quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A minha estante | O Lobo de Wall Street, Madame Bovary e A Desumanização

Tenho uma paixão enorme por livros. Sou uma viciada em leitura, e leio muito (não tanto como gostava, mas ainda assim muito em comparação com as pessoas que me rodeiam). Vou passar a falar-vos aqui de alguns livros que vou lendo, numa espécie de crítica muito pequenina, uma opinião estritamente pessoal. O objectivo é só dar-vos a conhecer, de forma muito superficial, um livro.
Eu considero que a leitura de um livro é muito pessoal, muito nossa. A nossa interpretação de um livro é dependente de uma série de factores: as nossas vivências, o nosso passado, a forma como vemos o mundo. E também varia muito do nosso estado de espírito. Já me aconteceu, e acredito que não sou a única, pegar num livro e não conseguir passar do segundo capítulo e que, passado umas semanas ou meses, voltar a pegar no livro e apaixonar-me pelo mesmo. 
E o meu conselho é que leiam sempre, leiam muito e leiam as coisas mais variadas que podem ler. Leiam hoje sobre história e amanhã leiam um romance. Enriqueçam-se. É isso que os livros fazem. Enriquecem-nos, fazem-nos viajar tão longe e tão alto quanto nos permitimos. Hoje vou falar-vos dos últimos três livros que li: O Lobo de Wall Street, uma autobiografia de Jordan Belfort, Madame Bovary de Gustave Flaubert e A Desumanização de Valter Hugo Mãe. Brevemente espero também falar-vos da biografia de Steve Jobs, escrita por Walter Isaacson, que é o livro que estou a começar a ler.

Nome Original: The Wolf of Wall Street
Nome em Portugal: O Lobo de Wall Street
Autor: Jordan Belfort
Editora: Editorial Presença
Nº de páginas: 520
Provavelmente já todos ouviram falar de Jordan Belfort e conhecem parte da história dele, devido ao filme homónimo da autoria de Martin Scorsese e com Leonardo DiCaprio como protagonista. Ao contrário do que faço geralmente, desta vez vi primeiro o filme (logo que saiu) e li depois o livro. E o filme é um retrato real daquilo que Jordan Belfort nos confidencia. Uma vida de excessos, de muitas mentiras, de muitas drogas, de muito sexo, de muitas loucuras. Enquanto o estive a ler, tenho de admitir que muitas foram as vezes em que me esqueci que era uma história real, tal era a loucura do estilo de vida que Jordan Belfort e os amigos levavam.
Apesar de ser um retrato da vida de Jordan, é também um retrato da sociedade materialista e com uma ambição sem precedentes de Wall Street na década de 90.
É, tal como diz o Publishers Weekly, "uma autobiografia que se lê como um romance". É um livro bem escrito, com algum humor à mistura e com muita loucura e excessos. Apesar de ser de leitura fácil, também nos faz questionar os limites da raça humana, da ganância do Homem e do que ele está disposto a fazer de mais repugnante para conseguir aquilo que quer, sem olhar a meios, quando tinha tudo para triunfar na vida.

Nome original: Madame Bovary
Nome em Portugal: Madame Bovary
Autor: Gustave Flaubert
Editora: Civilização Editora
Nº de páginas: 344
Já à muito que queria ler este livro, mas custou-me começar. Depois de começar, não queria parar. E fui, ao longo do livro, construindo um carinho imenso por Emma e terminei o livro num estado de tristeza grande, por ela.
Emma é uma jovem de uma zona rural que leva uma vida de tédio e que, para fugir a isso, aceita casar-se com Charles Bovary. Mas o seu tédio continua, e Emma vive uma vida tão fútil quanto monótona, o contrário daquilo que sempre sonhara: uma existência arrebatadora. 
No entanto, Emma tem tudo: um marido que a venera incondicionalmente e uma filha, saúde e boas condições de vida. No entanto, vive um tédio eterno e que, apesar de tudo aquilo com que o tenta compensar, não passa e a assombra e destrói, por dentro e por fora e que a leva a trair a sua integridade e que destrói tudo aquilo que tinha construido.
A leitura é apaixonante. A descrição da vida das personagens é minuciosa e combina-se com a sátira social. Recorda-vos alguém? Provavelmente sim: Eça de Queirós. Flaubert foi um dos pioneiros do Realismo, estilo literário em que Eça se introduziu mais tarde.
Na altura do seu lançamento, foi um livro que gerou muita controvérsia em França, fazendo mesmo com que Gustave Flaubert fosse julgado, uma vez que Madame Bovary foi considerado imoral pelo governo francês. Hoje é considerado uma obra-prima. Com mérito!

Nome original: A Desumanização
Autor: Valter Hugo Mãe
Editora: Porto Editora
Nº de páginas: 240
Andava com muita curiosidade para ler Valter Hugo Mãe, mas tinha outras obras em mente. Até que me chegou às mãos A Desumanização e me atirei a ele. Vale a pena referir, logo de início, que considerei a apresentação fabulosa. E tive uma boa surpresa no interior.
Este foi o livro mais diferente que eu já li. Conta a história de Halldora, a quem lhe morre a irmã Sigridur e que, com a morte da irmã gémea, também morre metade de si. A história passa-se na Islândia e é um contraste enorme: tão fria e tão quente ao mesmo tempo.
É um livro tão cruel! Tem tanto de diferente como tem de triste e arrebatador. Este livro deitou-me ao chão. É lindo e poético, uma escrita muito fluída. Não tem frases para ocupar espaço, tem frases carregadas de significado e de beleza. É muito pesado mas tão especial.
Vou, com certeza, voltar a ler porque considero uma obra de arte muito única e sem dúvida que me sinto uma privilegiada por poder ler este livro no seu original: a língua portuguesa. É nosso.

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