sábado, 12 de julho de 2014

Lost in Translation


"Lost in Translation" é uma expressão que representa aquilo que se perde quando as palavras ou frases são traduzidas para uma diferente língua. Nenhum título se adequaria melhor ao filme de 2003 realizado por Sofia Coppola.
A história do filme gera em torno de duas pessoas (Charlotte e Bob) e dos seus casamentos obsoletos e que não preenche nenhum dos protagonistas emocionalmente. O encontro acontece no bar do hotel onde estão hospedados numa noite em que nenhum consegue dormir na estonteante cidade de Tóquio. Charlotte (Scarlett Johansson) encontra-se a acompanhar o marido, fotógrafo que passa muito tempo fora do hotel e longe dela, o que faz com que se sinta solitária, perdida e sem saber o rumo da sua vida. Bob (Bill Murray) é um actor que se encontra em Tóquio para fazer uma publicidade bastante lucrativa a um whisky e apesar de ser casado à 25 anos, não é preenchido emocionalmente como deseja.
E é a partir deste enredo que o filme foge do romance cliché habitual. Bob e Charlotte partilham segredos, horas intermináveis. Compreendem-se mutuamente e redescobrem-se aos poucos. A história de amor nunca chega a acontecer, apesar de partilharem carinhos ao longo do filme nunca chegam a ter uma relação física, sendo esse impasse mais um motivo para ficar preso ao ecrã.
É um filme com pouca acção mas com um argumento maravilhoso e que levou a que Sofia Coppola recebesse o prémio de Melhor Argumento Original (sendo este o segundo filme da sua carreira).
A fotografia é fantástica e apresenta-nos Tóquio assim como ele é e todo o materialismo que o caracteriza assim como a sensação das duas personagens principais de que não pertencem ali. É um filme que vale a pena rever porque nos consegue transmitir a nostalgia, o vazio e a solidão que os personagens sentem mas também as transformações que sofrem interiormente juntos e que os melhoram. Mais do que um filme bom, é um filme bonito. À medida e imagem de Sofia Coppola.




Sem comentários :

Enviar um comentário