terça-feira, 20 de setembro de 2016

O bronze que parece ouro

Na semana passada disse que a derrota no Dragão não era preocupante. Realmente não é. Tal como o percurso do Vitória até agora, inclusive o empate em casa com o Belenenses no passado sábado, não me alarma. Ainda só foram discutidas cinco jornadas e estou em crer que a tabela classificativa ainda vai sofrer drásticas mudanças. No entanto temos de estar conscientes de que não é um arranque do campeonato seguro, ou que dê garantias, e que somos nós que ocupamos a 10º posição com 7 pontos e que, se queremos (e temos de querer, obrigatoriamente) subir para o topo da tabela, temos de fazer muito mais do que os outros, temos de correr mais do que os outros e temos de nos exceder em todas as batalhas. No fim da época todos os pontos contam e todos os pontos perdidos nos fazem falta. No fim da época dois pontos que hoje não nos preocupam podem ser a diferença entre o acesso directo à Champions League ou o acesso ao apuramento dessa mesma competição, podem ser a diferença entre o apuramento à Champions League ou o acesso à Liga Europa, podem ser a diferença entre o acesso à Liga Europa e uma época banal (ou uma época má). A linha que separa tudo isso pode ser tão ténue como dois pontos.

O Vitória foi capaz de fazer uns primeiros 45 minutos em que se mostrou claramente superior ao adversário mas, e ainda na primeira parte, não foi capaz de dar seguimento ao trabalho posto em prática para alcançar o golo e deixou ficar-se à sombra do resultado pela margem mínima. Acabou por acontecer o expectável e o golo surgiu, uma vez mais, de um canto. Da perda de dois pontos, em nossa casa, só nos podemos queixar de nós mesmos - da passividade defensiva e da ineficácia na finalização. Acredito plenamente que todos estes erros possam ser corrigidos e que Pedro Martins ainda está a tempo de o fazer para alcançar excelentes resultados - inclusive já no próximo jogo, frente ao Moreirense. Ainda sobre o último jogo, não posso deixar de dar os meus parabéns à equipa do Belenenses por, dos 14 jogadores utilizados, doze deles serem portugueses. Não passa de uma curiosidade (o Vitória utilizou cinco), mas é sempre positivo ver uma aposta no futebolista português.

A equipa B, por sua vez, foi a Olhão aplicar chapa 3 à equipa da casa numa vitória categórica que não dá margem para discussões. Os três golos vitorianos foram apontados por João Correia, Dénis Duarte e Tyler Boyd que saiu do banco para fazer o gostinho ao pé (pela quarta vez, o que faz dele o terceiro melhor marcador da II Liga). O Vitória B soma, à sétima jornada, 10 pontos e encontra-se em igualdade pontual com outras cinco equipas. O próximo jogo é disputado no nosso território já amanhã pelas 16 horas frente ao recentemente despromovido União da Madeira que está apenas com menos um ponto do que nós. A obrigatoriedade tem de ser vencer!

No entanto, e apesar de ser uma apaixonada incurável por futebol como todos aqueles que acompanham aquilo que aqui escrevo sabem, houve uma outra vitória que me deixou realmente feliz e de coração cheio. Uma vitória conquistada para lá do Atlântico em nome de Portugal mas em que o Vitória e Guimarães nunca foram esquecidos, bem pelo contrário. Falo, naturalmente, da medalha de bronze ganha por Manuel Mendes, de 45 anos, na Maratona Paralímpica (categoria T46 - classe de atletismo para amputados dos membros superiores) no Rio de Janeiro. Infelizmente não teve o destaque merecido na comunicação social, não figurou na capa de nenhum jornal nem foi tema de abertura de noticiários. Acredito que muitos portugueses, principalmente os mais distraídos ou menos interessados, ainda não saibam do seu feito. Deixa-me triste mas compreendo que o Manuel Mendes é de facto demasiado grandioso para meios de comunicação tão pobres de valores.

É uma vitória merecida de um atleta lutador e um verdadeiro conquistador. Um bronze que sabe a ouro. Atletas como o Manuel, que têm poucos apoios e pouca atenção nunca desistem e por isso mesmo o meu apreço e admiração são infinitos. É realmente uma vitória inspiradora e que me deixa muito satisfeita. No final da prova não se esqueceu da sua cidade nem do clube que representa e deixou-me ainda mais orgulhosa depois de dizer que "é uma alegria imensa levar uma medalha para Guimarães" e agradecer ao Vitória por todo o apoio. Nenhumas palavras minhas serão agradecimento o suficiente. São atletas com esta garra e força que fazem o Vitória e que são a imagem deste nosso tão nobre e bonito símbolo. É, de facto, uma honra imensa saber que o Manuel Mendes é nosso atleta e que tem tanto orgulho em sê-lo. Obrigada, campeão!

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