sexta-feira, 26 de julho de 2013

"Namora uma rapariga que lê. (...) Ou, melhor ainda, namora uma rapariga que escreve"

"Namora uma rapariga que lê. Namora uma rapariga que gaste o dinheiro dela em livros, em vez de roupas. Ela tem problemas de arrumação porque tem demasiados livros. Namora uma rapariga que tenha uma lista de livros que quer ler, que tenha um cartão da biblioteca desde os doze anos.
Encontra uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por ler dentro da mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um grito imperceptível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente quando ficam amarelas.
Ela é a rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a chávena, vês que a espuma do leite ainda paira por cima, porque ela já está absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de relance, porque a maior parte das raparigas que lêem não gostam de ser interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro.

Oferece-lhe outra chávena de café com leite.

Diz-lhe o que realmente pensas do Murakami. Descobre se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entende que, se ela disser ter percebido o Ulisses de James Joyce, é só para soar inteligente. Pergunta-lhe se gosta da Alice ou se gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar com uma rapariga que lê. Oferece-lhe livros no dia de anos, no Natal e em datas de aniversários. Oferece-lhe palavras como presente, em poemas, em canções. Oferece-lhe Neruda, Pound, Sexton, Cummings. Deixa-a saber que tu percebes que as palavras são amor. Percebe que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade – mas, caramba, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco com o seu livro favorito. Se ela conseguir, a culpa não será tua.
Ela tem de arriscar, de alguma maneira.
Mente-lhe. Se ela compreender a sintaxe, vai perceber a tua necessidade de mentir. Atrás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. Nunca será o fim do mundo.
Desilude-a. Porque uma rapariga que lê compreende que falhar conduz sempre ao clímax. Porque essas raparigas sabem que todas as coisas chegam ao fim. Que podes sempre escrever uma sequela. Que podes começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois.
Porquê assustares-te com tudo o que não és? As raparigas que lêem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Excepto na saga Crepúsculo.
Se encontrares uma rapariga que leia, mantém-na perto de ti. Quando a vires acordada às duas da manhã, a chorar e a apertar um livro contra o peito, faz-lhe uma chávena de chá e abraça-a. Podes perdê-la por um par de horas, mas ela volta para ti. Falará como se as personagens do livro fossem reais, porque são mesmo, durante algum tempo.

Vais declarar-te num balão de ar quente. Ou durante um concerto de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Pelo Skype.
Vais sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das vossas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. Ela vai apresentar os vossos filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos da vossa velhice e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto tu sacodes a neve das tuas botas.
Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê.
Ou, melhor ainda, namora uma rapariga que escreve."

Por Rosemary Urquico.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Quando se recebe notícias destas, se vê estes vídeos arrepiantes como este e se tenta imaginar a dor e o pânico daqueles que se aperceberam do acidente (os que se aperceberam que era o fim das suas vidas quando um segundo antes tudo estava bem) nós também morremos um bocadinho, há um bocadinho do nosso coração que desaparece. Apesar de sabermos que a morte é inevitável é só quando ela nos atinge "de frente" e quase fala connosco que nos apercebemos do valor que ela tem e é também quando nos lembramos que estamos aqui de passagem e que a vida é fugaz, transitória. Dói pensar nisso, que o mundo pode acabar em 10 segundos. Mas para eles acabou, tudo acabou para sempre. E quando me apercebo disso um bocadinho de mim vai com eles.

"A infância não é beleza"

Os concursos de beleza feminina infantis são realizados maioritariamente nos EUA. Hoje por mero acaso fui procurar algumas imagens na internet de miúdas que participam nesses concursos. Estas crianças geralmente têm entre 2 e 10 anos. E isto intrigou-me. Como é possível fazer isto a estas crianças sem que isso seja considerado exploração infantil? Ok, culturas são culturas, gostos são gostos. Só que há sempre limites para tudo.

As crianças que participam nestes concursos não têm ainda maturidade suficiente para decidir o que querem, muito menos para decidirem que querem usar dentes falsos para que sejam perfeitos, para decidirem que querem usar um espartilho para terem um corpo perfeito, não têm maturidade ainda para decidir que querem usar extensões, usar maquilhagem exagerada e roupa não apropriada ou para decidirem que querem pintar os cabelos. Como se isto não fosse já mau o suficiente, muitas destas crianças que, repito, têm entre 2 a 10 anos já fazem cirurgias plásticas, colocam botox. Tornam-se bonecas, plásticas, feias, ridículas.

E depois vêm os argumentos a favor destes concursos de merda: ah ensina-as a ser competitivas e a lutar pelo que querem, aprendem que vai haver sempre alguém melhor que elas, aumenta-lhes a auto-estima, ensina estas crianças a lidar com concursos e competições, ensina-as a seguir regras e ter fair-play. Isto para mim é treta e não tem nexo absolutamente nenhum!

Não consigo entender como é que algum pai ou alguma mãe concorda com isto! Estas crianças vão crescer de que forma? Com que valores quando lhes incutem a beleza como um valor fulcral? Como é que alguém tem prazer em ver a filha de forma tão artificial? Para além de todas as alterações físicas que todas as candidatas sofrem ainda são encorajadas a namoriscar com o júri enquanto estão num palco com roupa e lingerie sexy, pestanas e unhas postiças entre tudo o resto. E o que mais me surpreende mais é que são os próprios pais que as encorajam a ter estes comportamentos inapropriados para a sua idade.

