sábado, 8 de novembro de 2014

As gentes de Guimaraes


Ontem fiz cerca de 230 km por amor. Fui a Arouca ver o "meu" Vitória jogar. Numa Sexta à noite, às 20:30, com os bilhetes a 13€ e a 15€ e com muito frio à mistura, foram 1000 vitorianos. Se isto não é ser grande, eu não tenho bem a certeza de como se define a grandeza de um clube. Para a comunicação social, já deu para perceber que é pelo dinheiro. Mas já alguém reparou o quão hipócrita isso é? É igual a definir a grandeza de uma pessoa pelo dinheiro e não pelo carácter. É estúpido, e estou a ser simpática. Nós somos o carácter do Vitória e ninguém pode dizer que somos pequenos.
A semana passada um adepto sportinguista foi esfaqueado em Guimarães. O suspeito já foi preso e, espero eu, será julgado severamente pelo que fez. A comunicação social fez disso um estandarte. Colunistas disseram que o Vitória devia ser severamente punido. Outros disseram que nós somos uns arruaceiros e que já é costume acontecer disto em Guimarães.
Vamos por partes! Eu não quero nem vou defender a pessoa responsável pelo esfaqueamento. Não sou adepta de sofá e vou muitas vezes a jogos fora e também não espero ser esfaqueada ou agredida, e exactamente por isso, condeno esta atitude ao máximo. Mas isto não faz das pessoas de Guimarães e dos vitorianos menos do que os outros, não faz de nós arruaceiros e há pessoas que não conseguem fazer essa distinção. Nem o Vitória merece ser punido, simplesmente porque aquilo que aconteceu, aconteceu fora do estádio, à responsabilidade da Polícia de Segurança Pública (quem merece ser punidos são eles, que não cumprem aquilo para que são designados) e ninguém garante que o suspeito seja adepto ou sócio do Vitória. Pode ser, pura e simplesmente, um palerma com vontade de se sentir grande.
Só estou curiosa para ver se agora vão referir com tanto vigor, vontade e determinação a grandeza das "gentes de Guimarães" que vão de longe, no final da semana, depois de muito trabalho ou muitas aulas, com muito cansaço, pagar 13€ ou 15€ por um bilhete (sem contar as despesas de transporte e tudo o que estas viagens envolvem), com muito frio só para acompanhar este amor que é maior do que nós. Tudo correu bem, sem nenhum problema, muita gente foi de carro (eu incluída) e no final tudo correu muito bem.
Sabem o que eu acho? Acho que a comunicação social vai ignorar tudo isso. Ou então vão distorcer a realidade como já o fizeram muitas vezes. Como quando os White Angels colocaram uma tarja no estádio que dizia "Descansa em paz, Rui" (não tenho a certeza absoluta se foram estas as palavras mas foi algo parecido) e a comunicação logo se apressou a dizer que era uma tarja dirigida ao nosso treinador quando na verdade era uma tarja dirigida a um adepto do Vitória. Nem sequer se deram ao trabalho de se informarem sobre quem era o Rui numa pesquisa rápida. O Rui era um menino vitoriano que, pouco tempo antes de morrer, revelou à família o seu desejo de que o seu caixão fosse transportado por membros dos WA. E o último desejo de Rui foi concretizado... pela claque de "arruaceiros" e "jagunços" e "insubordinados" do Vitória. Chamam a isto informação?
Podem dizer aquilo que quiserem. Estamos certos da nossa identidade, daquilo que somos, daquilo que defendemos e daquilo que fazemos. As vossas regras, as regras da comunicação social, as regras por quem os estarolas se guiam, não servem para nós. São demasiado pequenas.
Somos únicos. E só não vê quem não quer ver!

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