terça-feira, 26 de julho de 2016

Amor e orgulho que transborda

Foto: O Lado V 
A imagem que dá o mote ao que hoje escrevo é, para mim, muito especial. Extremamente bem conseguida e oportuna, sempre a vi como uma representação fiel de toda a mística que há em Guimarães em torno do Vitória e que não é totalmente compreendida por quem está de fora. Não pretendo que quem está de fora compreenda no fim do texto o que, enquanto vimaranense e vitoriana, escrevo. Era um objectivo imbecil ao qual me propor. Quem não sente, não entende. É simples! No entanto há coisas sobre as quais nunca me canso de escrever, de falar e de partilhar porque considero serem realmente dignas de tal. É o caso do Vitória.

A união dos vimaranenses em geral em torno de um símbolo é admirável. Em Guimarães respira-se Vitória. Cresci, com muito orgulho, a ir a um estádio repleto, a participar em cordões humanos que atravessavam a cidade do hotel até ao estádio para apoiar da forma única como só os vitorianos sabem fazer, a ver o Toural cheio para festejar cada conquista - grande ou pequena - mas tinha a certeza que podíamos encher o Toural só porque transbordávamos de amor e orgulho. Cresci a ser parte do Vitória, a aprender os valores inerentes a tal, a apoiar aquilo que é nosso. Somos bairristas e isso faz-nos preservar a identidade que nos é passada pela família, o que é nosso e o Vitória é nosso, representa-nos, é um símbolo importante desta cidade. Como bons vimaranenses, quem é que poderíamos apoiar senão os branquinhos?

A ligação entre o clube e a cidade é indelével e ultrapassa largamente os aspectos palpáveis e óbvios. Guimarães não é, nem nunca foi, apenas a sede do Vitória. A história do clube funde-se com a história da cidade que se funde com a história de Portugal, são intrínsecas. Carregamos, cheios de orgulho, D. Afonso Henriques ao peito. O primeiro Rei da história portuguesa, o Rei destemido que lutou pela independência, o Rei conquistador que alargou os seus horizontes e os horizontes do seu povo. Aqui Nasceu Portugal. Aqui começou a conquista de um país, de uma nação e aqui estamos nós, descendentes do Rei, a querer fazer o mesmo. Conquistar o futebol português (e não só), a partir daqui.

No entanto, e apesar da relação tão especial entre o clube e a cidade, o Vitória não é só de Guimarães. Seria redutor fazer essa afirmação. O Vitória é de todos os sítios onde haja pelo menos um vitoriano. O Vitória é de todos os lugares onde um vitoriano se sente um super-herói quando enverga aquela que considera a camisola mais bonita de todas. O Vitória é de todos os lugares onde um vitoriano saca do cachecol e o levanta bem alto para mostrar o quanto orgulho tem nas cores que defende. O Vitória é de todos os lugares onde um vitoriano desata a contar as mil histórias de que se lembra ao jantar com os amigos que até apoiam clubes rivais, desta ou daquela deslocação, deste ou daquele jogo, e faz toda a gente rir-se à mesa e no minuto a seguir os consegue porque ele próprio já estava com os olhos a brilhar. O Vitória é de todos os lugares onde um vitoriano põe a bandeira às costas e nem quer saber do calor que está, porque o orgulho é muito maior. O Vitória é de todos os lugares onde um vitoriano mostra o símbolo e tira uma fotografia para partilhar porque faz parte da nossa vida. O Vitória é de todos os lugares onde um vitoriano fala do Vitória, se orgulha do Vitória, sente saudades de casa e da família - ou seja, do estádio e de todos os que partilham consigo aquelas bancadas que tantas histórias podem contar. O Vitória será sempre dos vitorianos, estejam onde estiverem.

É por isso que somos tão especiais. Onde o Vitória vai, nós vamos com ele. Onde nós vamos, ele vai connosco. É uma ligação incondicional, construída com muita paixão e dedicação. Somos a força do Vitória e temos a obrigação de passar isso aos nossos, de partilhar o Vitória para não deixar este ADN nem esta mística esmorecer. É demasiado única para tal. Somos o Vitória e o Vitória é nosso. Até morrer e nada nos pode tirar isso!

Sem comentários :

Enviar um comentário