Foto: Vitória SC |
Douglas chegou ao Vitória no mercado de Inverno da época 2010/2011, com Manuel Machado aos comandos da equipa. Cumpre, assim, a sétima época de Rei ao peito. Não é filho da casa mas já conquistou o seu lugar na história do Vitória e no coração dos vitorianos. Afinal foi um dos jogadores que ajudou a escrever aquela que é talvez a página mais dourada e mais bonita da nossa história. Quando chegou ao Vitória era Nilson o "dono" incontestável da baliza vitoriana. Douglas mostrou que, para além da qualidade, era um homem humilde, paciente e disposto a aprender. Passaram duas épocas (ou uma época e meio, para ser mais precisa) até conquistar o lugar na baliza e nesse período somou apenas um total de sete jogos. Tornou-se na nossa muralha e esta é uma alcunha que não lhe podia assentar melhor. Revelou-se um excelente guarda-redes e um dos melhores a actuar em Portugal. Isso tornou-o na escolha natural e óbvia para a baliza depois de Nilson sair. Nas três épocas seguintes foi sempre a primeira opção e só deixava a baliza, sob a liderança de Rui Vitória, em raras excepções - e normalmente por lesão ou castigo. Na última época foi a primeira opção do primeiro treinador: Armando Evangelista apostou em Douglas, sem nenhuma surpresa. Era o mais natural. No entanto Douglas tinha um concorrente pronto a tomar as rédeas da baliza.
Era o "miúdo" Miguel Silva. Ao contrário de Douglas, que chegou ao Vitória como um guarda-redes experiente e com provas dadas, Miguel chegou ao Vitória com 17 anos, pela mão do ex-treinador de guarda-redes Luís Esteves, para reforçar os juniores em 2013/2014 e nessa época alinhou por 18 jogos nos juniores e ainda foi chamado à baliza da equipa B umá vez. Tenho a certeza de que trabalhou arduamente, mas o salto para a baliza da equipa principal não foi demorado. A qualidade era muita! Foi no final de Outubro do ano transacto, no Estádio do Bessa, que Sérgio Conceição decidiu arriscar e pôr este "miúdo" na baliza (e ainda considero esta decisão como a melhor de Sérgio Conceição no Vitória) O jogo não era fácil - era na casa de um adversário difícil e com uma rivalidade histórica. Era imperativo que estivesse à altura do desafio. E esteve! Os comentários de desconfiança que ouvi no início do jogo nas bancadas (eu estava lá) dissiparam-se e no final ouviam-se elogios ao jovem que tomou bem conta da baliza. Os elogios multiplicaram-se quando os vitorianos chegaram a casa e viram que Miguel Silva não só guardou bem a baliza como acompanhou os adeptos nos cânticos. Naturalmente os vitorianos (e tantos outros rivais) apaixonaram-se por aquele miúdo que era tão nosso e que nos representava tão bem. Era único, tal como o Vitória. Desde aí, e até ao final da época, foi sempre o escolhido de Sérgio Conceição e os adeptos de futebol desdobrabam-se em elogios. Era unânime: este miúdo tem futuro!
Esta época Douglas voltou à baliza e ganhou a titularidade de volta. As opiniões dividiam-se: de um lado estavam os que não entendiam e queriam Miguel Silva e do outro estavam aqueles que achavam uma boa decisão. Eu confiei em Pedro Martins e acreditei que ia tomar a decisão mais benéfica para a equipa. Aliás, acredito que o faz todos os dias. É a sua função! Tinha a minha opinião, claro, mas ela era irrelevante. Era Pedro Martins quem trabalhava todos os dias com estes dois jogadores, não eu. Eu pouco ou nada sabia. Sabia uma coisa: não seríamos mal representados! Ambos os guarda-redes representam bem o nosso símbolo e a competição, se saudável como acredito que seja, só pode ser benéfica: geralmente a competição estimula e motiva os dois jogadores. Quem ganha, para além dos próprios? O Vitória.
No último jogo do Vitória, frente ao Sporting em nossa casa, Douglas cometeu erros. Eu sei, tu que estás a ler sabes e tenho a certeza absoluta de que Douglas o sabe e por isso levantou as mãos e pediu desculpa aos adeptos. Se esses erros justificam as muitas críticas gratuitas e nada construtivas que ouvi? Não, na minha opinião não. Os erros têm de ser apontados e as críticas construtivas fazem parte e são sinal de interesse e apoio também. Não podemos é ser ingratos ou injustos. Naturalmente fiquei desagradada com os golos que sofremos porque podiam perfeitamente ser evitados. Não tomo partido de ninguém - nem do Douglas nem do Miguel - nem apoio uma guerra entre ambos que com certeza não existe no balneário. Não faz sentido. Acho que podemos estar certos de que temos bons e íntegros profissionais que já deram provas da sua qualidade. Não acredito em titulares indiscutíveis e acho que a titularidade nunca pode ser um posto. A Douglas temos de estar sempre agradecidos por nos ter ajudado a levantar aquela taça tão bonita. Miguel Silva já é um excelente guarda-redes e tem muita margem de manobra para melhorar. São os dois nossos pelo que dão e pela mestria e orgulho com que ostentam o nosso símbolo. Não sei se Douglas vai continuar na baliza ou se será Miguel Silva. Como já disse não me alarma e não me preocupa. Temos é de estar conscientes de uma coisa: o Miguel também vai cometer erros. E isso é normal. Esses erros vão ser cruciais e vão torná-lo num guarda-redes ainda melhor. Os erros fazem os profissionais crescerem. O que importa saber é que ambos vão dar o seu melhor pelo Vitória, apesar dos erros. E nós, enquanto instituição, temos de aprender com os nossos erros e depois crescer com eles. Agora o que importa realmente é o próximo jogo, frente ao Santa Iria. Seja com Miguel ou Douglas na baliza deve ser o início de um caminho a culminar no Estádio do Jamor com a conquista da Taça!
P.S.: Excelente iniciativa da Direcção do Vitória em ceder material desportivo a crianças de Timor, a pedido de um adepto que fundou recentemente o Académico Vitória Club. Sou da opinião de que todas as instituições devem ter uma obrigação social. Não tenho dúvida de que estes equipamentos irão fazer muitas crianças felizes e, afinal, essa é a verdadeira finalidade do futebol. Fico muito feliz em ver o meu clube fazer parte de uma sociedade melhor e mais feliz!
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