganhar dinheiro e correr mundo

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    1. O mandarim, apesar da dificuldade, também é uma língua que gostava muito de aprender. O ano passado estive perto de me inscrever numa formação de iniciação à língua na universidade, infelizmente o horário era incompatível com o horário do meu curso. Espero não ter o mesmo azar este ano. Embora línguas como o francês seja possível aprender e desenvolver com recurso à internet e a livros (depois de ter algumas bases do ensino básico), mandarim já é outro caso porque as diferenças são abismais.
      Viajar pelo mundo e ganhar dinheiro é a combinação ideal! =)

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