Foto: Pedro Cunha |
É praticamente impossível não perceber a ligação entre o Vitória, Guimarães e os vimaranenses. É um vínculo inquebrável. Para quem não sente fica difícil entender. Para quem entende, quem sente, é difícil encontrar as palavras que descrevam esta ligação. Eu gosto muito, muito de palavras. No entanto reconheço que em muitas ocasiões as palavras não são suficientes, não chegam. Há momentos que transcendem as palavras. O Vitória é um traço de identidade de todos os vitorianos. Não é só um clube, só uma instituição, só um entretenimento de fim-de-semana, só lazer. Por isso é que todos os vitorianos fazem tanta questão de cuidar, de nutrir e fazer crescer o Vitória. Não é chauvinista nem arrogante afirmar que ser do Vitória é ser diferente e único.
Os vitorianos já deram inúmeras provas de que é possível transcender o normal, o básico, o ordinário, o constante. O último jogo foi uma oportunidade de dar mais um espectáculo dentro do espectáculo. Protagonizado pelos do costume: os vitorianos, claro. Cerca de quatro mil vitorianos viajaram de Guimarães até Vila do Conde. O mais admirável é que o Vitória não mobiliza só as suas claques, que são fundamentais para organizar e motivar o apoio nas bancadas. O Vitória mobiliza famílias! Assim que cheguei às imediações do estádio vi, para além dos grupos de amigos, crianças com os pais e os avós, em família. E esse é um dos propósitos do futebol: a união e os momentos bonitos que devem ser partilhados com aqueles de quem mais gostamos.
Vou ao futebol há muitos anos. Já fui muitas vezes ao Estádio dos Arcos e conheço a maioria dos estádios dos clubes da primeira liga. Conheci-os sempre a acompanhar o Vitória. A força humana que vi e a unicidade que senti em Vila do Conde ainda me surpreendeu, apesar de todos os momentos maravilhosos e inesquecíveis que já vivi ao lado de muitos daqueles vitorianos. Não porque eu duvidava da nossa força, do nosso poder, do nosso amor. Não, não é isso. Eu sei do que os vitorianos são capazes. Ainda assim fiquei positivamente surpreendida e fiquei feliz. Tantos anos e tantos jogos a acompanhar o Vitória e ainda me emocionei quando os vitorianos levantaram os seus cachecóis e, em ritmo lento, começaram a cantar. As vozes encheram rapidamente o estádio e eu senti que se ouvia em todo o mundo. Olhei para o lado direito e só conseguia ver cachecóis. Do lado esquerdo a visão era a mesma. Olhei para trás e só via vitorianos, as camisolas iguais às minhas, os cachecóis a representar o Rei. O jogo já não tinha interesse. O que interessava era aquele momento, só aquele momento de uma beleza indescritível. Há quem tente negar a nossa grandeza com argumentos disparatados. Para quem esteve lá - na nossa bancada ou na outra - essa grandeza é inegável. Uma demonstração de apoio assim não dá margem para qualquer dúvida. Não estamos quase a ser campeões, não estamos em competições europeias, não temos ganho vários troféus nas últimas épocas. Isso não nos interessa. Somos do Vitória, independentemente do resto.
Dentro das quatro linhas os branquinhos estiveram à altura, com Marega a marcar um hat-trick e a isolar-se como melhor marcador do campeonato. O Vitória encontra-se no quinto lugar na tabela classificativa, a apenas um ponto do quarto lugar e a três pontos do segundo e terceiro classificado. Estamos a fazer o nosso caminho e estamos a cumprir. A continuar assim, com um bom desempenho da equipa e com o 12º jogador em máxima força e sempre presente, podemos fazer uma época muito bonita e começar a recuperar o lugar que nos pertence por direito. Quanto a nós, resta-nos fazer o que sabemos fazer melhor: ir ao estádio e mostrar que o Vitória não caminha sozinho. É mais um desafio que certamente será superado mais facilmente com as bancadas compostas e com o nosso apoio de sempre. O décimo segundo jogador foi, e é sempre, o homem mais importante do jogo. Comecei por perguntar o que torna o futebol numa modalidade tão apaixonante. A minha resposta pode ser condicionada, mas a verdade é que é a única explicação que encontro. O futebol é tão apaixonante por causa dos vitorianos e de adeptos como estes. Adeptos que são incondicionais e apaixonados. Enquanto estivermos presentes, o Vitória será sempre O grande.
Subscrevo por inteiro Raquel. É espantoso como ainda conseguimos surpreender-nos a nós próprios com a força dos vitorianos que tantas vezes fazem o Vitória jogar em casa jogando fora. Em Vila do Conde foi mais um exemplo "apenas".
ResponderEliminarCreio que temos equipa para poder disputar o quarto lugar e até me atrevo a dizer mais: Olhando o campeonato, olhando os chamados "grandes" e o Braga acho que o nosso clube, com mais três ou quatro jogadores podia perfeitamente disputar o acesso à Liga dos campeões e, quem sabe, até mais do que isso. Imagine este plantel reforçado com Paulo Oliveira, Traoré, Cafu e Dourado e imagine onde poderíamos chegar.
Infelizmente não os temos e , tragicamente, até os podíamos ter...
Nomeadamente os dois ultimos só cá não estão porque não quiserem que estivessem!
E por isso há que por cobro aos sonhos e pensarmos que a disputa do quarto lugar é o máximo a que podemos ambicionar.
Isto se em Janeiro não houver o habitual disparate de enfraquecer a equipa em vez de a reforçar.
E com Marega a marcar assim não sei não...
Os vitorianos têm estado em sintonia com a equipa esta época, em casa e fora, e isso acaba por se reflectir no desempenho. Espero que continue assim e que este apoio forte seja para continuar.
EliminarConcordo com a opinião do Luís, temos uma equipa consistente e que, mesmo sem Marega que infelizmente ficou de fora contra o Nacional por culpa própria, mostra que está forte física e animicamente. Temos tudo para assegurar o quarto lugar e ter boas prestações nas outras competições. Isso é o mínimo exigido. Não sei se seremos capazes de fazer melhor, e o Vitória tem alguma tendência de perder o “fôlego” na segunda volta, ou até onde podemos ir mas quero acreditar que é a época da reviravolta e é a época que nos vai levar onde nunca devíamos ter saído: nos quatro primeiros da tabela classificativa. A partir daí devemos lutar, e ter quem lute, pelo melhor possível e isso é, claramente, ganhar finalmente o campeonato e fazer épocas brilhantes.