quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Momentum

Já não partilhava aqui um projecto fotográfico à algum tempo. Muito em parte pela minha recente ausência, mas hoje cruzei-me com um projecto que não conhecia e de um fotógrafo que não conhecia mas que me agradou logo de início.
O projecto é da autoria de Alejandro Guijarro, fotógrafo nascido em Madrid no ano de 1973, que depois de se interessar em novas teorias da realidade, passou por instituições académicas de topo desde Oxford, Cambridge e Stanford até universidades na China, passando por Espanha e Suíça, entre outras para fotografar os seus quadros. Sim, simplesmente, fotografar os seus quadros. Unicamente aqueles quadros em que se escreve a giz e que já são raros - e diz Alejandro que a sua grande luta foi encontrar instituições onde esses quadros pretos ainda existiam, ao invés dos novos quadros brancos onde se escreve com um marcador ou quadros interactivos. Confessa que muitos destes quadros encontrou-os nas salas dos professores que ficavam intrigados quando ele lhes pedia permissão para os fotografar - não viam o que tinham feito como arte.
Segundo o fotógrafo madrileno, estes quadros "cheios de equações, números e símbolos" eram "precisos e exactos, no entanto, pareciam pinturas abstractas". Eu tenho a mesma relação com estes quadros cheios de equações, números e símbolos. Acho que é por isso que gostei tanto do projecto. Por isso e por adorar filmes como A Beutiful Mind e Good Will Hunting.













Alejandro fotografou este quadro na Universidade de Cambridge, depois de uma aula a que assistiu e depois de ter sido apagado. Fotografou-o porque sentiu que tinha traços de obras de Cy Twombly ou Jackson Pollock, em quem se inspira. Nas palavras do próprio e que me sinto na obrigação de transcrever porque acho fabulosas: "Apesar de estar em branco, ainda tem traços de coisas que já foram escritas, coisas do passado. De certa forma, não estou só a fotografar um momento. É um bocado como a história da ciência: alguém inventa uma teoria, depois alguém formula uma teoria diferente e apaga o que se formulou anteriormente. E assim continua: as teorias são escritas e apagadas, mas os seus traços permanecem"
Alejandro escolheu este nome para o projecto - Momentum - porque a imagem tem exactamente o tamanho do quadro fotografado para que as pessoas pensem que algo é real, quando na realidade não o é.
Podem encontrar mais informações aqui.

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