terça-feira, 9 de junho de 2015

A visão de uma estudante (não) preguiçosa

Tenho um grave problema com o ensino! Vocês até podem achar que só digo isto porque sou estudante e o que quero é ver-me livre de testes e exames e afins. Não é verdade. Digo-o porque é o que acho verdadeiramente e pretendo explicar-vos porquê para que não fiquem com a opinião de que sou uma estudante preguiçosa (não que seja mentira mas não é relevante para o caso!).
O motivo maior para achar que o ensino está completamente ao contrário é o método de avaliação. Não considero que seja justo a minha aprendizagem ser avaliada num teste de noventa minutos. Conhecem os famosos "auxiliares de memória"? Vamos supor que um estudante consegue utilizar as cábulas de forma contínua e correcta e o outro não gosta, não consegue nem sequer acha justo que o faça. O primeiro estudante está recheado de dezassetes e dezoitos e outro, coitado, tem notas que rondam os catorze. O primeiro estudante tem uma média espectacular e até consegue entrar no curso que queria e na universidade que queria. O segundo não consegue entrar em nenhum curso que queria e perde mais um ano da sua vida a fazer melhorias ou, na pior das hipóteses, tem de começar a trabalhar e desistir do seu sonho de tirar um curso. Dizem-me vocês que há outros parâmetros na avaliação, que o comportamento na sala de aula também conta, a assiduidade e a pontualidade e coisas dessas. Dizem muito bem, há outros parâmetros na avaliação. No entanto, o peso dos testes e dos exames na avaliação final é enorme! Para além de que há pessoas que até percebem e conhecem a matéria só que não têm facilidade em expressar-se. Enquanto discutia este assunto com um professor meu à umas semanas ele chamou-me à atenção de um ponto que eu tenho de salientar aqui porque é importante. Eu não acho que o ensino devia ser completamente redefinido, não defendo que os testes e os exames sejam banidos. Não, nada disso! Eu entendo a importância e a necessidade dos testes na avaliação de um aluno, é a forma mais objectiva de o fazer e é necessário que qualquer aluno tenha bases para prosseguir os estudos. Para ingressar na universidade o aluno tem de ter pilares de conhecimento que são essenciais.
Para além disto, acho que o ensino devia valorizar outras componentes. Há imensas coisas que somos obrigados a saber e que não vão ter absolutamente nenhuma relevância no nosso futuro, pelo menos não numa base diária. E há assuntos que não são abordados e que são e serão sempre muito úteis ao longo da nossa vida. O objectivo primordial do ensino e das escolas em geral é o alcançar de bons resultados para fazer boa figura no ranking. Para além desta componente de ensinar história ou matemática, era importante que as escolas tivessem uma maior preocupação em formar homens e mulheres felizes e saudáveis, que sejam seres criativos e capazes de mudar as coisas. Era importante que fossem abordados outros temas. Era muito importante que não fosse tudo só teoria, houvesse também uma componente prática capaz de proporcionar aos estudantes experiências agradáveis e interessantes que fossem decisivas na escolha do curso superior.
Uma pessoa não se define pelas notas que tem na escola ou pela média que conseguiu obter. Há coisas que são tão ou mais fundamentais do que isso. A solidariedade, a criatividade e a simpatia são também muito importantes e ninguém lhes dá crédito nenhum. Talvez eu tenha todos os traços de personalidade necessários para exercer a profissão de médica mas não entrei em medicina porque tinha média de 17 e precisava de ter média de 18. No entanto, o meu colega entrou em medicina mas nem tem assim muita aptidão para tal nem gosta muito da profissão. Digam-me, quem acham que seria melhor médico?
Com isto não quero dizer que os exames devem ser banidos para sempre da face da terra. Não, não é essa a ideia que quero transmitir. O que pretendo dizer é que há coisas mais importantes do que as notas que obtemos ao longo do nosso percurso académico. Digo-o como estudante e como cidadã. Talvez a minha ideia possa sofrer alterações com o passar dos anos, não posso garantir que não. No entanto, neste momento gostava de ver uma reforma no ensino, uma mudança de mentalidade. Principalmente gostava de ver uma menor formatação dos estudantes. Pretendo voltar a abordar este assunto num outro post daqui a uns dias. Por agora cabe-me estudar porque os exames estão aí à porta!

2 comentários :

  1. Sobre o seu interessante texto farei apenas um comentário.
    É um absurdo a entrada para as faculdades de medicina fazer-se apenas através das médias.
    Porque um jovem com média de 12 pode vir a ser um excepcional médico e um com média de 19 pode ser um fracasso numa profissão em que o preço do erro é muitas vezes a morte.
    Acho que há outros factores que deviam ser ponderados no acesso ao ensino superior e muito em especial à Medicina.
    É incompreensível que para acesso a esse curso não se façam,por exemplo, testes vocacionais.

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  2. Não poderia estar mais de acordo e não só no que a medicina diz respeito, é incompreensível que apenas se tenha acesso a um curso através das médias! Há outras características que são igualmente importantes e são, infelizmente, totalmente desprezadas.

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