Quando esta época iniciou poucos eram aqueles que punham as mãos no fogo por esta jovem e inexperiente equipa. Muitos arriscavam até com a descida de divisão e que íamos andar sempre "lá por baixo" a lutar para a manutenção na primeira liga. Eu fui das que acreditei. Sempre disse que esta equipa ia surpreender. E surpreendeu, pela positiva!
Acabamos a época em 9º lugar e estamos na final da Taça de Portugal, a 2ª competição com mais prestígio em Portugal. Não temos motivos para estarmos descontentes com o trabalho desenvolvido pela equipa e pela equipa técnica. A equipa B, por sua vez e apesar de ter descido de divisão, cumpriu com o seu objectivo e foi uma peça fundamental para esta bonita época.
Eu aposto nesta equipa, mais do que nunca. E aposto também nos adeptos. É certo, temos muito contra nós. Temos mais contra nós do que a favor. Mas isso não me intimida. E estou certa de que não intimidará também esta equipa. E é obrigatório entrar assim no Estádio Nacional! Porque por muito que tenhamos contra nós, temos também muito a favor: o nosso amor, a nossa garra, a nossa vontade e querer e a nossa mística são caso único em Portugal.
E é isso que temos de mostrar, temos de estar lá todos, temos de lá estar os noventa minutos e os mais que forem precisos sem baixar a voz ou a guarda. Temos de estar lá, incondicionalmente, mesmo que tudo esteja a correr da pior forma. Porque somos do Vitória, aconteça o que acontecer.
Eu acredito, de entre muitos, eu acredito! E a minha voz será mais uma, mais uma voz no meio de tantas outras a querer e a incentivar o mesmo, a implorar o mesmo. Estar na final já é bom, mas não é tudo e nós merecemos, mais do que todos, ganhar, já merecemos levantar a Taça, depois de todo o nosso esforço já está na altura de rirmos mais do que o que choramos.
À algum tempo li algures o seguinte: "Sofrer é o segundo verbo que mais conjugamos, o primeiro é amar" e continuo a achar que hoje esta frase só fazia sentido quando aplicada a nós, os vitorianos. Todos os jogos sofremos, só nós, vitorianos, sabemos o que é aquele sofrimento dos penaltis na Taça de Portugal mais de uma vez, a incerteza do resultado. Sabemos o que é estarmos no estádio do Rei (ou em qualquer outro por esse país fora) a sofrer noventa minutos, muitas vezes depois de uma viagem longa, cansados, mas lá estamos nós, incansáveis e invencíveis porque o amor fala sempre mais alto. Mas também só nós sabemos a felicidade que este clube nos oferece, porque há sempre os dois lados da moeda. E neste caso, o lado bom supera o lado mau. E é por isso que este amor continua a mover toda uma cidade, que se desloca a todo o lado, que está sempre disponível, que se sacrifica, que dá o que tem e o que não tem em prol do Vitória.
Nós somos únicos, e eu orgulho-me disso e todos os dias orgulho-me de ser do Vitória. Continuo a lembrar-me do primeiro jogo que fui ver ao vivo e que entrei no D. Afonso Henriques, era pequenina ainda e o jogo não me interessava para nada, aqueles 22 homens a correr atrás de uma bola para mim não tinham grande significado, eram só isso: 22 homens a correr atrás de uma bola. Os conhecimentos futebolísticos eram igual a zero. Fui por influência da família, porque também estava a aprender a ser do Vitória. Pensando bem isto é quase como uma arte, só que muito mais bonito, natural e profundo. E ainda bem que me levaram, foi a partir daí que comecei a cultivar este amor pelo Vitória que de tão grande que é quase não me cabe no peito. Embora o que estava a acontecer no relvado não me cativasse nem um bocadinho na altura, as bancadas fascinaram-me de uma forma tal que desconfio que estive 95% do tempo a olhar para a festa que se fazia (talvez por isso me faça agora tanta espécie ver as bancadas mais despidas, a primeira impressão é sempre forte). Lembro-me do estádio estar cheio, lembro-me dos rostos felizes por ali estarem e também do nervosismo que se sentia e do calor humano que se vivia naquele estádio. Mas muitas mais coisas se podem sentir também e que continuam a sentir-se hoje sempre entre as pessoas de Guimarães: o amor. Onde quer que estejamos o amor é quase palpável, o brilho no olhos quando se fala do Vitória é real.
E mais do que nunca eu acredito! Mas aconteça o que acontecer dia 26 de Maio, venha eu triste ou feliz sei que há um orgulho e uma gratidão inabalável em todos vocês! São colossais, tragam a Taça, é de todos nós, todos nós a merecemos!
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