sábado, 3 de outubro de 2015

Votar ou votar... eis a questão

Ilustração de Justin Metz para a Bloomberg Businessweek (também é capa da Sábado da edição nº 596)
É aquela altura do ano em que o país se divide em dois tipos de pessoas: os que vão às urnas votar e os que não vão. Bem, é uma generalização que me dá jeito fazer a partir de agora. Pela primeira vez este ano vou poder votar. Não vou estar aqui com conversa de intelectual que percebe muitíssimo de política porque isso não corresponde à verdade. A maioria das pessoas dá-me 15 a 0 em assuntos políticos com relativa facilidade. Considero-me uma pessoa informada e vou acompanhando as notícias por isso vou tendo conhecimento daquilo que se passa no país, apesar de às vezes haver assuntos do domínio político que tenho mais dificuldade em acompanhar. Não me orgulho disso, gostava de ser uma pessoa capaz de ter uma conversa de mais de 2 minutos sobre política, gostava inclusive de fazer alguma coisa relacionada com política. Ultimamente, e tendo em conta que este ano vou votar, tenho estado mais interessada mas continuo sem perceber muita coisa.
Se calhar vou ser injusta no que vou dizer, ou então não. Os políticos da actualidade não me inspiram, não me dão confiança, não me dão vontade de os ouvir. Uns mais do que outros, claro. Mas de forma geral não me dão razões suficientes para os ouvir. As campanhas eleitorais são uma anedota em que os políticos fingem que se preocupam verdadeiramente com a população e em que prestável e estrategicamente se deslocam onde lhes dá mais jeito. Depois, o escândalo e a corrupção. A sujeira política dá-me vómitos. Os que não sabem responder àquilo que já devia estar mais do que pensado ainda mais vómitos me dão.
Nunca tive um partido. E não tenho um partido. Ao longo da minha vida as pessoas pelas quais estou rodeada e que defendem um partido não o defendem porque acreditam na sua ideologia ou nos seus líderes, defendem-no porque sempre o fizeram e então é a "tradição". A maioria das pessoas que conheço limita-se a dizer que está sempre tudo na mesma, mas nunca argumentam esse ponto de vista. Nunca fui estimulada para a política, nem em casa nem na escola. Não considero que seja uma desculpa para a ignorância política ou para o alienamento das sociedade. Não acho que seja um problema exclusivo da minha geração, bem pelo contrário, acho que a ignorância política é transversal à sociedade. E acho um erro não se abordar temas ligados à política na escola. Quiçá a ignorância seja benéfica a uns quantos...
Continuando com o tema central deste post: o voto. Acho incrível como há pessoas que vêm o acto de votar como desnecessário ou dispensável. Não é um dever nem uma obrigação, certo. Temos a liberdade para escolher entre votar ou não, certo. No entanto, não consigo deixar de pensar que é totalmente inadmissível não votar. Acho ainda mais inadmissível aqueles que não votam julgarem-se no direito de reclamar de tudo e mais alguma coisa que os políticos fazem. O acto de votar é um direito, um direito que conquistamos e a oportunidade que temos em expressar o nosso contentamento ou a nossa desconfiança, é o momento em que nos podemos expressar de forma a que alguém nos oiça. Votem em branco, votem na Srª de Cor-de-rosa ou em quem quiserem, mas por favor não se esqueçam de votar. É só uma hora que têm de tirar do vosso dia, ou nem tanto. Por isso não se esqueçam da importância do voto neste dia e nesta altura. Querem as coisas diferentes então têm de as mudar e não esperar que alguém faça isso por vocês. Se não votarem... pensem duas vezes antes de falar de política nos próximos anos!

P.S.: Quando fui à Turquia o ano passado estavam também em época de eleições e a verdade é que nota-se o envolvimento dos jovens e da sociedade em geral na política. A verdade é que eu contactei com jovens de um liceu privado, com a maioria dos pais com formação superior e provavelmente com alguns ligados à política. Esse ensino superior da geração transacta também é importante e certamente também os desperta para a política, o que faz com que esta facção de jovens esteja mais estimulado e aberto para discutir política com maior conhecimento e naturalidade. Tenho pena que em Portugal não se olhe para a política com interesse e tenho muita pena de eu perceber tão pouco.

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