Sou bilingue, mas tenho um espírito de poliglota que estou a tentar dar uso. Sou fluente na língua portuguesa e inglesa e estou a tentar acrescentar a essa ainda pequenina e tímida lista uma língua para a qual já tenho algumas bases (uns anos de prática no ensino básico) mas que sempre me pareceu difícil: a língua francesa. Considerada por muitos a mais bonita do mundo, acho-a essencialmente terrivelmente difícil. Apesar de algumas parecenças com a língua portuguesa e da forte ligação de ambas as culturas, sempre me pareceu difícil ganhar a pronúncia carregada que é tão característica. Falar francês cansa-me! Ao fim de duas ou três frases quase me apetece arrancar cabelos. Considero que consigo com alguma competência entender alguém a falar francês, no entanto quando começo a falar (será melhor dizer tentar) parece que estou a falar uma língua nova e desconhecida com base nas línguas do Médio Oriente. É catastrófico. No entanto continuo a tentar e agora que estou de férias tento com maior afinco e maior dedicação, dado que tenho mais tempo disponível. Sou uma auto-didacta, portanto estou a tentar aprender por mim. Com recurso a jornais/sites franceses, algumas aplicações (a minha favorita so far é a Frantastique, que envia aulas dinâmicas para o e-mail e para o telemóvel que incluí vídeos com áudio, várias questões sobre o vídeo, vocabulário, tem sempre um separador cultural e o feedback é instantâneo) e com ajuda do YouTube. Acho, no entanto, que a melhor forma de aprender uma língua é praticando. É infalível. Num cenário em que tens de falar uma língua específica, muitas vezes sob pressão, é quase garantido que aprendes a desenvolver essa língua muito melhor e muito mais rápido. É isso que me falta para praticar e melhor ainda mais a língua inglesa (apesar de ser fluente, não é a minha primeira língua e há sempre mais a aprender) e para me desenvolver no francês.
Há, pelo menos, duas palavras para descrever alguém que fala muitas línguas: poliglota e multilingue. Há uns tempos pensei que era a mesma coisa e qualquer uma era bem aplicada num só contexto. No entanto li um artigo que explicou que não é bem assim e, apesar de ainda só ser fluente em duas línguas, tenho um espírito poliglota. Passo a explicar. Poliglota é aquele que aprende várias línguas pelo prazer de o fazer e pelo gosto pelas línguas que fala, enquanto que o multilingue as aprende por imposição ou "obrigação". Admiro pessoas que sabem falar várias línguas, adoro aprender palavras e expressões novas de línguas diferentes por mais insignificantes que sejam, adoro ter um artigo à minha frente de uma língua desconhecida e a sensação de decifrar uma palavra ou uma frase. E na verdade tenho um grande sonho (que está na minha lista mental de todas as coisas que quero fazer antes de morrer) que é ler os meus livros preferidos na língua original para que nada fique perdido na tradução. Já li alguns, mas faltam-me muitos. Por exemplo, já li The Great Gatsby, de Fitzgerald mas ainda não consegui ler Anna Karénina de Leo Tólstoi.
É um sonho complicado de alcançar. Primeiro porque eu tenho uma data de livros favoritos (e nunca me peçam para eleger só um, é uma pergunta injusta e desumana - e o mesmo se aplica ao cinema) que é uma construção contínua e será sempre uma lista inacabada e segundo porque línguas como o russo são de extrema dificuldade (Anna Karénina, para seguir no mesmo exemplo, é um livro extenso e de alguma dificuldade mesmo em português, quanto mais em russo que não é a minha primeira língua e, por muito que o desenvolva se um dia tomar essa decisão, nunca o será). Apesar de tudo, parece-me um bom objectivo e, mesmo que não o consiga realizar, tenho a certeza que contribuirá em muito para o meu crescimento enquanto cidadã de um mundo multi-cultural e em constante mudança. Considero que aprender novas línguas é, cada vez mais, de grande utilidade.
Acho fantástico esse gosto por aprender linguas.
ResponderEliminarE claro que faz muito bem.
Já pensou em aprender mandarim?
Eu sei que é muito difícil mas também sei que quem dominar essa língua e o inglês (como é o seu caso) tem saídas profissionais fabulosas. Tenho um amigo que o faz e está farto de ganhar dinheiro e correr mundo
O mandarim, apesar da dificuldade, também é uma língua que gostava muito de aprender. O ano passado estive perto de me inscrever numa formação de iniciação à língua na universidade, infelizmente o horário era incompatível com o horário do meu curso. Espero não ter o mesmo azar este ano. Embora línguas como o francês seja possível aprender e desenvolver com recurso à internet e a livros (depois de ter algumas bases do ensino básico), mandarim já é outro caso porque as diferenças são abismais.
EliminarViajar pelo mundo e ganhar dinheiro é a combinação ideal! =)