quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O verbo amar

Já devia ter escrito isto antes, porque dizem que quando passa o dia, passa a romaria. Se não é assim, é parecido. Mas também dizem que é melhor tarde do que nunca. Portanto ainda é altura de me pronunciar.
No sábado passado fui ao Estádio do Bessa apoiar o meu amor do coração naquela que foi a deslocação mais cansativa de sempre (e eu já tenho algumas na conta). O futebol não foi o melhor, e ao intervalo o cenário estava mau. Não podíamos sofrer outra derrota, porque neste momento os pontos são mais do que meros pontos que nos dão uma classificação na tabela. Nem os tantos vitorianos que lá estavam presentes mereciam (mais) uma derrota.
Jogar com o Boavista é sempre especial por toda a tradição e história que os clubes carregam. Este jogo não foi excepção e apesar do pobre futebol e fruto das campanhas menos "ricas" que os clubes estão a fazer as emoções estiveram sempre à flor da pele. Pelo menos as minhas, eu que não consigo sentir o Vitória com menos intensidade quando as coisas correm menos bem. Sou assim, somos assim.
Por sermos assim e pelas nossas características tão únicas, acredito que somos a única massa associativa do país capaz de fazer uma deslocação destas. Por uma deslocação destas entenda-se: uma viagem de comboio Guimarães - Campanhã (que saiu de Guimarães por volta das 14 horas), depois uma viagem no metro (em estilo sardinhas enlatadas) até à Avenida da Boavista. Para chegar da Avenida da Boavista até ao estádio percorrer cerca de 3km a pé (segundo o Google Maps) que pareceram 10km porque parámos de 3 em 3 minutos (acreditem que não estou a exagerar). Mas tenho de admitir que apesar de ser muito chato estar sempre a parar soube muitíssimo bem gritar pelo Vitória no meio da cidade do Porto e ver pessoas sair dos cafés, lojas e casas (e também da Casa da Música) para nos ver passar e filmar, soube muito bem ao longo do caminho e das janelas (inclusive perto do estádio do Boavista) gritarem pelo Vitória e desejarem "Força" e "Boa sorte" - acredito que não sejam vitorianos, mas acredito que gostem de nós, aliás, perante tamanha manifestação de amor é impossível não gostar e soube bem ver todos os turistas que passeavam naqueles autocarros turísticos festejar connosco e a aplaudir-nos e a filmar-nos (devem ter ido para os países deles a pensar que nós tínhamos ganho a Champions League cá da zona). Tudo isto para chegar ao Estádio e apoiar ininterruptamente e de forma soberba (como só nós conseguimos fazer) durante mais de 90 minutos. Depois fazer a viagem de regresso a Guimarães, claro. Mais uns bons 3 ou 4 km para apanhar o metro e regressar à estação da Campanhã para apanhar o comboio das 21 horas para fazer a viagem de regresso a pé (para a maioria dos adeptos, eu incluída) onde a palavra mais ouvida era "jantar" para chegar ao Berço por volta das 22h40m. (De realçar que esta deslocação ocorreu sem nenhum incidente, tomem nota "grandes")
Sim, definitivamente somos os únicos capaz de o fazer. Fizemos e voltaríamos a fazer apesar de no final as nossas pernas já nem nos quererem responder tamanho é o cansaço (e o frio). Fazemos porque acreditamos no Vitória e porque sabemos que o Vitória é nosso. É nosso e há-de ser. Porque ninguém consegue tomar melhor conta dele. Afinal, devemos cuidar de quem amamos e como uma vez li em algum lado o segundo verbo que mais conjugamos é sofrer. O primeiro é, sem dúvida, amar!
O vídeo que não consigo anexar (e que não é meu) está aqui.

Sem comentários :

Enviar um comentário