Foto: Vitória SC |
O que nos interessa é o Vitória e, na minha ambição talvez desmedida de ver o nosso histórico símbolo de regresso aos grandes palcos do futebol europeu, o terceiro lugar. O lugar no pódio não é impossível, mas começa a parecer uma miragem, tantas foram as oportunidades desperdiçadas de dar o salto ou de, pelo menos, começar a preparar o assalto ao lugar que os adeptos tanto desejam. A deslocação a Paços de Ferreira, na última sexta-feira, não correu como planeado e os três pontos não viajaram com a comitiva vitoriana para Guimarães. Num jogo que não pautou pela qualidade, o Vitória conseguiu entrar melhor e ser superior ao adversário na primeira parte. Na segunda parte, o Paços de Ferreira foi inteligente, soube aproveitar as oportunidades e, com mérito, conseguiu a vitória. Os adversários directos do Vitória também não aproveitaram a vigésima jornada para se aproximarem ou consolidarem o terceiro lugar, com a derrota do Sporting no Dragão e o empate caseiro do Sporting de Braga. O Marítimo, por sua vez, manteve os três pontos na Madeira e aproximou-se do Vitória, sendo que agora se encontra a quatro pontos de distância.
O próximo jogo não vai ser fácil para nenhuma das equipas. O Vitória recebe o Porto, ao início noite do próximo sábado. Se é verdade que, no histórico de confrontos, há uma supremacia arrebatadora do Porto, não é menos verdade que, nos últimos anos, a equipa agora sob a tutela de Nuno Espírito Santo não tem tido tarefa facilitada quando joga no nosso "castelo". Os três últimos confrontos, no nosso estádio, acabaram com dois empates e uma vitória. Em 2013/2014, o Vitória perdia por duas bolas a zero e, com golos de Maazou e Marco Matias, conseguiu igualar o marcador. Na temporada seguinte, o Porto adiantou-se no marcador, mas viu Bernard empatar o jogo. nem dez minutos depois. Na última temporada, com Sérgio Conceição ao leme, Bouba Saré marcou o único tento da partida e o Vitória conquistou os três pontos. A primeira das 162 partidas já disputadas entre as duas equipas foi em Guimarães, no Campo do Bem-Lhe-Vai, a contar para a primeira mão dos oitavos de final da Taça de Portugal. Foi em 1939 e os branquinhos conquistaram a vitória, por 3-2. No próximo sábado, voltar a triunfar é de extrema importância. A margem de manobra é cada vez mais reduzida e todos os pontos são de extrema importância para consolidar uma posição europeia e para lutar pelo último lugar do pódio.
Nas bancadas, a vitória é já um dado adquirido, como é habitual. O décimo segundo jogador continua a ser o melhor em campo, o único que não pode ser vendido no mercado de inverno nem em nenhum outro momento, o único que não tem preço e o único que é absolutamente indissociável do símbolo. Posso falar apenas a título pessoal e em consequência da minha experiência. Nunca saí do estádio arrependida de ter feito a viagem e de ter pago o bilhete. Nunca, em nenhuma circunstância, me arrependi de ter ido apoiar o Vitória a nenhum lado. Nem mesmo depois de sair do estádio com a camisola, que estava por baixo de um casaco impermeável, encharcada de água, como foi o caso da última sexta. Nem ouvi nenhum vitoriano queixar-se enquanto chegavam aos carros, estacionados nas imediações do estádio. Muitos depois de um dia de trabalho, muitos ainda sem jantar e muitos, mesmo muitos, sabendo da chuva e das condições nada favoráveis a que se sujeitavam voluntariamente. A tiritar de frio, muitos eram os adeptos que trocavam de camisolas e casacos abrigados nas malas abertas dos carros. O sentimento era de dever cumprido e não de arrependimento. Se fosse preciso voltar ao estádio para mais um jogo do Vitória, mesmo com o frio severo e a chuva inflexível, a grande maioria voltava lá para dentro sem levantar questões. Para nós, ser do Vitória é suficiente. É precisamente por isso que, depois de uma derrota, voltamos sempre todos ao estádio para levantar os nossos cachecóis, com o coração cheio de orgulho. É, ser do Vitória chega.
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