Na minha opinião, estes concursos não ensinam nada sobre a vida a estas (forçadas) candidatas: não faz bem à sua auto-estima porque estão a concorrer para ver quem é a mais bonita, a mais sensual, a mais perfeita e todas as outras que não são consideradas como tal sentem-se mal, rejeitadas. Estes concursos também levam a que as crianças, desde cedo, achem que há apenas um tipo perfeito de mulheres, um corpo perfeito e que quem não for como esse protótipo é feio e desinteressante e isso pode conduzir a que estas tenham uma tendência enorme para se destruir porque não correspondem a ele. Estes concursos ensinam que o único valor que realmente importa é a beleza exterior e elas começam a achar que são melhor do que todas aquelas que não têm a mesma aparência que elas. E hoje já há uma enorme variedade de soluções a estes concursos: muitos desportos que não só lhes incutem excelentes valores como as torna saudáveis.

Todas as crianças que participam nestes concursos não estão a viver o melhor das suas vidas: a infância. Estão a deixá-la passar ao lado por um estúpido ideal de beleza. Não que elas tenham alguma culpa nisso, não têm, grande maioria são forçadas pelos próprios pais que ao invés de lhes dar amor e conforto as obrigam a ser perfeitas, a crescer muito mas muito rápido. Elas não são bonecas, são crianças e não me cabe na cabeça como é que isto continua a ser permitido, como é que alguém que põe botox na filha de oito anos é considerada uma pessoa normal e não doente.

A maioria destas mães age desta forma porque querem viver os seus sonhos através dos seus filhos não se apercebendo que está a abusar destas crianças física e mentalmente. Não têm tempo para ser crianças porque têm de ter aulas de expressão facial, têm de ter tempo para as viagens e os concursos, para ir pôr as pestanas e o cabelo falso. Tudo isso leva-lhes o tempo de brincar com bonecas, de aleijar o joelho enquanto andam de bicicleta, de andar de baloiço, fazer amigos, de sonhar.

Certamente estas crianças são, desde pequeninas, levadas a acreditar que para ser aceite e valorizada têm de ser perfeitas, iguais umas às outras.

A dor física de ter de depilar as sobrancelhas, de pôr extensões, unhas falsas, usar saltos altos durante horas, o botox aliada à dor emocional de não saber como é ser-se própria, única e amada transforma estas crianças em seres infelizes, com um nível elevado de stress, com tendência a entrar em depressão. Porque vai haver um dia em que serão obrigadas a confrontarem-se com a realidade daquilo que são sem tudo aquilo de falso que têm. Deixam de ser crianças para serem bonecas iguais umas às outras.

Elas perdem a sua essência e a sua identidade em nome da perfeição. E isso não pode ser catalogado como outra coisa se não abuso infantil. Perdoem-me se estou a ser dura mas olhem só para estas imagens:







Há uma frase que eu adoro e que acho que se encaixa neste caso: nós podemos culpar a sociedade, mas nós somos a sociedade! São crianças, não são bonecas de plásticos. São vidas, são pessoas e elas nunca saberão ser elas próprias. Estas crianças não vão saber o que é ser amadas sendo elas próprias. E esse é um dos propósitos da vida não é?

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Bones



À coisa de 3/4 anos quando chegava a casa e logo depois de almoçar, sentava-me na cama, ligava a TV na RTP2 e via Bones sempre que o meu horário escolar me permitisse. Depois deixei de ver, ou então deixou de ser transmitida, ou passou a ser transmitida noutro horário. Sinceramente já não sei! Mas foi com imensa pena minha porque sempre fui fã deste género de séries e adorava esta. Hoje quando andava à procura de uma série nova para ver encontrei esta e fiquei a pensar se valia a pena ou não vê-la. Se a vou achar tão boa como achava na altura não sei, mas sei que deu aquela nostalgia e saudade de ver, porque passei muitas horas à frente da televisão por causa dela, isso deu. E acho que vai valer a pena!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Bom filho a casa torna!


Bem-vindo a casa, tivemos saudades tuas!
Único! Há jogadores por quem criamos um carinho especial por diversas situações. O Moreno é um desses jogadores. Daqueles que ficam no coração mesmo que já não vista a camisola do Rei, é daqueles jogadores que dá mesmo gosto vê-lo com esta camisola, a quem uma pessoa não torce o nariz porque sabemos que até ao fim, depois de sangue, lágrimas e suor, ele vai honrar a camisola. O Moreno é um desses jogadores que é aplaudido de forma merecida quando está a envergar a camisola do adversário. O Moreno é desses jogadores no qual tenho um orgulho e uma fé inabalável, no qual acredito cegamente.
Durante muitos anos vimos este Homem jogar no Vitória, a esperar pela sua vez e a não contestar quando as situações obrigavam a isso. Um jogador que esperou humildemente pela sua vez de jogar. Aliás, uma palavra que bem o caracteriza: Humildade. É uma palavra que lhe fica tão bem!
O Moreno é e vai sempre ser um dos nossos. É insubstituível, vai sempre ser "o nosso" Moreno!
E eu não podia ficar mais feliz com esta notícia do regresso de mais um verdadeiro conquistador porque sei que ele sente tanto como eu o Vitória, ama tanto quanto eu o Vitória e faz tanto sentido para ele quanto para mim aquela frase tão nossa... "Aconteça o que acontecer, sou do Vitória até morrer".
Obrigada conquistador, és um estandarte do Vitória, é bom ter-te de volta!